Dicas para alugar casa em Madri.
“Amor, tá confirmado, vamos pra Madri! E temos dois dias na semana que vem pra visitar apartamentos”, disse o marido quando ainda estávamos em Lisboa.
Tivemos a sorte de ter a assessoria da empresa dele, uma pessoa que faria os contatos com as agências e proprietários e nos acompanharia nas visitas. Tranquilo, pensei. Ela reuniu as nossas preferências, como valor limite por mês, localização, quantos quartos, banheiros etc. Só que tínhamos um detalhe importante e que poderia complicar um pouco: um cachorro.
Desembarquei em Madri e já tínhamos o dia cheio de visitas marcadas, todas selecionadas pela funcionária designada pela empresa. Ela até disse que eu poderia fazer uma busca nos sites “para ter uma noção”, mas que não adiantaria muito porque as opções somem tão rápido quanto aparecem, então confiamos 100% nela. Mesmo assim, fiz buscas no Idealista e quando filtrava a opção admite mascotes, as alternativas diminuíam consideravelmente.
Ali começou minha preocupação. Segundo a funcionária que nos acompanhava, muita gente esquece de colocar esse detalhe nos anúncios, então é sempre melhor falar sobre isso diretamente com o anunciante. Visitamos umas 5 casas naquele dia, sendo que duas, só na reconfirmação da visita por telefone, já disseram que cães não eram permitidos, então já eliminamos algumas opções.
A maioria das visitas feitas até a tarde foram com agências ou imobiliárias, que pediam, no
mínimo:
- permissão de residência;
- contrato de trabalho (com prazo indefinido);
- as 3 últimas nôminas (holerite);
- mínimo de 1 ano de contrato e o depósito da fiança no valor de 3 aluguéis, no momento da assinatura do contrato (um deles era a comissão da agência e os outros dois, do proprietário).
Como buscávamos algo mais central e perto do metrô, como esperado, os valores cobrados
eram muito altos e os apartamentos, muito pequenos. Todos reformados, até bem arrumadinhos, localizações boas, mas minúsculos. Precisávamos de espaço, afinal, temos um Golden Retriever.
Já um pouco desanimados, a funcionária nos informou que a última visita do dia seria
diretamente com o proprietário, o que deveria ser muito bom, pois assim não haveria a
cobrança da comissão da agência. Ela falou de nós pra ele, que fez questão de nos conhecer pessoalmente. Já começamos bem a conversa quando disse que era brasileira e ele confessou que é apaixonado pelo Brasil e até falava um pouco de português, o que me deixou mais tranquila, pois as conversas, até o momento, estavam sendo intercedidas por nossa acompanhante, o que deixava a negociação um pouco mais impessoal.
Quando entramos no apartamento, foi amor à primeira vista e não conseguimos esconder isso. Não era enorme, mas muito maior que os que tínhamos visto anteriormente, dois quartos, janelas enormes, um parque ao lado e outro na frente, metrô, banco, supermercados e restaurantes muito próximos e dentro do valor que podíamos pagar. Fechou, é esse! Então falamos do cachorro e lá veio um questionário sobre raça, tamanho e comportamento do bicho e, logo após, a frase, “Não gosto de cachorros”. Falamos tudo, então nos pediu cópias de todos os nossos documentos para analisar, pois disse já ter recebido proposta de outro casal interessado, mas como tínhamos marcado, ele quis honrar o compromisso.
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Ainda um pouco desconfiado, nos perguntou várias vezes se o cão não faria dano algum no apartamento, ali eu já desanimei e pensei: se ele já tem proposta de outras pessoas sem animais, por que nos escolheria?
Saímos de lá apaixonados pelo piso, porém, bem abatidos, pois no final do dia seguinte eu já voltaria a Lisboa e teria que deixar a missão nas mãos do marido. Algumas horas depois, recebemos a ligação do proprietário informando que nos escolheu. Nossa, que alegria! Mas aí veio o porém: aumentou o valor da fiança porque o outro casal ofereceu mais, mas ele preferia a gente. Aham, sei.
Mínimo de 1 ano e meio de contrato e mais um mês de fiança adiantado como garantia por causa do cachorro. Ou seja, foram 4 aluguéis adiantados. Doeu o coração, mas realmente gostamos muito do apartamento e resolvemos aceitar, após mil recomendações em relação ao cão: “Cuidado com o sofá!”, frase que ainda ecoa na minha cabeça.
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Como falei, tivemos muita sorte em ter uma ajuda nos contatos e nas negociações, mas se
você não tiver esse auxílio, te dou algumas dicas para alugar casa em Madri:
Busca
Sites como Idealista, Fotocasa, Milanúncios ajudam muito!
Localização
Sempre pensamos que morar no centro de Madri é melhor porque tem tudo.
Tem mesmo, inclusive muita gente, apartamentos pequenos e aluguéis altíssimos. Hoje, após conversar com pessoas que moram aqui, soubemos que morar fora de Madri é muito mais barato e tem tudo também. Transporte público funciona bem (trem e ônibus) e tem mais qualidade de vida, por serem cidades mais tranquilas. Mas tudo depende da sua rotina e do que procura.
Contato
Assim que vir algum anúncio, entre em contato por telefone. E-mail e mensagem
podem demorar um certo tempo para serem respondidos e a maioria dos anúncios não dura nem uma semana nos sites, devido à alta procura. E se tiver um animal de estimação, informe no primeiro contato. Assim você perde menos tempo e tem mais opções.
Exigências
Se você não tiver a permissão de residência, um contrato de trabalho e um bom
dinheiro pra adiantar, pode ser muito complicado. Não digo impossível, mas levará um tempo.
Detalhes
Sempre visite o apartamento antes de qualquer assinatura ou pagamento. Infelizmente, ainda existem muitos golpes. Pergunte se há calefação, ar-condicionado, janelas
com vidros duplos, isolamento. Esses pormenores terão muito valor em dias de muito frio ou de muito calor; questione também sobre os gastos fixos e variáveis, como água, gás,
eletricidade, internet etc, pois podem ser uma grande surpresa quando chegar a fatura.
Outra questão é se você pode receber visitas, pois tem proprietário que não gosta e vai ter sempre alguém querendo te visitar. Ah, e não demonstre paixão pelo lugar, pois isso pode ser usado contra você no aumento do valor da fiança. Experiência própria.
Espero ter ajudado!
2 Comments
Ótimo texto, muito informativo.
Obrigada, Camila! 🙂