O universo das startups em Valência – Espanha
No meu último artigo, pincelei sobre o trabalho autônomo na Espanha. Seguindo o tema laboral, vamos tratar aqui sobre as startups e a sua expansão por Valência, cidade espanhola onde resido.
Não é novidade que as startups estão tomando o mercado e por aqui não é diferente. Mas afinal o que é uma startup?
São empresas emergentes que tem uma forte relação laboral com a tecnologia. São negócios com ideias inovadoras que se destacam no mercado, apoiada por novas tecnologias.
Uma startup é uma organização humana com grande capacidade de mudança, que desenvolve produtos ou serviços, de grande inovação, altamente desejados ou solicitados pelo mercado, onde seu desenho e comercialização estão orientados completamente ao cliente.
Esta estrutura costuma operar com custos mínimos mas contem lucros que crescem exponencialmente, mantem uma comunicação continua e aberta com os clientes e se orienta da massificação das vendas.
Cada startup está respaldada em uma ideia que busca simplificar processos e trabalhos complicados, com o objetivo de que o mercado tenha uma experiência de uso simplificada e fácil.
O universo valenciano
A cidade de Valência, capital da Comunidade Valenciana, uma das regiões autônomas espanholas, vem atraindo não só empreendedores jovens e munidos de ideias, como também investidores.
Tanto que atualmente está no ranking europeu das melhores cidades para empreendedores, com ênfase no empreendedorismo digital.
Uma das justificativas é a Universidade Politécnica de Valência, especializada em ciência e tecnologia e que atrai talentos de diferentes cidades e países.
Ademais, Valência está entre as 15 cidades europeias com melhor estilo de vida, bom tempo, gastronomia e proximidade do mar, fatores que a tornam uma das melhores cidades para, além de empreender, viver.
Aliado a pandemia e confinamentos intermitentes que promoveram os trabalhos remotos (home office), permitindo assim que profissionais da tecnologia pudessem “fazer” o seu próprio escritório, estando conectados apenas virtualmente aos clientes e colegas. Além disso, Valência conta com dezenas de comunidades de conhecimentos tecnológicos e espaços de coworking.
Coworking é um espaço onde várias empresas e freelancers compartilham o mesmo ambiente de trabalho e ideias, dividindo entre si as despesas gerais e os locais de área comum.
Os protagonistas
De acordo com a Fundação Bankinter, uma das impulsionadoras do empreendedorismo na Espanha, Valência arrecadou em 2020 quase 180 milhões e se consolida como um dos grandes ecossistemas empreendedores. Atualmente 862 startups estão cadastradas na região valenciana.
Para a criação e manutenção de uma startup é necessário outros protagonistas – as aceleradoras e incubadoras (modelos de apoio de novos negócios). Na comunidade valenciana existem 26, entre elas a Lanzadera, que só em sua última edição, abriga uma centena de projetos.
Possuir uma comunidade de investidores capaz de apoiar e promover planos inovadores é um elo básico da cadeia para a instalação das startups, e em Valência há ao redor de 30 investidores, fundos e “business angels” especializados, bem como 14 iniciativas de corporate ventures de empresas que se comprometem a investir na inovação, tanto com a criação de startups a partir de empreendimentos próprios, como participando como empreendedores externos.
“Business angel”: pessoa ou empresa que contribui com seu dinheiro, experiência e contatos às novas empresas/empreendedores com a finalidade de obter uma participação acionária e/ou um lucro futuro.
O ecossistema empreendedor valenciano reflete algumas tendências claras. Empresas dedicadas ao desenvolvimento de software se destacam, embora também haja uma forte presença de tecnologia ligada à saúde e bem-estar, seguida pelo comércio eletrônico.
Casos de sucesso
Do lado das startups, encontramos a Flywire, a primeira tecnológica espanhola a sair na Bolsa de Valores americana Nasdaq. A startup de ferramenta de pagamentos digitais criada em Valência em 2009, é hoje uma potente empresa fintech (empresas que desenvolvem produtos financeiros totalmente digitais), presente em 240 países.
Outra startup de sucesso é Jeff, empresa que digitalizou franquias de lavanderias e saltou para outros setores, com investimento de 17,5 milhões. Uma empresa nascida em 2015, também em Valência, conta com presença em muitos países e há 3 anos adquiriu a maior cadeia de lavanderias brasileiras – Lava e Leva. A sede aqui na capital, conta com empregados de 20 nacionalidades distintas, incluindo muitos brasileiros.
Do lado dos investimentos, destaco a GoHub Ventures, um dos maiores players por operações no ano passado, que busca startups com soluções inovadoras para água, indústria e smart cities, para gerar um negócio conjunto.
O universo das startups em Valência – Espanha
Os moradores e mesmo turistas espanhóis, com certeza, já pisaram em um Mercadona, a famosa rede de supermercados do país. Além da cadeia alimentícia, o seu presidente – um valenciano-, criou em 2013 a Angels Capital com o objetivo de investir em pequenas empresas de base tecnológica.
Trago também a história da Demium Startups, uma incubadora que é responsável por criar startups do zero, quando não há ideia ou equipe humana. Para isso, identificam ideias de negócios com base em modelos de sucesso em outros países e tendências de mercado e as disponibilizam a empreendedores motivados e talentosos que desejam desenvolvê-las, seguindo sua própria metodologia ágil baseada em ‘Startup Enxuta’.
Este assunto, para mais de atual, já faz parte da minha história diária aqui em Valência. Meu companheiro, além de colaborador, foi empreendedor e coach em startups locais. Posso afirmar que é um negócio gigante, promissor e bastante dinâmico, mas claro, requer conhecimento, arregaçar de mangas, coragem e dedicação, sem contar uma boa lábia para buscar e convencer os investidores.
Se você tem em mente um produto inovador ou uma nova maneira de oferecer um serviço, um espirito empreendedor e uma sede de mudança, talvez Valência seja a sua ousadia.
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