Dicas para se manter saudável em Nova Orleans
Como se manter fit na terra dos comilões? Eu me faço a mesma pergunta com frequência, normalmente com um cookie de chocolate na mão. Não é fácil, vou começar por aí. Mas não é impossível. Na minha infância, a dieta lá em casa era cheia de regrinhas. Minha avó e minha mãe eram diabéticas e meu pai tem pressão alta. O que não faltava eram verduras e frutas. Quase nada vinha de latas e meus irmãos e eu podíamos escolher somente um doce por semana.
Quando me mudei para os EUA, eu comecei a comer misto quente feito com imitação de queijo (isso existe!) e a beber litros de leite integral com achocolatado de café da manhã, almoço e janta. O suco de laranja também não era suco de verdade e sim uma mistureba de muito açúcar com sabores artificiais e colorante. De sobremesa, eu comia sorvete. O pacote de biscoito, que era no mínimo duas vezes maior do que os pacotinhos de Negresco no Brasil, durava poucos dias em minhas mãos. O McDonald’s ficava a uma quadra do meu apartamento e o hambúrguer custava menos de 1 dólar. Não demorou muito para eu deixar de entrar nas minhas calças jeans. Engordei 8 kg nos primeiros meses sem a comidinha caseira da minha mãe.
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Graças ao bom Senhor, aquilo foi só uma fase. Porém, ao me mudar para Nova Orleans encontrei outros obstáculos. Minha tolerância para comidas bem temperadas era baixa. A primeira descoberta que fiz sobre a culinária local é que ela é picante. O famoso molho Tabasco, por exemplo, é produzido em Avery Island, que fica a 200 km de NOLA. A única vantagem dos pratos apimentados é que os temperos ajudam a acelerar o metabolismo e a queimar mais calorias. O que não trabalha a favor de ninguém é a quantidade de manteiga, fritura, bebidas alcoólicas consumidas em excesso e o sedentarismo na cidade.
Nova Orleans não tem fama de ser um lugar saudável. Muito pelo contrário, a cidade é líder em transplantes de fígado. Em todos os estudos conduzidos pela United Health Foundation nos últimos 28 anos, o estado da Louisiana ficou entre os três menos saudáveis do país devido ao alto índice de obesidade da população, a falta de atividade física e a mortalidade infantil.
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A minha estratégia para combater as estatísticas é a seguinte:
Manter o corpo em movimento
- Vá a pé. Nova Orleans é uma walkable city. A American Heart Association recomenda 10.000 passos por dia.
- Alugue uma Blue Bike e pedale. Tanto o City Park em Mid City quanto o Audobon Park em Uptown têm pistas de bicicleta. Há também rotas que atravessam a cidade e circulam os diques.
- Pratique esportes. Quadras públicas de tênis, futebol e basquete estão espalhadas pela cidade. Coconut Beach, em Kenner, é um complexo gigante na beira do Lago Pontchartrain com 17 quadras de vôlei de praia. Tem liga todas as noites da semana e sempre tem algum time procurando por jogadores.
- Para quem gosta de malhar, também tem muitas opções de studios de Yoga e Pilates, academias com aulas de spinning, zumba, crossfit, indoor surfing e modalidades para todos os gostos com preços acessíveis e aulas comunitárias.
- O projeto Youth Run NOLA é uma opção bacana para quem gosta de correr e de engajamento social. A organização sem fins lucrativos incentiva jovens de 10 a 18 anos na região metropolitana a levar uma vida saudável e positiva através de um programa intensivo de corrida guiado por professores-treinadores e corredores voluntários.
Escolher restaurantes com alimentos saudáveis
- Satsuma – Eu me apaixonei por esse café por uma razão bem simples: eles servem suco de laranja feito na hora. Até na Florida, o estado das laranjas, é difícil de encontrar um copo de suco que não sai de uma embalagem. O café no Bywater, bairro onde músicos, artistas e afins vivem, tem uma decoração divertida e um menu de pratos feitos com produtos de fazendas locais. A localização Uptown é mais arrumadinha e frequentada por alunos das universidades Tulane e Loyola e senhoras refinadas do bairro mais rico da cidade. O menu é o mesmo e cheio de saladas, sanduíches deliciosos, sucos naturais e limonadas de vários sabores. A de melancia é uma boa pedida no verão. Eles também são muito criativos com a elaboração do prato especial do dia.
- Seed – Fica no Lower Garden District, serve uma versão natureba de comfort food. O menu é recheado de pratos orgânicos, vegetarianos e veganos tão gostosos quanto a comida dos restaurantes carnívoros.
- Daily Beet – Fica no Warehouse District em uma quadra que foi revitalizada nos últimos 5 anos. O dono cresceu em Nova Iorque e os seus pais tinham um restaurante vegetariano. O menu oferece opções saborosas com grãos, sementes, abacate e saladas diversas. Os smoothies são feitos na hora e os sucos diariamente. O meu favorito é o Roots de beterraba, que além de delicioso ajuda na circulação.
- 1000 Figs – É atualmente o meu lugar favorito. Fica em uma rua adjacente à belíssima Esplanade Avenue. Não aceita reserva e dependendo do horário a espera por uma mesa pode ser longa, mas vale a pena. Os alimentos são fresquinhos. Eu nunca comi couve de Bruxelas e verduras grelhadas com tanta satisfação.
Cozinhar em casa
Mesmo com várias opções saudáveis na cidade, a melhor maneira de monitorar o que eu como é preparando as minhas próprias refeições. E para isso tive que aprender a cozinhar na marra. Nos meus primeiros anos de América, eu só comprava no Wal-Mart porque era o que podíamos pagar. Era uma tristeza porque as frutas e verduras não tinham sabor. Hoje podemos contar com Whole Foods, Trader Joe’s e feirinhas de hortas locais.
Grow Dat Youth Farm, por exemplo, é uma horta orgânica construída em um antigo campo de golfe no City Park. Jantares comunitários com pratos preparados por chefs renomados da cidade usando os produtos plantados e cultivados por jovens e líderes comunitários são oferecidos durante a primavera e o inverno. De novembro a junho, é possível se inscrever no Farm Share para receber produtos colhidos semanalmente.
Para quem não é de ferro como eu, fique de olho no próximo texto. Eu preparei uma lista pé na jaca de restaurantes imperdíveis de Nova Orleans, onde se pode comer sem culpa.