Coisas que aprendi no trabalho em Santiago.
Em quase sete anos morando no Chile, já dei uma boa rodada trabalhando aqui e acolá. Diferente de muitos compatriotas que vêm para cá com uma proposta de trabalho acertada, vim por conta própria, sem nada em vista, na cara e na coragem, como a gente diz. Esse ano, voltei ao mercado de trabalho com contrato assinado e uma certa estabilidade. Agora, vou dividir algumas dicas de coisas que aprendi trabalhando em Santiago.
Como chegar no trabalho?
Quem mora em Santiago ou vem a passeio, sabe que o metrô da cidade funciona super bem. Tão bem que acabou tornando-se o meio de transporte mais usado na capital chilena. Resultado: colapsou. Na hora do pique (entrada e saída do trabalho), é uma verdadeira epopeia pegar o metrô.
Com o tempo, você aprende os melhores horários na sua estação. Às vezes, uma pequena diferença de minutos te salva de viajar por várias estações espremido que nem uma sardinha enlatada.
Sempre procuro evitar entrar no vagão lotado, mas tem dias em que é inevitável por causa da necessidade de chegar no horário. Umas das dicas é usar os primeiros e os últimos carros do metrô que têm maior capacidade e estão, geralmente, mais vazios.
Os ônibus também são uma boa alternativa para não andar apertado, mas o problema é o congestionamento. Você fica muito tempo parado no trânsito dependendo da hora do dia. Por conta disso, é cada vez mais comum as pessoas usarem a bicicleta como meio de transporte para ir ao trabalho.
Santiago tem ciclovias sinalizadas e a cultura da bicicleta como meio de transporte – e não apenas como alternativa de lazer – é cada vez mais presente. Você pode constatar isso na quantidade de estacionamentos para bicicletas disponíveis e de serviços de aluguel, ideal para quem não tem a sua própria bici e quer usá-la como transporte.
Também é fácil encontrar lojas que vendem os artigos indispensáveis para quem usa a bicicleta todos os dias, faça chuva, ou sol, no inverno e no verão: capacete, luvas, bandanas, sapatos especiais, etc.
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Como ser prático com a roupa e a comida?
Outro hábito que me chamou a atenção por aqui são as mulheres que andam de tênis para ir ao trabalho. Elas usam uma roupa social com um tênis bem confortável para bater perna a caminho do escritório. O sapato social é levado numa bolsa a tiracolo, ou fica no local de trabalho mesmo durante a semana para facilitar as coisas.
Mas não é apenas o sapato que viaja pra lá e pra cá com em dias de semana. É muito comum ver os trabalhadores levando uma bolsa térmica com o almoço. Isso mesmo. Aqui, em Santiago, a comida é caríssima! Comer na rua é luxo.
Para você ter uma ideia, uma refeição muito barata sai perto de $ 3.000 (só o prato principal, de fundo como eles dizem aqui). Qualquer extra, como salada, sopa ou sobremesa, aumenta o valor do menu. Em reais, isso equivale a pagar R$ 16,00 por um prato de comida.
Os valores variam, geralmente, entre $ 5.000 (quase R$ 30,00), no mínimo, até $ 10.000 (cerca de R$ 50,00). Impossível para um trabalhador encarar esses valores diariamente. Para vocês terem uma ideia, as boas empresas (como a que eu trabalho) quando te dão um auxilio alimentação (o famoso ticket) é no máximo de $ 1.500.
Qual é a solução? Trazer a marmita de casa, com comidinha caseira e gostosa, para economizar. Sabendo disso, muitas empresas investem pra valer em espaços para que os funcionários possam almoçar no trabalho. A agência onde eu trabalho tem uma cozinha maravilhosa, super equipada, com mesinhas e toda descolada. Tem até uma cafeteira profissional instalada especialmente para os funcionários.
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Qual é a grande paixão dos chilenos?
O hábito de fazer as refeições dentro da empresa começa desde cedo. Quase ninguém toma café da manhã em casa. O tal desayuno, aqui em Santiago, é com o tradicional chá e um pãozinho (quase sempre com palta – o avocado – e presunto).
É no desayuno que os chilenos podem degustar com toda a calma do mundo uma de suas grandes paixões: o pão. Não sei se você já ouviu falar, mas o Chile é o segundo país que mais consome pão no mundo por habitante! São consumidos cerca de 90 quilos por pessoa anualmente.
A variedade de pães que você encontra aqui é incrível. Na mesa do chileno tem pelo menos três tipos de pão que você encontra fácil em qualquer lugar: marraqueta (a minha favorita), hallulla e pan amasado.
Nunca fui o tipo de pessoa que sai de casa sem tomar um cafezinho. Fico de mal humor e, portanto, sempre como algo antes de sair de casa. Mesmo que ainda esteja escuro lá fora e pareça mais noite do que dia, tomo meu café da manhã.
Quando chego no trabalho, tomo um cafezinho apenas para fazer social e conversar com os meus colegas. Mas sou exceção porque a maioria, realmente, toma o desayuno ao chegar no trabalho. É nessa hora também que eles deixam na geladeira o pote com a comida que trouxeram para o almoço.
Tudo muito prático e lógico, bem ao estilo de Santiago. Uma cidade linda, que a gente se apaixona quando vem visitar e quase te enlouquece quando você vem para morar. Aos poucos, você se acostuma e conhece cada vez mais os hábitos que te ajudam a viver (e sobreviver) nessa pequena grande capital chilena.
Espero que vocês tenham gostado desse texto e se tiverem mais impressões sobre os hábitos de quem trabalha aqui, por favor, deixem nos comentários. É sempre bom saber o que outras pessoas pensam sobre o mesmo assunto.
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O auxílio alimentação no valor de $ 1.500 é diário ou mensal?