Não é segredo para ninguém que a bicicleta é uma das maiores atrações da Holanda, o lugar com mais bicicletas do mundo e o mais seguro para se pedalar também.
Dirigidas por homens de terno, crianças, jovens, idosos, pais ou mães carregando duas ou três crianças, é impossível não reparar na grande quantidade que passa diariamente pelas ruas, bem como nas inúmeras bicicletas estacionadas nas calçadas, nos canais e nos estacionamentos gigantescos que estão sempre lotados.
As últimas pesquisas dizem que há cerca de 18 milhões de bicicletas no país (mais do que o número de pessoas que moram aqui, por volta de 16 milhões).
Aqui elas são prioridade no trânsito. Além de ótimas ciclovias que cobrem boa parte do país (quase 35 mil km) e dos semáforos exclusivos para elas, elas têm a preferência, acima principalmente dos carros, mas dos pedestres também.
Em função de sua popularidade, a bicicleta é a única coisa por aqui com a qual as pessoas se preocupam que seja roubada, uma vez que isso é bastante comum. Investir em correntes, travas e cadeados é tão importante quanto na própria bicicleta.
História das bicicletas na Holanda
Nem sempre as bicicletas tiveram tanto espaço. Antes da Segunda Guerra Mundial havia poucas ciclovias, que não eram consideradas nem muito boas e nem seguras. Na hora de reconstruir o país, após o fim da guerra, resolveram abrir mais caminhos para os carros. Várias praças e moradias foram destruídas para que as ruas abrissem mais espaço para esses meios de transporte.
Em 1971, 3300 vidas foram perdidas em acidentes no trânsito, sendo que mais de 400 eram de menores de 14 anos. Isso levou o povo às ruas para protestar, pedindo por ruas mais seguras.
Em 1973 o Primeiro Ministro, em função do descontentamento do povo e da crise do petróleo, fez um pronunciamento dizendo que eles deveriam ser menos dependentes do combustível, mas sem diminuir a qualidade de vida. Com isso, surgiram políticas para encorajar o ciclismo, como os domingos sem carro e a proibição desses automóveis nos centros das cidades (prática que permanece nos dias de hoje).
Em 1975, as bicicletas foram conquistando seu espaço e começaram a construção das ciclovias. A partir disso, a “cultura da bicicleta” só aumentou, até se tornar o que é hoje, e tudo indica que só continuará aumentando.
Atualmente, o mais interessante de observar é que diferente do que conhecemos no Brasil, as bicicletas não são parte apenas de passeios no parque, trilhas ou forma de exercício físico: elas são parte do dia a dia. Independentemente do clima e da temperatura – chuva e frio não são um empecilho para os holandeses – elas são usadas para ir ao trabalho, à escola, ao supermercado, ao cinema ou a qualquer outro tipo de compromisso. Carregando pacotes, grandes instrumentos musicais, amigos ou crianças, a bicicleta chega a qualquer destino.
Aqui, a bicicleta é o meio de transporte preferido, um estilo de vida e motivo de orgulho para o país.
Comprando a bicicleta
Assim que chegamos por aqui, a pergunta: “Já comprou sua bicicleta?” virou bem recorrente. E junto com ela, inúmeras dicas de onde e qual comprar. Depois que o inverno acabou (nós ainda não temos a resistência dos holandeses), começamos a busca pelas nossas bicicletas. Nossa primeira dúvida foi quanto a comprar uma nova ou uma usada.
Para quem vai morar em Amsterdã, as pessoas sempre sugerem a compra de uma usada. De preferência bem velhinha e feia para que ninguém queira roubá-la. Eles são um pouco traumatizados com isso, por isso é melhor não arriscar.
Você pode encontrar bicicletas usadas a partir de 50 euros na feira na Waterlooplein ou no site Marktplaats. As bicicletas novas variam muito de preço. Você pode encontrar das mais simples às mais sofisticadas, de todas as cores e tamanhos em diversas lojas. Como não moro em Amsterdã acabei optando por uma nova com um bom preço que encontrei na Decathlon Arena.
Agora que já a coloquei no estacionamento enorme que tem aqui perto e já usei a bicicleta não só para passear, mas também para ir ao supermercado, já me sinto mais incluída na cultura holandesa!
Um pouco mais do estilo de vida holandês, no vídeo abaixo
6 Comments
Eu fiquei boba de ver o número de ciclistas em Amsterdã, principalmente ao ver aquele monte de bike uma em cima da outra nos estacionamentos, sabe? Agora, fiquei também bem impressionada quando fui à Copenhagen, já que lá eles também pedalam muito e não trancam a bike – muitas delas só ficam encostadas nos muros e ninguém rouba! Aqui em Dublin eu uso dois cadeados na minha bicicleta porque ocorrem muitos roubos…
Eu ainda fico boba de ver a quantidade de bicicletas por aqui! E cadeados são essenciais…
Pingback: Bicicletas, um estilo de vida | Helena Eher
Pingback: Holanda – As Feiras
Pingback: Holanda – As feiras holandesas
Pingback: Dinamarca – Transporte público e o sistema de zonas