Melhor Educação do Mundo? Será que ainda podemos considerar o modelo educacional finlandês o melhor do mundo depois que a Finlândia despencou 25% no PISA no ano passado? O PISA é um indicador que mede a qualidade de ensino, atualmente em quarenta países. Teste que o Brasil infelizmente ficou em
penúltimo lugar e a Finlândia tem ocupado o primeiro lugar por quatro anos consecutivos.
Para a surpresa geral da nação, no último teste os números indicaram uma queda drástica. Mesmo assim, a Finlândia ainda se encontra acima dos outros países escandinavos, segundo os dados da pesquisa, e seu modelo educacional ainda é considerado referência.
A notícia causou as mais variadas reações, alguns finlandeses ficaram completamente sem chão e preocupados. Primeiro a Nokia e agora isto!! A ministra da educação Krista Kiuru foi chamada a dar explicações e com cara triste apareceu nos principais noticiários do país. Mas existe aquela parcela mais crítica dos educadores que achou positivo o impacto da notícia, já que para eles o chamado “segredo finlandês” estava sendo exaltado exageradamente pelo mundo todo. Sabe como é: quando a gente elogia demais…
Tanto é assim, que a primeira notícia deste ano de 2014 sobre a educação é um projeto que visa eliminar o ensino da letra cursiva nas escolas a partir de 2016. Assunto muito polêmico que tem causado discussões, mas que demonstra que o tombo fez a Finlândia parar para reavaliar seus métodos.
De qualquer forma, a Finlândia, apesar dos pesares, ainda não perdeu o título de uma das melhores educações do mundo e está passando apenas por uma turbulência. Normal, a sociedade muda, os estudantes já não são os mesmos e não se consegue manter o mesmo interesse na vida escolar em uma sociedade que “gira”continuamente se a escola é uma instituição “parada”.
Mas ainda existe um “algo” que muitos países necessitam inspirar-se, entre eles o nosso! Muitas foram as especulações sobre qual o segredo, muitos foram os países que visitaram a Finlândia e entraram nas salas de aula para tentarem descobrir o que leva o país a ter tanto sucesso no seu modelo educacional.
A Finlândia por sua vez, resolveu levar a bandeira azul e branco para ser conhecida ao redor do mundo e está participando de projetos de exportação do modelo para vários países, inclusive o Brasil.
A comissão fez mais de uma visita ao Brasil no ano passado e muitos seminários e encontros aconteceram, principalmente em São Paulo. Segunda a diretora do MEC finlandês, o segredo está na qualidade dos profissionais e não exatamente em modelos pedagógicos extravagantes ou revolucionários. Na verdade, posso dizer por experiência própria que na maioria das vezes o modelo pedagógico é muito mais ligado ao ensino tradicional e velhas técnicas como ditados, leituras enfadonhas e contas de cabeça.
Eu diria que o segredo não está na sala de aula, mas na sociedade que a criou. Na Finlândia a educação é gratuita desde a pré escola até o ensino superior. Existem apenas 2% de escolas particulares e mesmo assim são subsidiadas por fundos públicos e para os estudantes é completamente gratuita.
As escolas funcionam apenas um período e a jornada dos alunos finlandeses é de 4 a 7 horas, dependendo da série em que se encontram. O dia escolar inicia-se lá pelas 8:15 – 9:00h e os alunos recebem almoço gratuito. Além disto, a escola tem atendimento médico, através de uma enfermeira escolar, dentista, atendimento psicológico e suporte pedagógico em caso de problemas de aprendizagem.
A sociedade valoriza o trabalho do professor como um especialista e este tem total liberdade de planejamento das aulas e escolha dos métodos pedagógicos. O material usado e o currículo são livres. Isto graças a descentralização que ocorreu na década de 90, onde os municípios e escolas ganharam autonomia.
Os Finlandeses não acreditam em controle, pelo contrário: a confiança e apoio é que são na verdade o segredo. Afinal, o controle não motiva o professor a dar o melhor de si. Em contrapartida, dos professores é exigido uma boa qualificação e esta é uma das profissões mais procuradas na Finlândia. Em média um professor ganha um salário de 3000€, que é considerado um salário médio no país. A remuneração não é considerada alta, mas os candidatos são muito bem selecionados, para conquistar uma vaga é preciso ter mestrado e ter passado por treinamentos.
O professor já sai da universidade com uma linha de especialização que, na maioria das vezes para os profissionais de educação, pode variar entre música, esportes ou linhas psicopedagógicas.
O país pode ter caído no PISA, mas alguns dados ainda impressionam como a menor disparidade entre as escolas. Você pode visitar uma escola num bairro mais simples, bairros de desempregados e imigrantes, por exemplo, e num bairro “melhor”, com casas particulares e famílias mais abastadas, e você encontrará a mesma qualidade em relação as escolas. Todas as crianças têm a mesma oportunidade em relação a educação. O filho do ministro pode estar sentado ao lado do filho do motorista de ônibus.
Este caráter ético de igualdade permeia todos os países nórdicos e na minha opinião, isto faz uma grande diferença no pensar e agir de uma sociedade. Quando a famosa frase “todos somos iguais” é realmente levada ao pé da letra, qualquer sociedade consegue desenvolver-se.
Estando em primeiro lugar no PISA ou não, a Finlândia continua no topo em relação a educação e eu posso afirmar que o segredo que tantos procuram está bem além das quatro paredes da escola. Eu diria que está delimitado pelas fronteiras de um país que resolveu, em primeiro lugar investir na educação, e em segundo lugar viver os preceitos da palavra IGUALDADE.
4 Comments
Eu acredito e muito na cultura de um pais, ter um impacto grande na qualidade da educação. Eu sou suspeita pra falar pois os paises escandinavos com certeza se tornaram meus prediletos em termos de cultura. Eu amo esta cultura de igualdade de oportunidades iguais pra todos. Eu sou uma ex-Nokiana e experimentei de primeira do convívio e da mentalidade no dia a dia de trabalho. Como é bom trabalhar com pessoas bem preparadas e bem educadas em todos os sentidos. Namasté 🙂 Temos com certeza ainda muito a aprender com os Finlandeses, inclusive como se reinventar!
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muito bom, queria eu ter oportunidade de morar ou estudar em um lugar que valore aos estudos