Influência chinesa na Nova Zelândia.
Nos últimos anos, a China tem se destacado como potência global, tornando-se a segunda maior economia do mundo. Com isso, a sua presença tem aumentado em vários países, influenciando alguns aspectos socioeconômicos e culturais.
Devido à relativa proximidade física, a influência chinesa é considerável aqui na Nova Zelândia. Abaixo, listei fatos que são bastante relevantes por aqui.
População
Segundo os dados do Census 2013, a Nova Zelândia tem uma população chinesa de aproximadamente 171.411 habitantes, que representa 4.3% da população.
A pesquisa apontou que a maior concentração está em Auckland, onde há 118,230 habitantes chineses, representando 8.3% da população da cidade. Em Wellington, Canterbury e Waikato há, também, representatividade desta comunidade. Porém, bem menor quando comparada a Auckland.
Imigração
Nos século XIX, houve uma expressiva onda migratória chinesa por todo o mundo. Muitas famílias fugiram da China em função da miséria causada por uma grande guerra civil.
Dessa forma, muitas delas vieram para a Nova Zelândia em busca de melhores condições de vida. Como era a época de exploração de ouro, os pais de família trabalharam em minas para poder sustentar suas famílias.
Depois da guerra civil, outra onda de imigrantes aconteceu na época da Segunda Guerra Mundial. Desta vez, eles estavam fugindo do domínio japonês na China. Nesta época, muitos deles encontraram trabalho nos campos da Nova Zelândia, onde a atividade agrícola estava se desenvolvendo.
Recentemente, eles têm migrado em um contexto completamente diferente.
O desenvolvimento econômico da China, somado ao perfil poupador dos chineses, fez com que eles acumulassem considerável capital. Desta forma, têm conseguido todos os pré-requisitos para solicitar os vistos de empreendedor e de investidor.
É comum vê-los trabalhando como proprietários de cafés, restaurantes, mercadinhos, e outros tipos de comércio. Eles compram imóveis e, frequentemente, são vistos dirigindo carros de luxo.
Cultura: Ano Novo Chinês
O Ano Novo Chinês é bastante celebrado aqui.
Diferente do calendário tradicional, essa data é comemorada de acordo com as posições do sol e da lua. Desta forma, em cada ano, a celebração é feita em um dia diferente, representando o animal correspondente do zodíaco chinês. Por exemplo, em 2018, foi celebrada em 16 de fevereiro e foi o ano do Cachorro. Já em 2019, será em 5 de fevereiro e será o ano do Porco.
Neste período, há vários locais decorados com cores vermelhas e o animal correspondente daquele ano. No aeroporto de Auckland, há toda uma decoração temática em referência a essa comemoração. Há, também, várias festas onde podemos nos deliciar com comidas típicas e ver diversas atrações, como a dança do dragão.
Culinária
A culinária chinesa tem ganhando cada vez mais popularidade, inclusive entre os não-chineses.
Vemos muitos restaurantes de Yam-Cha, que significa “beba o chá” em cantonês. Normalmente, servem suas refeições de manhã e no começo da tarde, que são acompanhados de vários pequenos pratos e o chá verde.
Dificilmente bebidas frias acompanham comidas chinesas nos restaurantes típicos. Sempre há preferência pelo chá, e é comum vê-los bebendo somente água quente com a refeição.
Além disso, há grandes supermercados dedicados somente a ingredientes trazidos da China. Há uma diversidade enorme de produtos, carnes e peixes típicos da culinária chinesa. São ótimos locais para encontrar maior variedade de frutas e legumes com preços mais baixos do que as grandes redes de supermercados.
Educação
As famílias chinesas dão grande valor para a educação. Mesmo durante o início da infância, há uma ênfase muito maior nos estudos. As brincadeiras, que são bastante comuns nesta fase, acabam ficando em segundo plano.
As famílias, que migraram para o país, buscam morar em bairros onde é possível o acesso às melhores escolas públicas do país. Inclusive há um grande impacto no valor dos imóveis destas áreas, que irei explicar no tópico seguinte.
Mesmo quando as famílias não podem migrar para cá, elas mandam seus filhos para estudar em cursos e universidades por todo o país.
Em um artigo publicado recentemente no Stuff, jornal online neozelandês, falou-se que mais da metade de todos os vistos de estudantes concedidos no país foram emitidos para chineses.
Após o término dos estudos, muitos deles optam por ficar na Nova Zelândia em função do melhor estilo de vida.
Leia também: Como é o ensino superior na Nova Zelândia?
Mercado Imobiliário
Nos últimos anos, a Nova Zelândia passou por um grande boom imobiliário, tornando o preço médio dos imóveis em torno de 500.000 dólares neozelandeses. Quando falamos de Auckland, o valor médio é ainda mais alto, chegando a mais de 800.000 dólares neozelandeses, conforme o relatório da Global Property Guide.
Devido à alta demanda, muitos imóveis iam para leilão para que o proprietário conseguissem maximizar o valor da venda. Nesse contexto, os compradores chineses tinham significativo poder.
Quando participavam dos leilões, a maior parte das vezes, faziam os lances mais altos. A competição era ainda maior quando se tratava de imóveis localizados nas área das melhores escolas públicas.
Para se ter uma ideia, uma casa podia valer 500 mil dólares neozelandeses a mais, simplesmente pelo fato de estar na zona de uma escola específica. Mesmo comparando os imóveis dentro do mesmo bairro, podíamos ver essa grande diferença.
Em 2016, foi feita uma pesquisa apontando que 60% dos imóveis vendidos para não-residentes, em Auckland, foram comprados por investidores chineses.
Não é raro encontrarmos anúncios de imóveis em mandarim e/ou cantonês, principalmente se tratando das propriedades mais sofisticadas, onde há anúncios detalhados com vídeos.
Recentemente, o governo neozelandês colocou medidas mais restritivas para compras de imóveis feitas por não-residentes. Desta forma, houve uma desaceleração dos preços, permitindo que compradores locais tenham mais condições para adquirir um imóvel.
Novas gerações e futuro
Com pais e avós imigrantes, atualmente estamos na segunda ou terceira geração de chineses que nasceram na Nova Zelândia. Os mais jovens tiveram acesso ao sistema educacional do país desde os primeiros anos de vida, tornando-os mais integrados à sociedade.
Cada vez mais vemos maior número de crianças mestiças e grande parte dos mais jovens utilizam o inglês para se comunicar em suas casas. Mesmo com os mais velhos falando as línguas chinesas, as novas gerações têm tido cada vez mais dificuldades em ter fluência em mandarim e /ou cantonês.
No entanto, os traços culturais e a ênfase na educação continuam firmes e fortes.