Língua croata.
A língua croata pertence às línguas eslavas, um grupo de línguas indo-europeias. Ela faz parte do grupo das línguas eslavas meridionais, junto com outras línguas da Península Balcânica, ou seja, dos países da antiga Iugoslávia. O idioma croata é muito parecido com os idiomas sérvio, bósnio e montenegrino, mas é importante lembrar que se tratam de línguas separadas, mesmo que a diferença seja ainda menor do que o português europeu e o português brasileiro.
História da língua croata
A língua croata, como outras línguas eslavas, desenvolveu-se a partir da língua protoeslava (às vezes chamada língua eslava eclesiástica). O protoeslavo é a língua literária eslava mais antiga, criada a partir da tradução de livros gregos para o idioma eslavo no século IX. Este idioma era comum e compreensível para todos os eslavos e era considerado uma língua literária, que também era utilizada na liturgia.
Desde o século XII, os textos eslavos incluíam cada vez mais as características das línguas eslavas vivas (faladas), por isso falamos das edições da língua eslava – edição russa, croata, sérvia, búlgara, etc. Enquanto o eslavo eclesiástico permaneceu na liturgia por muitos anos, as línguas dos povos eslavos logo assumiram o papel das línguas literárias. Os primeiros monumentos escritos nas línguas eslavas foram registrados já no século XII. O monumento escrito mais antigo preservado da língua croata data do ano 1100 e foi escrito usando o alfabeto eslavo-glagolítico.
Alfabeto glagolítico
Como as línguas eslavas não tinham seu próprio alfabeto, um novo alfabeto foi formado no século IX – o alfabeto glagolítico. Esse é o alfabeto eslavo mais antigo e foi criado pelos missionários cristãos bizantinos, São Cirilo e São Metódio. O alfabeto glagolítico foi formado como uma forma da tradução eslava dos textos litúrgicos gregos, com o propósito de espalhar o cristianismo entre os povos eslavos. Era um alfabeto completamente novo, criado “do zero”.
Os croatas começaram a escrever em glagolítico na segunda metade do século IX. Desde o final do século XII, os croatas eram o único povo a usar e desenvolver o alfabeto glagolítico.
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E ele era o principal alfabeto da língua croata até o início do século XVI, quando o alfabeto latino finalmente prevaleceu. Desde então, seu uso vem diminuindo constantemente. O uso do glagolítico durou mais na liturgia, até o século XIX, quando foi impresso o último missal glagolítico (1893).
Dica: até hoje é possível encontrar inscrições em glagolítico pela Croácia. Você pode vê-las dentro da Catedral de Zagreb, a capital da Croácia, e na cidade de Hum, na região da Ístria.
Alfabeto cirílico
Logo após o aparecimento do alfabeto glagolítico, outro alfabeto eslavo apareceu – o alfabeto cirílico. O alfabeto cirílico recebeu o nome de Cirilo porque se acreditava que ele foi o responsável por sua invenção. Hoje, porém, acredita-se que o alfabeto cirílico foi composto pelos alunos de Cirilo, em um esforço para simplificar a escrita, porque o glagolítico era mais ornamental e portanto mais complicado para usar. O alfabeto cirílico foi criado pela adaptação gradual do alfabeto grego ao sistema fonológico eslavo.
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Nos séculos X e XI, o alfabeto cirílico coexistiu então com o alfabeto glagolítico, com a gradual predominância e supressão do alfabeto glagolítico. Ao contrário do alfabeto glagolítico, o alfabeto cirílico sobreviveu como o alfabeto oficial de muitos povos eslavos, predominantemente aqueles entre os quais o cristianismo oriental se espalhou (bielorrussos, búlgaros, montenegrinos, macedônios, russos, sérvios, ucranianos).
Alfabeto croata
A língua croata contemporânea é escrita em alfabeto latino, adaptado para a língua croata no século XIX. A ortografia croata é predominantemente fonológica, ou seja, é escrita conforme é pronunciada – cada letra tem o som que sempre fica o mesmo, e não depende da posição da letra na palavra (como é o caso do português, por exemplo).
Ao olhar o alfabeto croata, podemos destacar alguns grafemas que não se encontram em línguas românicas ou germânicas. Principalmente destacam-se as letras com diacríticos (que não devem ser confundidos com acentos!) Esses diacríticos indicam a palatização fraca (Ć, Đ) ou forte (Č, Š, Ž). Outra diferença que encontramos são os dígrafos. Esses são LJ, NJ e DŽ.
Para facilitar a compreensão, seguem alguns exemplos:
– a letra Ć tem a pronúncia parecida a pronúncia de “tch”, em português
(Modrić – lê-se: Modritch)
– letra Č tem a mesma pronúncia, mas fica mais forte
– letra Š pronuncia-se como “ch”, em português
(šuma – lê-se: chuma)
– letra Ž pronuncia-se como “j”, em português
(žaba – lê-se: jaba ou žirafa – lê-se: girafa)
– letra Đ tem a pronúncia parecida a pronúncia de “dj”, em português
(đumbir – lê-se: djumbir – com um D quase mudo)
– dígrafo DŽ tem a mesma pronúncia, mas fica mais forte
– dígrafo LJ é pronunciado como “lh”, em português
(ljubav – lê-se: lhubav)
– dígrafo NJ é pronunciado como “nh”, em português
(njoke – lê-se: nhoque)
– letra C pronuncia-se como “ts”
(Karlovac – lê-se: Karlovats)
– letra K pronuncia-se como “c”, em português (como na palavra copo)
(kurkuma – lê-se: curcuma)
– letra J pronuncia-se como “i”, mas fica palatalizada.
(jogurt – lê-se: iogurte)
Gramática
A língua croata, assim como a língua portuguesa, distingue palavras variáveis e invariáveis. São variáveis os substantivos, adjetivos, pronomes, numerais e verbos. Invariáveis são os advérbios, preposições, conjunções, interjeições e partículas gramaticais. Além disso, a língua croata não usa artigos.
A mudança de palavras no idioma croata pode ser causada pela necessidade de marcar:
a) gênero
b) número
c) caso
d) pessoa
e) tempo e modo.
Substantivos, adjetivos, pronomes e numerais passam pela declinação. Os casos na língua croata são extremamente importantes para o significado de uma frase, e é nesse campo que os estrangeiros se perdem mais, porque a declinação não é uma parte comum da gramática – e é MUITO difícil! Por exemplo, todas as línguas eslavas têm a declinação, enquanto o português e as outras línguas românicas não têm.
São 7 casos na língua croata: nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo, locativo e instrumental. Dependendo do caso, as palavras variáveis recebem extensões diferentes. Assim, uma única palavra pode ter várias formas (dependendo da estrutura da frase e oração da palavra).
Por exemplo: a palavra mãe, mama em croata, quando declinada pode ficar da seguinte forma:
Nominativo – mama
Genitivo – mame
Dativo – mami
Acusativo – mamu
Vocativo – mamo
Locativo – mami
Instrumental – mamom
Outra diferença entre croata e português encontramos em gênero. O idioma croata tem 3 gêneros – feminino, masculino, neutro.
Stol (mesa) é masculino.
Kuća (casa) é feminino.
Dijete (criança) é neutro.
Falando dos verbos na língua croata, podemos dizer que este é o único tipo de palavra cuja divisão parece menos complicada do que na língua portuguesa. Ao contrário do português, o croata não tem o modo conjuntivo, mas tem mais tempos verbais (mesmo que nem todos sejam usados na língua falada).