Mestrado na Espanha sem teste de proficiência, é possível?
Quando eu pensava em estudar no exterior, os principais requisitos, para mim, eram os testes de proficiência, principalmente em inglês, e isso era muito desanimador. Porém, desde que comecei a me familiarizar e ter contato com a língua, o país e a cultura espanhola, descobri que há algumas universidades na Espanha onde a comprovação do idioma não é uma exigência para a inscrição em cursos de mestrado.
Então, sim, é possível fazer mestrado na Espanha sem teste de proficiência. Entretanto, é óbvio que, se você quer estudar em outro país e não tem noção nenhuma do idioma, a sua situação é bem complicada, pois esse é o primeiro passo. Mas, para quem não sabe, nos testes de proficiência, pelo menos em inglês, é difícil conseguir uma boa pontuação para quem não estuda especificamente para eles e, além de ser caro, ainda tem prazo de validade. Com isso, eu resolvi procurar e me inscrever nos editais abertos de cursos de especialização na minha área, Arquitetura e Urbanismo, em universidades espanholas que não solicitavam a tal comprovação.
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Busca e valores
A minha saga começou com a inscrição para as bolsas da Fundación Carolina, uma associação que promove relações culturais, cooperação educacional, científica e, principalmente, mobilidade acadêmica e bolsas de estudo para, em especial, pessoas de países da comunidade ibero-americana. O edital abre todo começo de ano, e eu candidatei-me a cinco bolsas, porém, devido ao grande número de inscritos, os resultados têm previsão de sair somente em julho, para iniciar as aulas geralmente em outubro do mesmo ano.
Como o meu objetivo deste ano era ir estudar na Espanha, eu não poderia ficar refém desse resultado, pois se eu não fosse selecionada, o que já era um pouco difícil devido à concorrência, eu não conseguiria inscrever-me em mais nada, pois o ano acadêmico espanhol já começaria em outubro e praticamente todas as inscrições são no primeiro semestre.
Resolvi inscrever-me no site da universidade que eu mais queria das que eu tinha solicitado pela Fundación Carolina, a qual não exigia teste de proficiência, a La Salle de Barcelona. Eu tinha a intenção de tentar alguma outra bolsa da própria universidade se fosse selecionada, preenchi tudo o que precisava e fiz as duas entrevistas por Skype, passei nos dois cursos aos quais me inscrevi, porém, sem nenhuma bolsa! E agora? Era uma universidade particular, cada especialização custava em torno de 7 mil e 10 mil euros, eu não teria condições de bancar isso, pois além do valor do próprio curso, havia os documentos, visto, passagem, moradia e todo o custo de vida em Barcelona, que não é dos mais baratos da Espanha. Então, deixei em aberto caso mais nada desse certo. Até porque a seleção para a bolsa de mestrado da Universidade de Jaén estava aberta, na qual me inscrevi também e fui selecionada, entretanto, havia 99 pessoas à minha frente e fui para a lista de espera.
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Apesar da La Salle interessar-me bastante, comecei a pensar em outras alternativas, para diminuir esse custo se fosse fazer alguma especialização na Espanha sem bolsa. Procurei universidades públicas que, vale ressaltar, são pagas também, no entanto, o valor do curso é calculado através da multiplicação de uma taxa pelo total das horas do curso e, com isso, o valor é reduzido comparado aos cursos particulares.
Quem me acompanha já sabe que eu ganhei uma bolsa de estudo, em 2018, para um curso de idiomas de duas semanas na Fundación Lengua, em Valladolid. Então, surgiu a questão, por que não explorar o site da Universidade de Valladolid, visto que foi uma das cidade que mais amei na Espanha? Dito e feito, encontrei estudos na minha área com preços acessíveis e equivalentes às especializações no Brasil. Inscrevi-me e pensei: se essa der certo, é essa mesmo, fechando um quebra-cabeça para mim. Dito e feito novamente, passei por todos os processos e fui selecionada em dois dos três cursos aos quais candidatei-me.
Era a primeira chamada de inscrições, haveria mais duas próximas datas nos próximos dois meses, porém, a primeira sempre é a melhor, há menos concorrência e o valor da taxa de multiplicação é mais barata. Com isso, surgiu uma dúvida cruel, esperar o resultado da Fundación Carolina com a possibilidade de algum auxílio financeiro, ou arcar com os custos de tudo, porém, reduzidos? Preferi não arriscar perder o que eu já tinha na mão. Até porque cada uma das bolsas as quais eu estava concorrendo tinha seu por menor, e eu teria que pagar, em parte, quase que o equivalente à ir para Valladolid.
Contudo, resolvi matricular-me no curso que mais me interessava na UVA, um ano de estudo, em torno de 2.600,00 euros, utilizando o remessa online, uma ótima forma de enviar dinheiro para entidades de outros países sem pagar tantas taxas aos bancos, e como eu sou estrangeira e não possuo conta em bancos na Espanha, não pude parcelar.
Na época, eu havia pesquisado mais algumas faculdades públicas da Espanha que não solicitavam a comprovação do idioma, acabei não me candidatando porque em abril já tinha definido que iria a Valladolid. Ainda bem que tomei tal posição, pois, em julho, eu soube que não fui selecionada nas bolsas que eu estava inscrita. Mas a minha dica é: procure por cidades menos famosas, ou seja, menores. Há inúmeras vantagens, o custo de vida e dos cursos são menores, o que, para quem está indo do brasil, convertendo tudo de real para euro, sem a garantia de um emprego, já é ótimo, além do contato com a cultura espanhola ser mais íntimo, pois você conhece mais nativos do que estrangeiros.
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Pré-requisitos e aprovação
Acho válido dizer que sempre fui uma aluna dedicada na faculdade, mas quem faz/fez Arquitetura e Urbanismo vai entender quando eu digo que não é um dos cursos mais fáceis, e minha média final da graduação foi 81. Tenho orgulho de dizer que fui selecionada por cinco diferentes especializações espanholas e, pela minha experiência, acredito que o principal critério para ser aprovada é o currículo. O meu é bom, mas não é nada mirabolante também, alguns cursos na área, palestras, estágios, concursos, artigos, um trabalho fixo desde que me formei, um intercâmbio no Canadá para estudar inglês e uma bolsa de estudo de curso de espanhol na Espanha.
Preste bastante atenção em tudo que está lendo no ato das inscrições, e revise tudo sempre antes de enviar. Se tem dúvida, não titubeie em enviar um e-mail perguntando, os espanhóis, na maioria das vezes, são muito solícitos. Responda os questionários, envie textos de motivação ou recomendação, certificados, documentos, digitalizados ou por correio. Mesmo que seja um pouco redundante, coloque todas as informações possíveis favoráveis à sua candidatura, esse é o momento de você expor o seu melhor, que você é capaz. Não tenha preguiça, você está dando o primeiro passo!
E sabe o que é o mais importante? Não desistir, não desanimar. Busque, informe-se, tente, estude todas as possibilidades. Não deu certo, tente de novo, analise onde deve melhorar, nada é em vão e tudo na vida tem um propósito. Se você acredita e se empenha, você consegue!
2 Comments
Olá, me chamo Guilherme sou arquiteto e estou em busca de alguma faculdade na Espanha que ofereça bolsa parcial ou completa, poderia me ajudar com mais informações?
Pensa num post esclarecedor!
Sempre que tenho qualquer dúvida, esse é o site que me dá as respostas!