Facebook Twitter Instagram
    BrasileirasPeloMundo.com
    • Home
    • Sobre o BPM
      • Time do BPM
      • Autoras
      • Contato
      • Na Mídia
      • Blogs
    • Colabore
    • Custo de Vida
      • Quanto custa
      • Cheguei e agora?
      • Custo de Vida Pelo Mundo
    • Países
      • Alemanha
      • Austrália
      • Áustria
      • Canadá
      • EUA
      • Espanha
      • França
      • Inglaterra
      • Itália
      • Japão
      • Polônia
      • Portugal
      • Suécia
    • Mais
      • Dicas para viajar sozinha
      • Relacionamentos online
      • Turismo Pelo Mundo
      • Vistos
    • Intercâmbio
      • Intercâmbio pelo Mundo
    Facebook Instagram
    BrasileirasPeloMundo.com
    Home»Curiosidades Pelo Mundo»Mzungu e a desvantagem de ser branco no Quênia
    Curiosidades Pelo Mundo

    Mzungu e a desvantagem de ser branco no Quênia

    Daniela MilaniBy Daniela MilaniMay 17, 2017Updated:December 29, 20175 Comments6 Mins Read
    Facebook Twitter Pinterest LinkedIn Tumblr Email
    Share
    Facebook Twitter LinkedIn Pinterest Email

    Mzungu e a desvantagem de ser branco no Quênia

    O texto de hoje aborda um tema polêmico e, por isso, merece uma notinha de esclarecimento:

    Quero esclarecer que em momento algum o que escrevo é para incitar ódio, raiva ou mágoa entre as raças, muito menos exaltar ou justificar algum tipo de comportamento. O que escrevo é um relato bem-humorado do que realmente vivencio todos os dias no Quênia onde, de uma forma ou de outra, trato de me misturar ao máximo no ambiente em que vivo, afinal, somos todos do mesmo planeta.

    Ao mudarmos para o Quênia, a última coisa que me passou pela cabeça foi a possibilidade de ter que lidar com questões sobre cor de pele, pois isso para mim no Brasil nunca foi algo que eu tenha percebido tão vividamente. Alguns podem dizer que nunca levei em conta por nunca ter sentido o racismo realmente, afinal, sou branca. Em minha família há uma grande mistura de raças mas, mesmo assim, quando me casei com um argentino, tive que conviver por anos com as piadinhas de meus amigos e familiares sobre o porquê de eu ter me casado justamente com um “hermano”. Por isso, creio que um pouco de discriminação pelo nosso costumeiro sarcasmo eu já havia vivido.

    Nas primeiras semanas aqui as pessoas no geral me pareceram extremamente amigáveis e gentis, sempre muito educadas, pedindo desculpas e licença para tudo o que faziam. A cordialidade imperava e todos sorriam pra mim, o que me pareceu fantástico.

    Porém, com o passar do tempo eu me inteirei de uma palavra em kiswahilli que era muito usada quando eu ia comprar algo ou quando caminhava pelas ruas: mzungu.

    Mzungu significa pessoa de pele branca ou descendente de europeu. Me pareceu interessante que eles me chamassem, muito frequentemente e de forma depreciativa de mzungu, afinal, segundo o que me foi ensinado, nem no Brasil, nem em nenhum lugar do mundo é bacana usar termos pejorativos para nos referirmos a alguém tendo como base seu tom de pele ou características raciais. Por exemplo: em Londrina, onde fui criada, chamar alguém de “japonês” simplesmente por conta das características físicas asiáticas é sempre considerado pejorativo ou depreciativo.

    Comecei a perceber a diferença nos preços das feiras livres quando não havia placas sinalizando valores. Para mim eram um, mas se um africano comprasse o mesmo produto e a mesma quantidade, o preço era quase 5 vezes menor! Os preços nos salões de beleza também são diferentes. Para cortar cabelo afro custa em torno de 6 dólares, para cortar cabelo caucasiano o preço já sobe para quase 15 ou 20 dólares.

    Os policiais de trânsito quenianos são extremamente corruptos e a corrupção também tem alvo certo: pessoas de pele clara. Os motoristas quenianos podem muitas vezes cometer barbaridades no trânsito e nunca serão alvos dos policiais, mas no caso de pessoas com pele clara, somo frequentemente acossados por eles. Há cerca de dois meses, um mesmo policial me parou 3 vezes no mesmo dia, no mesmo lugar, sempre alegando diferentes e mentirosas infrações para conseguir que lhe pagasse algo. Como sou extremamente contra qualquer tipo de suborno, posso ir presa que jamais pagarei nada, comigo esse tipo de chantagem não funciona. A maioria de meus conhecidos que têm a pele branca e já foram parados pagam entre 100 a 150 dólares com medo do que o que os policiais possam vir a fazer.

    Eu gosto de andar por diversos lugares e realmente me integrar com o lugar onde vivo, acho isso de suma importância para quem é expatriado. Quando ando no centro da cidade de Nairóbi, muitas vezes vou com meus filhos e as pessoas nos observam e riem pois não estão acostumados a ver brancos fora da zona de conforto dos expatriados. Isso definitivamente não me incomoda mais, mas admito que no começo eu me achava um ET andando por lugares onde brancos supostamente deveriam evitar. Muitas vezes os expatriados não saem dos seus bairros por estarem com receio deste tipo de discriminação que podem sofrer.

    Já com meus meninos, a situação é super diferente. Eles estudam em uma escola queniana; optamos por matriculá-los em uma escola local em vez de uma escola internacional, portanto eles são os únicos brancos. Como já era de se imaginar, nos demos conta de que o preconceito vem dos adultos. Na escola eles são queridos e amados como qualquer criança. Ninguém os chama de Mzungu e os amigos os tratam de igual para igual.

    Isso de tratar brancos e negros de forma diferente tem um fundo cultural muito forte, uma vez que o Quênia foi colônia inglesa até 1963 e ter a cor branca era sinônimo de riqueza. Os brancos colonizadores realmente exploraram (e exploram) os negros, portanto ter um preço diferente e não se misturar muito foi a forma criada por eles para que pudessem sobreviver de forma digna. Isso não justifica a corrupção e os sorrisos sarcásticos para quem é branco, mas facilita o entendimento, já que historicamente, os donos do capital tinham dinheiro e influência para fazer o que bem quisessem.

    Da minha parte eu entendo, respeito e trato de mostrar que, apesar de ser expatriada, não sou rica, sou ser humano e os trato como tal. Tenho amigos quenianos, meus filhos têm muitos amigos quenianos. Eu trato a todos bem assim como os trataria se fossem azuis ou amarelos. Para mim é indiferente. Com o passar do tempo o preconceito já não me afeta. Aprendi com minhas amigas quenianas quanto valem as coisas realmente aqui, portanto pechincho bastante. Prefiro lugares que têm o preço tabelado, assim é mais difícil ser ludibriada. Com relação à corrupção, jamais farei parte dela. Eu me recuso a pagar ou receber propina.

    Sempre acreditei e ainda acredito que a cor da pele, o formato dos olhos e o sotaque que se exibe nunca deveria definir quem você é ou o tipo de caráter que tem. Portanto só podemos mudar o lugar onde estamos entendendo o porquê das diferenças, respeitando-as e mostrando que sempre há um caminho melhor a seguir.

    Textos relacionados

    • Turismo no Quênia Parte 3
    • Turismo no Quênia Parte 2
    • Turismo no Quênia- Parte 1
    • Wangari Maathai – vencedora do Prêmio Nobel da Paz
    • Proibição do uso de sacolas plásticas no Quênia
    • Eleições no Quênia
    Clique aqui para ler mais artigos da mesma autora
    Africa igualdade igualdade de raça preços Quênia questões raciais racismo
    Share. Facebook Twitter Pinterest LinkedIn Tumblr Email
    Daniela Milani
    • Website

    Daniela é de Curitiba, empresária e cirurgiã-dentista formada pela Universidade Estadual de Londrina. No início deste ano ela topou o desafio de mudar de continente com o marido, três filhos e um cachorro. Atualmente mora em Nairóbi no Quênia e, apesar de não trabalhar em Nairóbi, continua administrando sua clínica odontológica em Curitiba através da internet.

    Related Posts

    Novas gírias e expressōes faladas nos Estados Unidos

    March 1, 2023

    10 fatos mais chocantes ao mudar para Turquia

    October 25, 2022

    As questões raciais no Egito

    September 27, 2021

    5 Comments

    1. Angela M Ghisleni on May 18, 2017 1:02 am

      Oi Dani, ótimo texto. Relatar a sua realidade aí no Quenia é muito interessante. Assim a gente fica sabendo como é viver aí num pais tão distante do Brasil , povo diferente. E numa coisa tão igual: corrupção, propina…palavras tão presentes nos nossos dias aqui no Brasil. Abracão menina e continue escrevendo..sempre muito legais seus textos

      Reply
      • Daniela Milani on May 31, 2017 11:18 am

        Obrigada Ângela!!! Infelizmente a corrupção e o racismo exitem em todos os lugares, a nossa arma é a palavra e a educação. Um beijo grande !!

        Reply
    2. Mayra Di Domenico on May 22, 2017 2:39 pm

      Que legal seu relato. Sofri muito com o gato de ser branca em Camarões durante o meu intercâmbio. Essa questão de cobrarem a mais então… Tinha 18 anos e não tinha muita noção, acabava sempre aceitando fazer o que haha
      Me mudei esse mês pra Budapeste e é algo que até “esqueci”, mas vejo os olhares discriminatorios para quem é negro, infelizmente.
      Tudo de melhor pra ti 🙂

      Reply
      • Daniela Milani on July 2, 2017 8:56 am

        Sim Mayra, obrigada, infelizmente o racismo existe, em todos os âmbitos. Escrevi pois é algo que muito pouca gente sabe que existe, todos pensam que só existem com os negros, acho triste de qualquer forma. tudo de bom pra você também.

        Reply
    3. Ricardo on December 27, 2017 7:01 pm

      Muito interessante! Eu moro no Canadá atualmente e é até difícil imaginar uma pessoa branca sendo discriminada, já que a gente costuma pertencer ao grupo de privilegiados. Achei que você descreveu a sua experiência de maneira bem razoável e conciliatória. Parabéns!

      Reply

    Leave A Reply Cancel Reply

    This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

    • Facebook
    • Instagram
    Polônia

    Dia de Finados na Polônia

    By Ann MoellerOctober 28, 20240

    Dia de Finados na Polônia O Dia de Finados é comemorado oficialmente pela Igreja Católica…

    Novas gírias e expressōes faladas nos Estados Unidos

    March 1, 2023

    Terremoto na Turquia

    February 10, 2023

    Natal em tempos de guerra

    December 21, 2022
    Categorias populares

    Green Card e Residência permanente após o casamento

    April 26, 2015

    Como morar legalmente na Espanha

    August 7, 2015

    Como estudar no Ensino Superior em Portugal

    August 14, 2014

    Como é morar em Santiago no Chile

    June 28, 2014

    Validação do diploma brasileiro nos EUA

    May 20, 2016

    Cinco razões para não morar na Dinamarca

    April 19, 2015

    É brasileiro e reside no exterior? A Receita Federal ainda lembra de você!

    February 9, 2017

    Passo-a-passo para fazer mestrado ou doutorado com tudo pago nos EUA

    March 2, 2016
    BrasileirasPeloMundo.com
    Facebook Instagram
    • Sobre o BPM
    • Autoras
    • Na Mídia
    • Anuncie
    • Contato
    • Aviso Legal
    • Política de privacidade
    • Links
    © 2012-2025 BrasileirasPeloMundo.com

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.