Natal na Argentina!
Está chegando o fim do ano e com ele o Natal. Por isso hoje venho te contar um pouco da tradição dessa festa por aqui.
Meu Natal no Brasil
Podemos dizer que as tradições natalinas tal qual conhecemos no Brasil são herança de uma forte influência europeia e católica. Para grande parte do nosso país o Natal é a celebração do nascimento do menino Jesus. A árvore, os presentes, a ceia, as músicas e as festas foram sendo incorporados aos poucos ao longo dos anos.
Lembro-me muito bem de minha mãe falar, que quando era criança, noite de véspera de Natal era ir à missa do Galo e depois voltar para casa domir. Não acontecia nada mais, não havia meias na janela a espera do Papai Noel e nem ceias que mais pareciam banquetes.
Meu pai nunca foi à missa, nem sua família. Celebravam o Natal apenas com todos reunidos ao redor de uma linda e colorida mesa. Vinham os parentes de longe e eram dois dias de muita confraternização.
Já na minha infância – além da missa do Galo e da ceia – chegou a vez do amigo secreto. Juro que era uma loucura conseguir guardar segredo até o dia da festa.
E quando viramos adolescentes começaram a surgir as baladinhas pós-ceia de natal. Onde íamos dançar, paquerar e voltar para casa só depois das 8h da manhã… era uma liberdade tão grande poder ir… tempos bons.
Meu Natal na Argentina
E por que estou contando tudo isso a vocês? Porque percebi que o Natal por aqui não é muito diferente… tem família católica que se reúne para ir à missa do Galo. Mas também tem família que se reúne para celebrar, comer e festejar. Além de jovens que se jogam na noite portenha.
No meu caso – casada com um judeu – nem Natal tem. E vou falar a verdade, nem sinto falta. Claro que sinto saudade de estar com a minha família, comer comida gostosa que só nessa época tem e de dar boas risadas. Mas da correria das compras, de cozinhar, de terminar o ano, de arrumar a casa, de terminar de trabalhar dia 24 às 12h, de receber as visitas logo em seguida, de limpar tudo no dia seguinte, não sinto saudade não.
Comidas Típicas “Navideñas” (Natalinas)
Mas se você está em Buenos Aires e quer muito celebrar uma “nochebuena” (véspera de Natal) típica te conto um pouco sobre o que não pode faltar na sua mesa.
Foto: Reprodução Mis Thermorecetas
Pionono – é um rocambole feito de pão-de-ló doce, tradicional, mas recheado com uma pasta feita de maionese, pimentão vermelho e atum (às vezes com queijo e presunto). Falando assim parece uma coisa estranha, mas juro que é muito gostoso. A mistura do doce da massa com o salgado do atum é maravilhosa. É uma receita que eu como o ano inteiro.
Foto: Reprodução Cocineros Argentinos
Vitel Thoné – carne cozida e cortada em fatias que são servidas com um molho feito de maionese, mostarda, ovo, salsinha, alcaparra, atum e aliche (sim, vai peixe em cima da carne). Apesar de ser um prato TEM-QUE-TER, eu passo.
Foto: Reprodução Cocineros Argentinos
Mantecol – um doce feito de amendoim, que por fora até lembra nossa paçoquinha de festa junina (do sudeste, claro). Mas que quando você leva à boca… nada a ver. Tem muito gosto de manteiga de amendoim, e uma textura que desmancha na boca. Meu marido ama, mas esse eu também passo.
E Turrón – são aqueles doces que se costumava ver no Brasil há não sei quantos anos atrás. Brancos, com amendoim (ou castanhas) no meio e que quase arrancava um dente quando o mordíamos. Se lembram? Aqui segue firme e forte.
Foto: Reprodução Cocineros Argentinos
Pan Dulce (e suas variações) – os mais desavisados traduziriam como panetone. Mas é só dar a primeira mordida e logo vemos que não. Como existem muitas variações (o Milanés, o Genovés, o Madrileño e o Stollen – o alemão) leva um tempo para descobrir qual é o que preferimos. Eu consigo comprar, nas grandes redes de supermercado, o chocottone da Bauducco. Já meu marido prefere o Stollen.
Tudo isso além de um belo “asado a la parrilla” (churrasco argentino) com vários tipos de saladas e pães para acompanhar. Vai depender de onde você estiver.
Agora o que eu realmente acho curioso são dois fatos. O primeiro, “moito” lindo (como diria a Consuelo Dica Boa), é que em vez de meias penduradas ou sapatinhos na janela, eles deixam os sapatos do lado de fora da casa junto a um pote de água e um pouco de grama.
Dessa maneira os reis magos – quem trazem os presentes – podem deixá-los sobre os sapatos enquanto seus camelos – exaustos de tanta viagem – podem descansar um pouco comendo a grama e bebendo a água.
Não é genial? Muito mais realista com o nascimento de Jesus que a história do Papai Noel…
O segundo é sobre o Ano Novo. Até agora minha experiência tem sido um tanto sem graça. Não existem comemorações memoráveis, nem fogos, nem ninguém vestido de cor alguma, nem simpatias, nem pular ondas, nem comidas típicas, nem nada.
Juro que se descobrir algo novo este ano, volto aqui para contar.
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2 Comments
Se come leitão, cordeiro, língua a lá vinagrete entre outras coisas.. fazem clerico E sangria… muita saudade de tudo isso.. de ficar no “pátio de casa” todos os dias a
Tarde (entre o 24 e 31), comendo salame, queijos e tomando cerveja, com a familia.
Saudade de ir no rio, o dia 25 e 1.. Acho que as costumes sao diferentes. Juro que eu acho sem graça as costumes de aqui.
Oi Silvia, tudo bem?
Que bacana seu comentário! É uma delícia ter costumes e tradições de família que nos fazem sentir em casa mesmo estando longe não é mesmo?
😉