Natal na Grécia.
Ainda em fase de adaptação, comparando tudo o que eu encontrava com o que eu conhecia no Brasil, curtindo a empolgação da vida de recém-casada e de estar grávida, montando a primeira árvore natalina da nossa casa, sentindo saudade do “apoio caloroso” da família, dos amigos e até das altas temperaturas do Ceará, passando vexames e tendo novas experiências, enfim, o meu primeiro Natal na Grécia foi memorável.
E esta será a minha quinta comemoração, mas a verdadeira ansiedade é para ficar novamente no Brasil e apresentar todas as nossas tradições para os meus gregos. Apesar de que as celebrações possuem algumas semelhanças. O clima festivo é bem estimulante e ganha êxito após a primeira quinzena de novembro, quando as vitrines das lojas são ornamentadas com presépios, bonecos do Papai Noel, guirlandas, pinheiros, enfim, tudo o que simboliza esse período. A iluminação natalina pública é ligada no início de dezembro, período em que algumas pessoas também começam a decorar as residências.
Após algumas semanas eis que chegou o meu Natal, em estilo grego. E logo pela manhã recebemos a visita de crianças cantando a “Kalanda”, as canções de Natal, enquanto outras tocavam jogos de triângulo musical. Algo bem gracioso e tradicional. Como recompensa, demos uma quantia em dinheiro e alguns doces. Elas percorriam toda a vizinhança e, de porta em porta, perguntavam se poderiam cantar. Esse costume é geral, acontece desde os pequenos vilarejos até as grandes cidades, como Atenas.
Ao longo do dia, ao som de músicas simbólicas, intensa movimentação nas ruas, pessoas apressadas e entusiasmadas, encontros informais e felicitações aos conhecidos, uma pequena feirinha exposta na praça principal e dezenas de crianças no parque de diversões conspiravam para a grande festividade. Além disso, os comércios abarrotados com os “clientes atrasados” e os salões de beleza lotados faziam tudo parecer bastante familiar.
Na hora da ceia ficamos na casa de familiares, em um ambiente bastante fraternal, de conversas descontraídas, bebidas e apreciação dos pratos locais. Como convidada eu nem imaginava o que teria no cardápio. Enquanto isso, peru, farofa e rabanada não saiam dos meus pensamentos, mesmo achando que esses dois últimos não existiriam por lá. Até que, para a minha surpresa, o jantar foi servido e com ele mais um aprendizado: a carne de peru para muitos ainda não é o prato essencial, embora tenha um consumo crescente. E enquanto eu imaginava o aroma e o sabor do peru, pude degustar as diversas carnes, principalmente a suína, acompanhadas por batatas, arroz pilaf, saladas e outras iguarias.
Para as crianças também existe a expectativa pelos presentes do Papai Noel (Aghios Vassilis) e o dia 1 de janeiro é dedicado a ele. Então, alguns mimos ficam para esta data. Mas há quem se antecipe e os deixe na noite de Natal.
No dia seguinte aconteceu o tradicional almoço em família, enfatizando mais uma vez a importância de ficar nesse dia com as pessoas de quem gostamos. Com as ruas praticamente desertas, todos os estabelecimentos fechados, basicamente como era de se imaginar, foi algo inédito saber que o feriado se prolongava por mais um dia, em prol das pessoas descansarem e se reorganizarem para o cotidiano. E em algumas escolas e estabelecimentos o recesso acontece por cerca de uma ou até duas semanas, tempo em que muitos viajam para as férias de inverno e já ficam para o Ano Novo.
E você, já passou esse período festivo em um outro país? Sentiu alguma dificuldade em se adaptar aos costumes ou teve a sensação de pagar algum “mico”? Já estou na expectativa pelas novidades deste ano, pois mesmo passando por alguns “aperreios”, em todos os anos adquiri novos conhecimentos e, no último, a novidade foi encontrar pelas ruas barcas iluminadas ao invés de árvores de Natal. Soube que é bastante característico das ilhas. Desejando antecipadamente que tenham um Natal maravilhoso!
Abraços e até o próximo ano!
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