A Tasmânia é um estado ao sul da Austrália; uma ilha pequena com pouco mais de 500 mil habitantes a 1 hora e 30 minutos voando de Sydney. Nosso primeiro Natal residindo por aqui será na pequena cidade de Louceston, por conta de parte da família do meu esposo morar lá. Detalhe curioso é que essa parte da família varia em idade entre 89 e 96 anos. São lindas, lúcidas e quase totalmente saudáveis, mas não é apenas pela longevidade essa ilha me impressionou de imediato.
As inúmeras atividades oferecidas pela região, como trilhas em montanhas lindas, reservas naturais, parques, vinhedos inúmeros e degustação de queijos e sorvetes – pois a região é grande produtora de lacticínios e derivados, são de fato merecedores de uma visita ou comentário.
Recomendo uma visita à região para degustar tudo que a Tasmânia tem a oferecer. Não posso deixar de comentar sobre o famoso museu MONA (Museum of New and Old Art), localizado em Hobart, realmente o aspecto cultural de maior peso do estado, na minha opinião. Mas apesar de tudo que citei acima, o que mais me deixava curiosa mesmo era conhecer o famoso bicho local, o demônio da Tasmânia. Por mais simples que isso possa parecer, esse bichinho que tanto imaginei quando criança ao ver no desenho da televisão quando morava no Brasil, é algo que ficou marcado em mim.
Alguém se identifica? Afinal, esta é a parte do mundo onde o bichinho vive e passa levando tudo pela frente.
Com o intuito de encontrar o demoninho, fui para o nosso primeiro passeio. De imediato, notei como o cenário mudou desde Sydney. Se pensamos na Austrália como um país de praias e deserto, a Tasmânia nos mostra que em pleno verão pode-se caminhar em uma montanha onde a temperatura despenca para dois graus negativos! Confesso que não estávamos preparados e sentimos um frio de Natal norte europeu! Mas o frio combinou com as festividades natalinas, mas apesar disso, infelizmente não achamos o bichinho.
Eu não estava disposta a desistir assim tão fácil! Iniciamos as comemorações com uma ceia no 24/12 que fiz questão de preparar bem a la brasileira, já que a cultura australiana comemora o Natal no dia 25/12. Até amigo secreto fizemos. As tias avós quase centenárias não entenderam muito essa coisa de comer farofa com peru. Tudo certo, já que eu também não entendo muito de comer frutos do mar de ceia, e ceia no almoço (a não ser que seja para comer o que sobrou da noite anterior, como tipicamente fazemos na nossa cultura).
O costumeiro aqui na Austrália é comer de ceia no almoço do dia 25/12 uma mesa farta de frutos do mar. Interessante, né?! Eu acho, mas prefiro a nossa!
O nosso segundo passeio, depois de duas ceias complemente diferentes e algum descanso, foi uma caminhada por volta da fazenda onde ficamos hospedados. Eu estava pronta para qualquer possibilidade dessa vez: casaco, biquíni, sombrinha e protetor solar.
Vimos um pôr do sol incrível, mas nada de bichinho da Tasmânia. Acho até que vi uma cobra. Quase morri, porque tenho tremendo pânico de cobra, ainda que nunca tenha visto uma cara a cara. Pode ser até que tenha imaginado, mas em matos australianos, se desconfia da própria sombra. Então, se achar que viu uma, não pare para analisar, segue o caminho. Afinal, não é de cobra que eu estou atrás! Onde estão os bichinhos da Tasmânia?!
Agora o Natal está quase acabando e voltaremos pra Sydney em um dia. Parei para pensar no que fazer em relação à minha vontade de conhecer o demônio bicho. Encontramos por fim um parque reserva da espécie que, por estar quase extinta, recebe atenção especial, com organizações que se dedicam à causa de preservá-la.
Curiosamente, a extinção não se dá por ato humano como em 1930, quando vários fazendeiros quase exterminaram os bichinhos por conta dos estragos que faziam nas plantações. Em 1941, uma lei garantiu a proteção do demônio da Tasmânia. O perigo de extinção atual iniciou em 1996, com um tipo de câncer que ataca a boca e a cabeça.
Curioso e triste para o bichinho que é ícone do estado, foto de cartão postal e lembrança da minha infância.
Duas horas depois, muitas fotos da vista, outro pôr do sol magnifico e nada dos bichinhos. Na saída conversamos com uma guia que finalmente me explicou o mistério. Os demoninhos da Tasmânia se escondem e dormem durante o dia, pois passam as noites acordados e caçando e foi por isso que não achamos nenhum.
Na próxima vinda à Tasmânia, já sei onde e principalmente a que horas procurar!
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