Nomes curiosos no Panamá.
Desde que cheguei, em novembro de 2020, a cidade tem adotado medidas bem restritivas para conter a pandemia. E assim continuamos nesse ano de 2021. Infelizmente, não tive tempo e nem oportunidade de conhecer muitas coisas por aqui por enquanto. Mas já me viro bem dirigindo pela cidade e encontrei nomes bem curiosos para nós que falamos a língua portuguesa.
O som da letra “Q” em espanhol é…
Para começar, quando liguei a rádio do carro e escutei uma vinheta assim: “Tropicuuu”, achei muito engraçado mas pensei que não tivesse escutado direito. Mas lá estava de novo o sonoro: “Rádio TropiQ”. A pronuncia da letra ¨Q¨ em espanhol “cu”.
São coisas que só um imigrante nativo em língua portuguesa sabe e ri, felizmente temos os chats de conversa e as redes sociais para dividir, porque queremos rir em comunidade.
Outra coisa curiosa é buscar um endereço e me deparar com uma avenida Porras: ela é bem grande e Porras é um sobrenome comum aqui e como é comum em muitos países, as ruas podem levar nome de pessoas. Neste caso é um sobrenome.
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Assim que cheguei aqui me adicionaram em um grupo de brasileiros residentes, onde todos se ajudam dando informações, vendendo coisas, alguns desabafos, coisas do tipo.
E em uma conversa no grupo entrou uma mensagem de uma senhora que dizia assim: “Olá, eu sou Fulana de tal de Boquete”. Eu olhei rápido e assustei. Pensei instantaneamente que alguém tinha mandado uma mensagem errada.
Mas, quando parei pra ler de novo, vi que estava correto. Ela dizia que era de Boquete e pedia doações de roupas e calçados para uma comunidade indígena dessa região. Mesmo sendo um assunto sério, eu ri muito.
Cidades com nomes curiosos
E, perguntei: Peraí, existe uma cidade que se chama Boquete?”. Tive com respostas vários “sim”, com muitas risadas e histórias para acompanhar. Teve uma colega que viajou com amigos brasileiros e todos fizeram questão de tirar fotos no centro de informações de Boquete, claro.
Boquete em espanhol quer dizer uma entrada estreita, uma brecha. Possui um clima ameno e é onde está localizado o vulcão Barú, que é o ponto mais alto do Panamá.
A região abriga imensas plantações de café, que dizem ser um dos melhores do mundo. O café Boquete é um café popular produzido nessa região e bastante difundido, um bom presente de lembrança de Panamá para levar para a família.
Assim como temos Boquete, temos também outra cidade, nossa querida Ocú. Isso mesmo, tem uma cidade que se chama Ocú, a Universidade de Ocú, centro de saúde, estádio e colégio.
“Ocú”, no idioma Kuna Caribe, significa abundância de milho e por muitos anos foi o seu principal cultivo. É uma cidade de muitas festividades.
Voltando para capital, temos outos nomes curiosos, como café Bilal, um deleite da cozinha árabe com um nome engraçado para seus amigos se divertirem tirando fotos.
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Em todos os países existem essas curiosidades que nos fazem identificar com nosso idioma e passar por situações inusitadas.
Sobre minhas recordações de Havana sempre terá a palavra pinga, que para a gente é algo comum de dizer e significa uma bebida típica da cana de açúcar. Em Cuba, quando se escuta essa palavra, com certeza é para expressar um desagrado, ou estão brigando ou é algo de natureza sexual. Para eles pinga é o órgão sexual masculino.
Esclarecendo que não é só em Cuba, os cubanos falam quase o tempo todo, mas em vários outros países hispano falantes também é. Como no Peru, quando conheci meu marido, ele recém chegado ao Brasil, ainda se adaptando ao idioma, saímos para jantar juntos.
Durante o jantar, em umas das nossas primeiras conversas e troca de olhares de quem já está apaixonado à primeira vista, eu perguntei : “Você gosta de pinga? Já provou? Quer provar? Posso fazer isso para você, se quiser. Eu compro e provamos juntos.”
Tentando explicar nossa bebida nacional
Meu esposo tem os olhos bem grandes, eu percebia que a cada indagação o olho dele aumentava mais e eu pensei: “Que legal, ele ficou curioso. Acho que teremos aí mais um motivo para nos vermos novamente.” Era isso que minha mente apaixonada me falava dentro da minha cabeça.
Depois dessa conversa ficamos um tempo mastigando a comida, mas eu não conseguia perceber o clima de constrangimento. Sou uma pessoa bem avoada, ainda mais quando minha imaginação é impulsionada pelo meu estado de transe da paixão.
Após umas garfadas no escondidinho que eu havia sugerido, ele, como um homem inteligente e culto que é, ponderou a informação, suspirou e disse: “Não sei se essa palavra em português tem o mesmo significado, para mim em espanhol e em meu país, representa o órgão sexual masculino.”
E minha cara ficou da cor dos coraçõezinhos que pipocavam na minha mente. Eu ria de nervoso e no meu espanto misturado com constrangimento, tentava explicar a ele que era uma bebida brasileira.
Cuidado com os falso cognatos!
Já na casa da minha sogra, em Lima, uma palavra que me marcou pela situação constrangedora que me meti foi “concha”. O significado para eles é o órgão sexual feminino.
Eu havia acabado de conhecer minha sogra e pedi para ela uma concha porque queria tomar sopa. Até hoje me lembro a cara que ela fez quando eu repetia e gesticulava que queria uma concha. Ela completamente chocada sem entender porque eu queria a concha dela. Nessa época eu estava aprendendo espanhol e não tinha a menor ideia do que dizia.
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Ter um casamento multicultural tem dessas coisas. Eu sempre me meto em alguma situação assim e sempre vira história para meus amigos, família e meus textos.
São inúmeras vezes que acontece e ainda bem que amo rir de mim mesma, então não é um peso. Porque existem casos mais complexos que podem gerar até uma dificuldade de relacionamento entre as pessoas.
Isso é ser imigrante, às vezes rir sozinho das bobagens que só você vê graça e não entende, ou as diferenças de idioma e entendimento se tornarem dificuldades no relacionamento.
Como somos resilientes e não desistimos nunca, seguimos na busca de lutar pela adaptação e sair de situações difíceis.