Os melhores vinhos do mundo são chilenos.
O Chile tem um produto que vem ganhando cada vez mais respeito e admiração, nacional e internacional: o vinho. Ele é tão importante que ganhou até uma data comemorativa: o dia 4 de setembro foi oficialmente estabelecido como o Dia do Vinho Chileno por meio de uma lei.
A data remete ao ano de 1545, quando o conquistador Pedro de Valdivia escreveu uma carta ao Rei Carlos V da Espanha pedindo “videiras e vinhos para evangelizar o Chile”. A solicitação abriu as portas para o início de uma nova era. Mais de 450 anos depois, o Chile é destaque entre os grandes produtores de vinho.
O país ocupa o 4º. lugar no ranking de exportadores de vinho, e o 8º. em produção. Mais de 1,8 milhões de pessoas em todo o mundo apreciam os vinhos produzidos em terras chilenas. Entre os grandes apreciadores estão os brasileiros que a cada ano invadem o país para visitar as charmosas vinícolas nacionais.
Eu mesma já fiz minhas incursões pelas vinícolas, bem antes de morar por aqui, quando visitava o Chile apenas como turista. Obviamente, a minha primeira visita, como a grande maioria dos brasileiros, foi à Concha y Toro, uma das mais famosas no Chile. Além disso, essa vinícola fica no Vale do Maipo, bem pertinho da capital, onde é possível chegar, inclusive, de metrô!
Se você quer fugir do óbvio, opções não faltam, já que alguns dos melhores vinhos em todo o mundo são produzidos ao longo de 1.200km de viticulturas em cinco zonas vinícolas com toda a estrutura para receber turistas. Além do Vale Central, onde estão vales de Maipo e Maule, há também os Vales Aconcagua, Casablanca e San Antonio, bem conhecidos por quem visita Santiago.
No Norte, estão os vales de Copiapó e El Huasco e, próximo a Coquimbo, estão os Vales de Elqui, Limarí e Choapa. E, ao sul, também há produção de vinhos nos vales de Itata, Bio-Bio e Malleco.
No Chile, a uva mais famosa é a Carmenère, variedade que foi redescoberta há 20 anos, depois que uma praga destruiu essa variedade na França. A Carmenère virou um símbolo da produção vinícola chilena . Foi com um vinho produzido principalmente com esta variedade, e uma mistura de cabernet sauvignon, merlot e petit verdot, que a Casa Lapostolle ganhou destaque na revista Wine Spectator em 2008.
O vinho Clos Apalta 2005 conquistou o primeiro lugar no ranking com os 100 melhores vinhos do ano na principal publicação nos Estados Unidos e com grande influência internacional. A garrafa é vendida por US$ 120,00 (quase R$ 400,00), e a premiação ajudou a colocar o Chile definitivamente junto às principais regiões produtoras de vinhos tintos de primeira qualidade.
Mas, calma, nem todos os vinhos chilenos premiados custam os olhos da cara. Esse ano um despretensioso Malbec surpreendeu a todos na competição internacional Decanter World Wine Awards, a mais prestigiada e influente do ramo, organizada pela revista Decanter. O vinho La Moneda Reserva Malbec (2015) foi eleito o melhor vinho tinto do mundo na categoria “vinhos econômicos”. A garrafa é vendida no Chile por modestos US$ 6,00, ou R$ 20,00 aproximadamente. O La Moneda é um vinho produzido no Vale Central pela RR Wine.
Na mesma região, outra importante vinícola , a Casas del Bosque, conquistou, por dois anos seguidos (2011-2012), o prêmio de “Viña Chilena del Año” no concurso International Wine & Spirit Competition (IWSC) de Londres. O vinho premiado, nesse caso, foi o Syrah Pequeñas Producciones 2012.
Outra premiação importante conquistada também pela mesma vinha foi entregue pelo guia Le Winery Guide, do brasileiro Flávio Faria. A Casas del Bosque foi escolhida como a melhor vinícola para visitar no Chile, entre quase 300 vinhedos na zona central chilena.
Realmente, o prêmio é justíssimo, pois trata-se de uma vinícola muito charmosa, com fãs muito famosos, como o autor do livro Sideways, que deu origem ao filme de mesmo nome. O escritor Rex Pickett percorreu as vinhas chilenas por meses visitando bodegas e experimentando os vinhos chilenos à procura de inspiração para uma possível sequência de Sideways. Umas das visitas foi justamente à Casas del Bosque.
No mesmo ano em que esse destacado escritor norte-americano esteve por aqui, também fiz um tour pelo Vale do Casablanca, acompanhando uma prima que veio passar férias no Chile. Eu já estava morando aqui e o passeio foi bem no início, o que me ajudou bastante no processo de adaptação porque conheci uma das grandes riquezas e delícias do Chile.
Fizemos uma degustação maravilhosa de onde saímos encantadas com tudo e, obviamente, com os vinhos. Impossível não sair de uma sessão dessas sem passar depois na lojinha e fazer umas comprinhas. Mas é bom ficar atento às normas da Receita Federal para não ultrapassar o limite de até 12 litros de bebida alcóolica na bagagem.
Outra vinícola que visitamos no Vale do Casablanca foi a Indomita, onde fizemos o tour e a degustação. O grande atrativo desta vinha é o restaurante gigante que fica bem no alto e de onde é possível admirar os vinhedos. Além disso, a localização em plena Ruta 68, a caminho de Valparaíso, faz dela um lugar bem fácil de chegar.
Todas as vezes em que visitei vinícolas chilenas foi durante a temporada de verão. Essa é a melhor época porque os vinhedos estão carregados de uvas, o que deixa a linda paisagem ainda mais atraente aos olhos dos turistas. Além disso, em fevereiro, acontece a Fiesta de la Vendimia, a festa da colheita das uvas.
Se você está pensando em visitar o Chile e acredita que aqui só vale a pena vir no inverno, está na hora de curtir um verãozinho chileno e degustar algum dos excelentes vinhos que este país produz. Para os que moram aqui, resta apenas a difícil missão de incorporar esse hábito tão saudável que é o consumo moderado de vinho, e incluir o vinho chileno à dieta diária.
Um sacrifício que vale muito a pena!