Eu venho postergando este post sobre os principais pontos turísticos da Cidade do Cabo… Talvez porque eu goste de guardar segredos. Talvez também porque eu queira que a beleza daqui possa ser saboreada como um bom vinho e acho que na pressa de acumular fotos e lugares, tem muita gente que experimenta a Cidade do Cabo (e lugares turísticos, de um modo geral) como se fosse uma dose de tequila (Sal, tequila, limão e já era! Tira foto daqui, dali, e pronto! Segue em frente!).
Depois de levar turistas brasileiros (e por vezes até sul-africanos!) para visitar as principais atrações turísticas (e outras tantas fora da rota tradicional!), é surpreendente o quanto ainda dá para experimentar esses lugares com a surpresa de quem vê pela primeira vez, e a intimidade de quem já dividiu muitas lembranças, mesmo para quem acabou de chegar!
Se você observar o dia-a-dia de quem mora ali e para quem o passeio que você está fazendo é parte da rotina, pode começar a entender um pouco da beleza além das fotos… que vive na interação dos animais com o lugar, e das pessoas umas com as outras. Existe algo de precioso que não pode ser capturado, e que talvez seja sutil demais para quem está com um script pronto do que ver, e de quanto tempo ficar.
Então que lugares são estes, e com quem visitá-los?
O Waterfront
O ponto turístico mais visitado da África do Sul até 2016 (quando o distrito comercial da Cidade do Cabo ultrapassou em visitas!). Tem uma vista belíssima da Montanha de Mesa, da qual você pode tirar fotos com enquadramentos perfeitos usando as molduras feitas para celebrar a Capital Mundial do Design em 2014. Em meio ao burburinho de restaurantes e compras, as molduras são um chamado de introspecção para apreciar a beleza da montanha, e nos lembrar o quanto nossas atribulações humanas podem ser pequenas frente à ela.
Enquanto caminha pelo amplo complexo de lojas e entretenimento, preste atenção nas apresentações de rua que costumam acontecer por lá: na primavera e verão, há festas a céu aberto duas vezes por mês aos domingos – que misturam, salsa, bachata e kizomba (uma dança típica de Angola) e que são abertas para quem quiser experimentar! Equilibrando o corpo com o intelecto, tem também um tabuleiro de xadrez gigante para arriscar uma partida! Leve pelo menos um amigo ou uma amiga para entrar na dança – e no jogo – juntos!
A Montanha de Mesa ou a Cabeça de Leão (Ou as Duas!)
Uma das montanhas mais antigas do mundo, com o topo completamente plano, você pode subir a Montanha de Mesa de bondinho, mas eu recomendo fortemente que você se prepare para subir até lá a pé: mantenha o pique na academia, estude as rotas (e vá com alguém que conheça) e selecione pelo menos três amigos para ir junto. Se você estiver viajando sozinho/sozinha, tem vários grupos que sobem a Montanha de Mesa regularmente! As vistas são incríveis e a experiência da montanha é muito mais ‘privativa’, especialmente nos meses de pico (dezembro e janeiro), quando o bondinho (e as filas) lota(m). É bem provável que, ao longo do caminho, você veja algumas dassies: estes roedores são os parentes mais próximos do elefante africano, e se parecem com porquinhos-da-índia!
Caso você venha para cá fora da temporada, uma opção incrível – e que é parte do dia-a-dia de quem mora aqui – é subir a Cabeça de Leão. Isto porque, no verão, esta rota fica extremamente cheia e você vai ter que parar em alguns trechos e aguardar outras pessoas passarem. Subindo a montanha em uma espiral, você vai ver a Cidade do Cabo de diversos ângulos e, chegando no topo, vai ter uma vista panorâmica inigualável da cadeia de montanhas da Montanha de Mesa, da cidade e do mar (melhor, só se for de helicóptero, e olhe lá)! Ela também é uma subida mais curta que a Montanha de Mesa, com altitude equivalente a dois terços da primeira. Por ser uma trilha bastante badalada, até dá pra ir sozinha/sozinho no meio do dia, mas é melhor combinar com alguns amigos, e de repente encarar um nascer-do-sol ou pôr-do-sol memoráveis!
O Cabo da Boa Esperança
Clássico nome para os brasileiros que se lembram dos livros de história portugueses, vale a pena visitar este que é o ponto mais ao sul da península oeste (não é o ponto mais ao sul da África, hein!), e se deparar no caminho com animais como babuínos, emas e, no período de agosto a outubro, baleias! Sim!!! Fica de olho na água, especialmente no caminho para a famosa placa ‘Cape of Good Hope’, e você terá grandes chances de avistar as barbatanas destes animais incríveis saindo da água!
Melhor alugar o próprio carro e ir acompanhado para se entreter “procurando” os animais.
O Jardim Botânico de Kirstenbosch
Muito mais do que só para quem gosta de flores (está certo que tem muita gente que vem estudar as espécies florais e pássaros que só existem nesta região do mundo!) Kirstenbosch fica na base da Montanha de Mesa, e é de lá que saem duas trilhas famosas para a montanha: Skelenton Gorge e Nursery Ravine.
Este também é o palco de shows ao ar livre regados a vinhos e queijos, que você leva na sua própria cesta de piquenique! O que pouca gente te conta, é que além das proteas (espécies florais do exclusivo reino Fynbos) você também pode se deparar – como já aconteceu comigo – com uma das cobras típicas da região, entre elas a Mole Snake (não venenosa), a Boomslang (que deu origem à famosa ponte que atravessa o jardim passando sobre as árvores), a Cape Cobra (da família das najas) ou a Puff Adder (acredite, você não vai querer saber mais sobre ela)!
É um lugar para ir com amigos, especialmente se for para participar de um dos shows, e entrar para a turma de um dos recém-conhecidos sul-africanos que você possa ter conhecido aqui!
A Robben Island
Uma ilha de história riquíssima, mais famosa por ter sido a prisão de Nelson Mandela durante 18 dos 27 anos em que ele esteve preso. É um passeio que se faz melhor sozinha/sozinho para voltar no tempo e imaginar como era a vida ali, especialmente na época do Apartheid, regime que, durante quase 50 anos, institucionalizou racismo na África do Sul. Também vai aproveitar melhor a visita quem já tiver um bom nível de inglês – ou levar um(a) intérprete – pois a/o guia turística/turístico da ilha vai passar de 2 a 3 horas falando!
Se você estiver com sorte, vai conseguir ver nas margens do mar uma concha linda de um dos moluscos mais famosos daqui: o abalone. Conhecido como ‘ouro branco’ sul-africano, este molusco foi explorado como afrodisíaco e hoje é protegido pela lei, sendo ilegal tirá-lo do oceano. Sua concha é aberta, e feita em camadas de madre-pérola que refletem a luz!
E por falar em vida marinha, enquanto você aguarda no Waterfront para pegar um dos barcos que a levará para a Robben Island, olhe para a água! Leões marinhos costumam nadar e tomar sol por ali!
A Praia de Camps Bay
Como ponto turístico *extra*, eu não poderia deixar de indicar uma praia… Mas vou fazer mais que isto, vou indicar um ponto específico que é quando você termina de subir a Kloof Nek (estrada que leva até a base da Montanha de Mesa) e começa a descer na direção de Camps Bay, com a Cabeça de Leão do seu lado direito…
Eu costumo dizer que a linha do horizonte aqui na Cidade do Cabo é “alta”. Parece que dá para ver uma porção maior do mar do que normalmente vemos no Brasil. Bem, essa porção do mar extra, especialmente na hora do pôr-do-sol, é magnífica! Com certeza este é o melhor momento/lugar para levar a sua pessoa especial, estacionar o carro e olhar para o mar, com os Doze Apóstolos (que formam a cadeia de montanhas da Montanha de Mesa) às suas costas. Simples e romântico!
Estes seis são só alguns dos pontos turísticos da Cidade do Cabo (vou precisar de pelo menos mais dois posts para cobrir o básico!). Então, quando você vier, faça o favor (para si mesma) de reservar no mínimo cinco dias por aqui. Até lá, vou cutucando a sua curiosidade e imaginação!
2 Comments
Eloah,
Adorei o texto…O jardim botânico é mesmo encantador!!! Minha melhor amiga é da Cidade do Cabo e tive a felicidade de voltar a cidade e tê-la como guia. Como você disse , esses pontos citados são apenas alguns… A cidade é super receptiva ao turismo. A geografia é muito parecida com a do Rio de Janeiro e quando minha amiga foi ao Brasil comigo comentou dessa semelhança também!!!Quando fui esse ano procurei se tinha alguém escrevendo sobre a cidade para mais um encontro BPM e você ainda não fazia parte do time… quem sabe na próxima?
Que legal que gostou, Renata! A gente não espera tanta coisa para fazer num lugar só, né? Me manda uma mensagem na próxima vinda, sim!