Teto de vidro feminino e a Polônia.
Teto de Vidro
A metáfora do teto de vidro representa uma barreira invisível. Isso impediria um determinado grupo demográfico de ultrapassar um determinado nível de participação social. Esse conceito se aplica especialmente quando falamos de posições de liderança.
Essa expressão é comumente aplicada a minorias, como mulheres, pessoas LGBTQ, pessoas portadoras de necessidades especiais, ou imigrantes. Também se refere tanto à iniciativa privada quanto a posições públicas, e até acadêmicas.
Índice do The Economist
No campo feminino, o teto de vidro se refere a “barreiras invisíveis” que barram as mulheres de ascenderem ao topo. Isto é, posições de liderança em uma estrutura hierárquica pública ou privada, por promoção ou eleição.
A revista americana The Economist tem publicado anualmente um índice dedicado a comparar o teto de vidro entre diversos países.
O Glass Ceiling Index (nome original, em inglês) combina dados sobre custos com creche e escolas, direitos (e licenças) maternas e paternas, acesso e diplomas de ensino superior, participação na força de trabalho, remuneração, e principalmente representação feminina (%) em posições de liderança.
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O sistema trabalha com o método de pontuação, sendo 100 o nível mais alto de pontos que se pode alcançar. Desde 2016, Islândia e Suécia se alternam no topo da lista com mais de 80 pontos, sempre seguidos por Noruega e Finlândia.
O Brasil não está incluído no estudo e não figura no índice.
Polônia
Em 2016, a Polônia apareceu logo atrás dos nórdicos no índice. O país ficou com mais de 60 pontos e em 5º lugar. Muito à frente da vizinha Alemanha (19ª), dos Países Baixos (24ª), ou de outros países da região.
Nos anos seguintes, a Polônia manteve sua pontuação, mas perdeu sua posição no índice.
Em 2017, a França (5ª posição) e a Dinamarca (6ª) aumentaram suas respectivas pontuações, o que fez a Polônia cair para a 7ª posição.
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Já em 2018, a Polônia aparece na 10ª posição, atrás agora também da Hungria (9ª), Portugal (8ª) e Bélgica (6ª).
Em 2019, a Polônia conseguiu retomar a 8ª posição, à frente de Portugal (9ª) e Hungria (10ª).
Finalmente, no índice de 2020 (publicado em 6 de março 2021) a Polônia aparece na 10ª posição, desbancada pela Nova Zelândia (9ª) novata no top 10.
Análise
A Polônia é historicamente um país em que as mulheres possuem forte participação sócio-político e cultural e nível educacional elevado. Com isso, um elevado nível de igualdade é alcançado em diversos aspectos da sociedade polonesa.
Esses são os principais aspectos que levaram a Polônia a figurar entre os top 5 países no mundo no índice de paridade laboral da publicação americana em 2016.
Ao mesmo tempo, o índice do The Economist mostra que ao longo dos anos, outros países têm investido em avanços para a igualdade de gênero. A Polônia estagnou.
Nesse ponto, há quem diga que entre as possibilidades dentro de uma democracia, este é o pior tipo de retrocesso: a falta de visão para o futuro. A falta de manutenção de medidas que deram certo e falta de avanço com aquelas que ainda precisam de aperfeiçoamento.
Se o governo e a sociedade polonesa contarem apenas com conquistas passadas e se não desenvolverem políticas de direitos humanos, sociais, econômicas e de incentivo à igualdade de gêneros, o país estará fadado a ficar cada vez mais para trás.
Fontes
The Economist – Índice de 2016, Índice de 2017, Índice de 2018, Índice de 2019 e Índice de 2020