A culinária libanesa é uma das mais famosas e populares em todo o mundo e isso se deve à história cultural do Oriente Médio entre os séculos 16 e 20 e à influência que os povos mediterrâneos e europeus exerceram na antiga Fenícia.
A miscigenação cultural regional ocorrida nesta época contribuiu para o surgimento de uma gastronomia rica e singular, também inspirada na culinária síria, e que se difundiu e agradou os paladares não apenas do Oriente, mas de todo o Ocidente. A culinária libanesa representa os hábitos, costumes e influências do povo libanês em todo o seu contexto histórico e cultural, um povo que passou por 11 civilizações dominantes em toda a sua história.
Dos turcos foram herdados o azeite de oliva, os pães, os vegetais recheados, as frutas secas e a coalhada, e do protetorado francês, a influência e adoção de vários pratos franceses. A culinária libanesa é repleta de aromas, temperos, especiarias e ervas, frutas, verduras e legumes frescos, conservas, azeite, trigo, lentilhas, açafrão, canela, gergelim, pimenta, cravo, noz-moscada, cominho, páprica, coentro, cebolinha, salsa e hortelã. Tais especiarias valiam quase que seu peso em ouro, e isso impulsionou fortemente as grandes navegações de comércio nos séculos 15 e 16.
O preparo e conservação de alimentos perecíveis em água e especiarias, azeite ou vinagre é uma prática antiga, usada para estocar os suprimentos de alimentos durante o inverno. E toda essa gama e diversidade de especiarias, ingredientes frescos e singulares, além de algumas especialidades próprias, em sua maioria, foram readaptadas de pratos de outros países, tornando a culinária libanesa uma das favoritas na gastronomia do mundo.
Comer bem, com variedade e em abundância, bem como servir bem os convidados, é uma expressão de generosidade e de boas vindas em todo o mundo árabe, e no Líbano isso não é diferente. O anfitrião libanês sente prazer em agradar e homenagear seu convidado, e de demonstrar o afeto e alegria por tê-lo em sua mesa através dos verdadeiros banquetes oferecidos por hábito. A retribuição do convidado, por sua vez, consiste em fartar-se além do normal como manifestação de satisfação e alegria pela generosa hospitalidade.
Em um almoço ou jantar libanês, seja em casa ou em restaurantes, sempre começa com o tradicional “mezze” (entrada). “Mezze”, apesar do acento francês da palavra, vem da expressão árabe “alloumaza”, aquilo que é degustado e saboreado delicadamente com a ponta dos lábios, e consiste em várias porções de conservas e iguarias servidas em pequenos pratos, para serem degustados com o tradicional pão árabe, sem o uso de talheres.
O “mezze” surgiu na cidade libanesa de Zahle, em virtude dos hábitos do povo local, que costumava reunir-se nos bares e restaurantes para beber o tradicional “Arak”, bebida alcoólica tradicional, destilada da uva e aromatizada com anis, para ser diluída com água gelada, e degustar pequenas e variadas porções de “tira-gosto”, isso já no inicio do século passado. Com o tempo, a tradição se espalhou por todo o mediterrâneo.
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Um “mezze” tradicional, geralmente, é seguido por saladas como tabule e fattouch, até que então sejam servidos os pratos quentes e principais, que consequentemente são seguidos por arroz, frutos secos, carnes, legumes e terminam em frutas frescas, doces em caldas perfumadas, e o tradicional café árabe (sem coar). O “labneh” ou coalhada seca, cujo preparo é um dos mais antigos processos culinários do mundo, é encontrado na maioria das refeições, consumido nas mais variadas formas e, ainda, usado no preparo de diversos outros pratos.
Outro coringa na culinária libanesa é a famosa coalhada, que pode ser consumida doce ou salgada, líquida ou pastosa, fresca, seca, ou cozida; tanto no café da manhã como no mezze. E se não fosse o bastante, ela ainda pode ser usada como acompanhamento, base para outras receitas, tempero, e até mesmo como uma bebida tipo iogurte caseiro, desde que ela seja diluída em água, com ou sem açúcar, e até batida no liquidificador.
Um dos mais conhecidos sanduiches libaneses não é o “Beirute”, que todo mundo conhece no Brasil – aliás, só no Brasil existe esse sanduíche – mas o “Shawarma”, que é feito com fatias finas de carne ou frango, que são assados num espeto vertical, e servidos dentro do pão árabe, juntamente com pepino em conserva, tomate, cebola, coalhada seca ou pasta de alho e até batatas fritas.
Na parte de saladas, tanto o tabule quanto o fattouch são preparados com tomate, pepino, hortelã e salsinha; porém no tabule acrescenta-se trigo fino cru, e no fattouch, apenas pequenos pedaços de pão árabe torrados. O quibe pode ser frito, assado e cru, e ainda, ter diversos tipos de acompanhamentos, como é o caso do “quibe saynieh”, que é feito na bandeja com coalhada, pepino e hortelã seca.
A “Koussa be Laban” é a já conhecida abobrinha recheada e cozida na coalhada; sua variação é feita com molho de tomate. Além dos pratos feitos à base de carnes de cordeiro ou de boi e dos pratos preparados com frango, anda há delicioso pratos preparados com peixes, e que acompanham um delicioso molho feito com “tahine”. Nem vou começar a mencionar todos os pratos, porque a lista de opções é enorme e, certamente, eu não me lembrarei de tudo.
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Alguns itens da culinária libanesa, apesar de incomuns para muitos ocidentais, são extremamente tradicionais no oriente, como: cardamomo, cominho, mahleb, pimenta síria, zaatar, água de rosas e água de flor de laranjeira, essência de romã, snoubar, sumak, tomilho seco, m’loukhiye, kishk, miski e etc.
Os doces árabes são muito elaborados e o acento de sua doçaria assemelha-se aos das confeitarias portuguesas e às compotas e doces regionais (ou de fazenda) encontrados no Brasil. É comum encontrar nos doces árabes muitas nozes, amêndoas, frutas secas, mel, todos aromatizados com as águas de rosas e de flor de laranjeira, como é o caso de um dos mais famosos do grupo, o baklawa.
Numa outra oportunidade eu falo mais detalhadamente sobre os pratos típicos libaneses; o texto de hoje foi apenas uma introdução generalizada.
7 Comments
Claudia, que tentações! Amo tudo, amo demais! Em casa fazemos kibbeh direto, mas fazemos a receita síria – a mistura de especiarias que é a pimenta síria, também faço em casa. Ai, e esses doces… Fiquei com vontade de layali lubnan! Bjs
Sim, Cris é tudo muito gostoso e engorda..hahahhahah
Eu como esporadicamente comida libanesa pra nao enjoar… (E ENGORDAR) =P
Claudia, fiquei com ‘agua na boca de ler seu post. Fiquei com tanta agua na boca que achei um restaurante libanes em Perth e vou hoje hahaha.
Nao vejo a hora de ler seus outros posts sobre esse pais encantador. Estudei um pouco da cultura area na danca do ventre (dancei por anos).
Beijos
Ha muitos libaneses na Australia, Aline… Aproveite!!! =D
Quando tiver um tempinho, leia os posts antigos, ja falei muitas coisas sobre a cultura libanesa aqui no blog.
PS: Tambem ja dancei por anos e me aposentei ha anos… hahhaha
Bjssss
Cláudia manda um post sobre arguile ok
Eu morei em Aley e realmente a comida è nota mil!!
Eu morei em Aley e realmente a comida è nota mil!