Adaptação no Peru.
Não foi fácil minha adaptação no Peru e confesso que as vezes bate uma vontade de voltar para São Paulo. No início foi pior; tive que superar vários desafios.
No começo tudo é novidade, após 3 meses o “bicho pegou”; entrei em um momento onde me sentia um peixinho fora d’água e me deprimi. Acabei tendo, como consequência, alguns problemas de saúde e perdi muito peso; tudo ocasionado por má alimentação e estresse emocional.
Um dos motivos que mais me afetou foi por que sou um pouco especial para comer, e senti muita falta das nossas comidas, do tempero etc. Aqui as comidas são bem diferentes, e isso me chocou um pouco.
Outro motivo que deixou minha adaptação um pouco mais difícil, é que nunca fui boa na cozinha, e nunca tive interesse de aprender a cozinhar. Eu sempre dizia para minha mãe, “quando eu casar vou aprender”. Rsrs. Casei com um peruano e logo em seguida mudei para o Peru. E eu não aprendi a cozinhar.
No início, tentei comer fora de casa, mas tudo me caía mal; meu estômago se recusava a ajudar. Meu esposo, como trabalha fora, sempre faz suas refeições no trabalho, então eu não tinha essa preocupação por ele. Mas fiquei mal de saúde, e não tive saída: o jeito era ir para cozinha e aprender de alguma forma a cozinhar pratos brasileiros.
Depois do problema com alimentação, veio o emocional; comecei a me sentir extremamente só. Meu esposo trabalhava e eu não conhecia nada da cidade. Também não falava espanhol, então não conseguia comprar nada, porque ninguém me entendia, e eu tinha muita vergonha.
Mas, graças a Deus, o espanhol não é tão difícil, e agora já aprendi. Mas continuando, o meu momento de deprê foi forte, eu não tinha amizades, não tinha ocupação. Estava aquele dia lindo de sol e eu, que sempre gostei de dar um pulinho na praia, pegar aquele bronze, tinha que me conformar em ficar em casa. A praia mais próxima fica a 3 horas da cidade.
Foi bem difícil, porque odiava estar sozinha. Acostumada a trabalhar, foi difícil estar todo o tempo em casa.
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Hoje estou trabalhando em um colégio particular, ensinando informática. Já tenho várias amizades e uma nova família também. Aos poucos a gente vai se acostumando com a nova vida.
Agora vou mencionar alguns pontos que me chamaram atenção em relação às pessoas e à cultura peruana, aqui da cidade onde vivo, Arequipa, nesse meu primeiro ano no Peru.
- Aqui as pessoas são bem reservadas e um tanto desconfiadas, então elas demoram mais para se abrir para fazer amizades. É difícil alguém ligar e chamar para sair ou para tomar um cafézinho. Mas são sempre muito amáveis e recebem bem os estrangeiros.
- O país é extremamente católico; em cada praça ou parque aqui de Arequipa, sempre vamos encontrar um altar de adoração para algum santo, e em todos os lugares públicos, ou no taxi no ônibus sempre vamos encontrar também um santinho pendurado. É raro um lugar que não tenha uma imagem. Algumas pessoas aqui são católicas ao extremo.
- O transporte público é bem desorganizado; os motoristas são bem loucos. Sinalização? Seta para entrar ou sair? Motoqueiros usando capacete? Nada disso. É um veículo entrando na frente do outro, e o incrível é que não há acidentes e eles são educados, não falam palavras feias. O bom do transporte publico é o preço da tarifa de ônibus, que custa 80 centavos. Para quem quer fazer uso de táxi, é uma maravilha porque combinamos o preço com o motorista antes da corrida e quase sempre não passa dos cinco soles, o equivalente a 5 reais.
- Aqui existe um grande comércio de comidas. Há restaurantes por todos os cantos, e também ambulantes vendendo café da manhã e outras diversidades. Em cada esquina encontramos um carrinho de lanche ou comida. Eu, particularmente, adoro. O pessoal aqui come muito. Aqui eles tomam um forte café da manhã, e almoçam; é raro jantar à noite.
- Ainda que seja um dia de imenso calor, é quase impossível encontrar uma pessoa de bermuda, ou qualquer roupa de verão. As pessoas sempre estão abrigadas, de jeans, tênis e casaco. É da cultura mesmo, eles não expõem o corpo, com roupas mais abertas, blusas com decotes, mini-saias, nada disso. Me sinto rara quando saio com meus vestidos, parece que sou de outro planeta.
Este mês, estou arrumando minhas malas para viajar para o Brasil. Já estou pensando em tudo o que quero comer chegando lá, aquele pastel de feira com caldo de cana … hummm…
Vou passar um mês apenas, para matar as saudades mesmo. Ainda não vamos voltar de vez para o Brasil, porque Arequipa é uma cidade bem tranquila e se vive bem com pouco; tudo é muito econômico.
O índice de criminalidade de Arequipa é bem baixo. A cidade é bem tradicional, e como já fui vítima da delinquência no Brasil, aqui me sinto mais segura.Também quero ter um bebê, e isso influencia bastante na minha decisão de viver aqui. O que posso dizer deste ano aqui no Peru é que tem sido uma grande aventura, e que quando estamos longe, aprendemos a dar mais valor à nossa família e às coisas simples que fazíamos em nosso país de origem. Partiu Brasil!
4 Comments
Olá, Jéssica,
Eu sou brasileira e moro em Arequipa, lendo seu blog me identifiquei bastante com voce.
Eu também sou casada com um peruano, e estou passando por essa fase de adaptacao.
E queria ter contato com brasileiros por aqui, eu conheco a Bola de Neve e nao sabia que existia essa igreja aqui.
De qualquer forma caso se interesse em fazer uma amizade brasileira.
Obrigada, pela sua atencao-
Jucicléia
Olá Jucicleia,
A Jéssica Soares, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Eu gostaria de ter um contato da Jéssica, é possível?
Olá Nilza,
A Jéssica Soares, infelizmente parou de colaborar conosco e não temos autorização para enviar contatos de ex-colunistas.
Obrigada,
Edição BPM