Depois de dois anos de casada, eu e meu esposo começamos a sentir uma necessidade cada vez mais forte de ter um bebê e aí, começamos a nos planejar e investigar muito sobre o assunto.
Bom, na verdade desde que nos casamos, nunca nos cuidamos. Estávamos pensando assim: Se vier um filho, será legal, mas enquanto não acontece, continuaremos curtindo nosso casamento.
Foram muitas tentativas durante este ano, fazendo aumentar ainda mais nossa expectativa. A família no Brasil, mais precisamente meus pais, estão a espera de um netinho. Comecei a perceber que algo não ia muito bem, porque simplesmente não rolava. Cada mês era uma tortura e nada acontecia. Tive vários sintomas de gravidez e nada. Foi aí, que comecei a sentir que algo poderia estar acontecendo.
Por estar longe da minha mãe, sozinha por aqui, me bateu uma insegurança e até uma vontade de voltar ao Brasil para buscar ajuda de um especialista e também poder contar com o apoio da minha família.
Esse medo de buscar ajuda aqui, me deixava ao mesmo tempo confiante de que não seria necessário procurar por um médico, pois tinha a esperança de que Deus fizesse um milagre.
Confesso que foram meses frustrantes, de choro e de várias ligações para minha mãe. Eu já estava querendo pegar o primeiro avião e ir embora. Sim, é realmente isso que vocês estão lendo e talvez possam estar pensando, de que eu sou uma bobona pelo fato de não ter buscado logo um médico para tirar todas as minhas dúvidas. Apesar disso tudo, uma das partes mais difíceis para mim, foi perceber a reação das pessoas com quem falei que não estava conseguindo engravidar. Isso me deixou super mal, porque ouvia várias coisas negativas.
Até que chegou um dia, em que tomei coragem e fui até um posto médico para me consultar com uma ginecologista.
Atendimento médico público em Arequipa
O bom do atendimento médico em Arequipa, é que em cada bairro existe um posto de saúde com muitos especialistas. Aqui sempre tem médico, os postos estão sempre bem limpinhos e não há filas extensas para ser atendido. As enfermeiras e os médicos são bem educados e te tratam de forma respeitosa.
Quando fui ao posto de saúde pela primeira vez, usei minha identificação de estrangeira. Eles abriram uma ficha e eu paguei 10 soles (o equivalente a R$10,00 reais) para passar na consulta. Na sequência, me deram uma carteirinha de atendimento e não demorou muito. Logo me chamaram e sem brincadeira, fiquei quase uma hora na sala do Clínico Geral. Depois disso, me encaminharam para a ginecologista que de primeira, solicitou o teste de HIV tanto para mim quanto para o meu esposo por ser um procedimento padrão. Em seguida, a médica me pediu uma ecografia transvaginal e paguei 30 soles (aproximadamente R$ 30,00 reais) para realizar este exame que fiz rapidamente.
Quando saiu o resultado, estava bem nervosa e pensando em muitas coisas negativas. Antes mesmo de abrir o exame, estava quase chorando. Afinal, tenho quase 30 anos e parece que o reloginho materno resolveu despertar.
O resultado do meu exame indicou que tinha ovários policísticos – “Distúrbio endócrino que provoca alteração nos níveis hormonais, levando a formação de cistos nos ovários”.
Levei um susto, porque não tinha conhecimento do que era. Minha primeira pergunta para a médica foi: vou poder engravidar? Para minha alegria, não era algo tão grave e existe tratamento. Depois desta descoberta, a médica perguntou como era meu ciclo menstrual e, realmente, meu ciclo era muito irregular e além disso, eu estava produzindo muito hormônio masculino. Se eu não realizasse o tratamento agora, poderia levar ainda mais tempo para conseguir engravidar.
O pior de tudo para uma mulher que deseja engravidar e que já está tentando há um bom tempo, é escutar que não acontecerá tão cedo e que o tratamento demorará um pouco. Poxa, comecei a pensar que se eu tivesse buscado um médico antes, provavelmente já teria terminado o tratamento, mas enfim, a solução foi começar o tratamento o quanto antes já que estava previsto para durar seis meses. Durante esse período, eu deveria tomar anticoncepcional, pois é ele ajuda a regularizar o ciclo.
Fiquei tão triste assim como meu esposo, mas penso ter sido necessário passar por isso para eu deixar de ter medo. Sempre que me passa algo agora, não demoro para buscar ajuda.
Conversei com minha família no Brasil e eles me apoiaram bastante. Sabe como é mãe né? De primeira, minha mãe me disse para eu voltar ao Brasil para ela me ajudar, mas as coisas não funcionam assim. Quando a gente decide viver em outro país, precisamos entender que vamos passar por algumas dificuldades, vamos chorar, sentir saudades de casa e a vida segue. O importante nesse processo, é saber se virar, ser forte e enfrentar.
Depois de tudo comecei meu tratamento. Fiquei muito contente com o atendimento e o cuidado que tiveram comigo no posto de saúde.
Durante todo o período em que precisei tomar o medicamento, sempre estive orando a Deus para que me ajudasse e para que as pílulas estivessem sendo eficazes. A médica me orientou a retornar para uma consulta um mês antes de concluir a medicação.
Já se passaram cinco meses de tratamento desde que fui pela primeira vez e há 15 dias, retornei ao posto de saúde. Fiz outra ecografia e para minha alegria, já não tenho mais cistos, meus ovários estão limpos.
Sai de lá radiante! Agora é continuar tentando. Porém, buscarei uma clínica particular para saber o que precisaremos fazer para ter o nosso filhinho. Não porque o posto seja ruim, mas sim porque também existem ótimas clínicas por aqui. Pretendo continuar com a mesma médica, agora em seu próprio consultório.
Deixo um relato pessoal, mas quem sabe para o próximo post, eu escreva sobre como é estar grávida e como é fazer o pré natal aqui no Peru.
Até mais! Gracias!
1 Comment
Minha esposa sofreu com pouca informação, desde médicos que não dominavam os critérios para os diagnóstico da síndrome do ovário policístico até nutricionista que parou no tempo e fica repetindo fórmulas prontas que atrapalham mais que ajudam.
Depois que descobriu que era possível tratar de forma natural agora sabe o que é ter qualidade de vida, não viver lutando com medicamentos e sintomas eternamente.