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    Home»Quênia»AIDS, o assassino que o Quênia finge não existir
    Quênia

    AIDS, o assassino que o Quênia finge não existir

    Daniela MilaniBy Daniela MilaniSeptember 27, 20172 Comments5 Mins Read
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    Em minha coluna deste mês falarei sobre a AIDS, a epidemia que parece um tema batido e antigo, sobre o qual a sociedade queniana recusa-se a falar a respeito. Nas duas horas em que demoro para escrever este texto, 9 quenianos morrerão em decorrência de complicações causadas pelo vírus HIV. Um número que anda na contramão de uma sociedade mais evoluída e com mais informação. Segundo dados da UNAIDS, este ano, 36 mil pessoas morrerão em decorrência da doença no Quênia; 59% dos adultos fazem tratamento retroviral; e a maioria dos portadores do vírus desconhece sua infecção.

    Outro dia, uma conhecida minha queria contratar uma empregada doméstica. É muito comum que os trabalhadores domésticos façam exames admissionais, incluindo exames parasitológicos e de sangue. Comentava comigo esta conhecida que estava assustadíssima, pois das 5 candidatas que haviam feito os exames, 3 eram soropositivas e não sabiam.

    Este pequeno parágrafo, excluindo-se o julgamento se é correto ou não fazer exame de sangue admissional para contratar uma empregada doméstica, demonstra a triste realidade de uma sociedade onde boa parte de seus membros têm causa mortis certa. A Aids vem corroendo há anos as sociedades africanas e diminuindo consideravelmente sua expectativa de vida. Ceifando vidas jovens e produtivas na calada de uma gripe ou de um simples resfriado. Outro dia, o gerente de um restaurante que gosto muito morreu, aos 30 anos. Causa mortis? Infecção agravada pelo HIV. Morreu de um dia para o outro. Desconhecia que era HIV positivo. Nunca fez o teste, tinha o conhecimento mas achava que era jovem demais para ter AIDS.

    Conversando outro dia com a atendente de uma loja, uma moça bonita, bem vestida de boa conversa e excelente vocabulário, que conhecia muito do mundo e sabia bastante especialmente do Brasil (não por ter estado alguma vez em nosso país, mas sim porque lia bastante e gostava de estar bem informada), a conversa enveredou por diversos assuntos, até que ela me perguntou como era no Brasil, se os homens eram circuncidados. Respondi que dependia da cultura e da indicação médica. Ela me disse, tranquilamente, que aqui no Quênia as mulheres gostavam de homens circuncidados, pois acreditavam que eles não transmitiam e nem contraiam AIDS. Ela mesma, solteira, disse que não acreditava que a AIDS existisse da forma como contam e que não gostava de usar preservativo com o seu parceiro, pois repetia diversas vezes que ele era circuncidado, portanto, seguro de acordo com suas crenças.

    Esses exemplos que citei acima são demonstrativos do quão fatal pode ser para uma sociedade não conversar sobre seus tabus. Como dito em textos anteriores, os tabus aqui são grandes e bem escondidos, pois precisamos aparentar fazer parte de uma sociedade perfeita.

    Como em qualquer outro lugar do mundo, os grupos de maior prevalência de Aids são os homens que fazem sexo com outros homens, usuários de drogas injetáveis e mulheres. As mulheres aqui merecem atenção especial no quesito transmissão de HIV. Como mencionei nos textos anteriores, as mulheres aqui são mais vulneráveis a serem contaminadas do que em outros lugares por diversos fatores. O primeiro deles é, claro, a desinformação e o sistema de crenças, que limita a ideia sobre o HIV. Outro motivo que as deixa extremamente vulneráveis é o fato de que boa parte delas casam-se com idades inferiores a 15 anos de idade e engravidam logo em seguida. Como dito antes também, as mulheres que são mutiladas tornam-se alvo certo para a infecção. O último e mais importante fator, que faz com que as mulheres sejam um forte ponto de contaminação pelo HIV, é o fator da poligamia ser aceita e certificada pela constituição do Quênia. Logicamente, um marido polígamo contaminado pelo HIV transmitirá, de forma legal e com anuência da sociedade, AIDS para suas 3, 4 ou 5 mulheres.

    Faz um ano e meio que vivo aqui. Até hoje não assisti na televisão, não vi em outdoors e nem em campanhas publicitárias, nada que seja dito sobre a AIDS. Não existe uma campanha oficial e enfática sobre o uso de preservativo. Isso, que organizações internacionais famosas por sua militância contra a AIDS têm suas bases instaladas no Quênia.  Não há educação sexual nas escolas. Não se fala sobre o assunto. Tenho a impressão de que as pessoas pensam que se não falarem estarão protegidas, o que é um ledo engano. A expectativa de vida noQuênia é de 60 anos e as causa mortis principais são, em ordem de importância: 1) pneumonia e 2) AIDS. Não existem dados que correlacionem a primeira com a segunda, mas é bem provável que a pneumonia seja uma complicação da Aids. Junte isso com a má nutrição e a pobreza e teremos uma bomba relógio explodindo na razão de uma guerra da Síria por ano.

    Aparentemente, o governo começa a dar-se conta de que suas campanhas discretas têm sido ineficientes e demonstra vontade de ser mais agressivo, mas, por enquanto, estamos na vontade e nada efetivamente foi iniciado.  A esperança é de que as campanhas de prevenção ao casamento infantil, campanhas de uso de preservativo e a lei que impede a mutilação genital comecem a gerar frutos. Mais uma vez, as mulheres ficam em situações extremamente vulneráveis e totalmente a mercê de terceiros, inclusive no que diz respeito a situações de saúde. Uma nova faceta triste de como é ser mulher em um país africano.

    Precisamos falar para que isto possa mudar. Esperamos que, no futuro, isso possa ser apenas uma triste lembrança de tempos sombrios em uma sociedade mais consciente e mais cuidadosa.

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    Daniela Milani
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    Daniela é de Curitiba, empresária e cirurgiã-dentista formada pela Universidade Estadual de Londrina. No início deste ano ela topou o desafio de mudar de continente com o marido, três filhos e um cachorro. Atualmente mora em Nairóbi no Quênia e, apesar de não trabalhar em Nairóbi, continua administrando sua clínica odontológica em Curitiba através da internet.

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    2 Comments

    1. Marcela on September 27, 2017 7:35 pm

      Olá Daniela,
      Sábia decisão em abordar essa “epidemia” africana. Parabéns, pois mesmo sendo uma doença conhecida e tratada com eficácia por nós brasileiros, é um tabu na África, como bem disse.
      Lendo seu artigo, me lembrei do filme “O jardineiro fiel” que fala sobre a (má) influência da empresa farmacêutica nos países africanos, assim me questiono e a ti, claro: como é a atuação das farmacêuticas no Quênia? Há distribuição de medicamentos como no Brasil? Acredito que não.
      Poderia ser uma continuação desse excelente artigo.
      Abraços

      Reply
      • Daniela Milani on October 5, 2017 10:45 am

        Olá Marcela, tudo bem? Para os pacientes que são diagnosticados como HIV positivos sim, o governo paga as despesas com a medicação. Na verdade, como disse, acho que por isso que não fazem campanha preventiva, pois o governo paga a medicação e alguém da indústria farmacêutica deve fazer lobby para que não existam campanhas preventivas, pois se dependesse do povo pagar sua própria medicação as indústrias iriam à falência. São vários os problemas, realmente uma situação complicada e triste. Vou aceitar sua sugestão e farei a sequência deste artigo. Um beijo

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