A pandemia vai acabar após a aprovação das vacinas contra o COVID-19?
Com muita esperança, lemos e vimos as notícias da primeira aprovação de uma vacina contra o COVID-19, na Inglaterra, em final de novembro de 2020.
Sua distribuição começou ainda em dezembro, priorizando grupos de risco. Eventualmente o acesso será concedido para toda a (ou uma boa parte da) população.
Essa vacinação ocorre por etapas porque existe uma logística inicial a ser considerada e planejada em relação à produção e distribuição em massa, que usualmente segue a aprovação de medicamentos e vacinas.
A pandemia vai acabar após a aprovação das vacinas contra o COVID-19?
Isso é particularmente a situação com essas vacinas contra o COVID-19 cujo desenvolvimento ocorreu em tempo recorde e, portanto, com tempo limitado para a produção em massa.
Porém, com o passar das semanas, mais vacinas estarão acessíveis para atender a demanda em nível nacional e mundial.
A Pfizer e sua parceira, a BioNTech, foram as pioneiras nesse grande feito de conseguir desenvolver uma vacina que mostrou ser segura e com uma eficácia de mais de 90%. Sua aprovação inicial no Reino Unido será provavelmente seguida por um efeito dominó de aprovações pelos próximos meses em outro países.
Leia também sobre a pandemia de Covid-19 na Índia
No final do ano de 2020, havia pelo menos 11 vacinas em testes finais em fases 2 e 3 em várias companhias, especialmente nos Estados Unidos e Europa.
A vacina desenvolvida pela companhia chamada Moderna estava sendo avaliada para aprovação pelo FDA (Food and Drug Administration – órgão responsável por avaliar e aprovar remédios e vacinas nos Estados Unidos) quando esse artigo foi escrito em meados de dezembro/2020.
Certamente a aprovação da primeira vacina em final de dezembro/2020, em vez do primeiro trimestre de 2021 como esperado, foi um breakthrough (grande avanço) na luta para a contenção da pandemia.
Isto reacendeu a expectativa das pessoas, em geral, para o possível retorno à alguma normalidade no início de 2021.
Mas será que ter uma vacina efetiva e segura é tudo o que precisamos para o fim da pandemia?
A resposta curta para essa pergunta é: ‘não’.
Por várias razões.
Uma pandemia por definição é uma situação que ocorre quando uma doença (normalmente de caráter infeccioso/contagioso por contato direto ou indireto) afeta muitas regiões no mundo de forma abrupta, simultânea e progressiva causando um impacto sério no setor médico, na saúde pública e nas áreas social e econômica.
Como está ocorrendo com o COVID-19.
Leia também: Segunda onda da Covid-19 no Brasil
E devido a essa complexidade, a resolução de uma pandemia é multifatorial. É necessário levar em conta fatores como:
- prevenção de novos casos e contenção da contaminação,
- tratamento efetivo e conhecimento compartilhado entre as comunidades médicas,
- controle das doenças associadas,
- impacto econômico,
- consequências de saúde a longo prazo,
- pesquisa constante para mais conhecimento sobre o vírus e sobre imunização e a recuperação social/mental/emocional das sociedades.
Adicionar vacinas, portanto, nos dará uma grande chance na luta contra o Covid-19 nesse momento mas, vacinação, por si só, não acaba com uma pandemia, por conta de seu caráter multifatorial.
Portanto, a imunização em massa (embora seja um fator importante na contenção da pandemia) deve ser associada à várias medidas relacionadas aos fatores descritos acima.
Por exemplo, incentivar medidas preventivas a partir de orientações médicas para que os indivíduos ajudem na contenção do contágio.
A classe médica precisa de apoio contínuo ao seu trabalho e compartilhamento de protocolos efetivos de tratamento.
Os cientistas necessitam continuar os estudos para melhor entender a doença, e medidas políticas são também cada vez mais necessárias para a recuperação financeira das pessoas e do país além de apoio à saúde pública.
Também é importante, para a contenção da pandemia, que a pesquisa para o desenvolvimento de novas medicações e vacinas prossigam concomitante à monitoração da segurança/efeitos colaterais das vacinas já aprovadas e que estão sendo aplicadas pelo mundo afora.
Por ser uma doença nova, muito já foi feito em 2020 mas muito ainda está a ser descoberto e definido nos setores de prevenção, tratamento e novas tecnologias de imunização/vacina segura e eficaz a longo prazo.
Concluindo: o que fazer nessa nova fase da pandemia com a aprovação das primeiras vacinas?
Mesmo com a esperança renovada com as novas vacinas, ainda é importantíssimo que as medidas de higiene, uso de máscaras e distanciamento físico continuem para evitar disseminação viral e futuros lockdowns.
É necessário que haja também um esforço coletivo dos médicos, cientistas e lideranças políticas para priorizar o bem estar do indivíduo e a recuperação social e econômica das sociedades.
Como indivíduos, precisamos exercer a nossa cidadania de uma forma muito pontual.
E o que significa ser um cidadão de verdade? Significa exercitar direitos e deveres civis, sociais e políticos para o bem comum.
Ou seja, direitos e deveres devem andar sempre juntos, uma vez que, ao cumprirmos nossas obrigações, permitimos que o outro exerça também seus direitos e vice-versa.
Portanto, vamos cooperar o máximo possível, no que pudermos para voltarmos a algum tipo de normalidade que seja benéfica para todos.
Se fizermos a nossa parte, nos livraremos dessa pandemia o quanto antes.
Escute também o meu podcast “Vida sem fronteiras” sobre a pandemia.
Não está sendo fácil, mas isso tudo vai passar!!