Mês de maio, mês das mulheres, das noivas e mês dedicado principalmente às mães. Mães que geram vidas, mães que cuidam, mães que acima de tudo amam incondicionalmente. Agora me diz aí: qual a sua cor favorita? Prefere doce ou salgado? Qual o nome da sua mãe? Viu só, você nem pensou e me respondeu, certo? Apesar da simplicidade dessa última pergunta, o mesmo não acontece nesses lados de cá do planeta.
Você sabia que muitas pessoas do Oriente Médio não dizem o nome de suas mães em público? Dizer o nome da mãe é por mais incrível que pareça, algo considerado vergonhoso, já que para muitos o nome da mãe pode ser usado para fazer piadas e brincadeiras de mau gosto. Culturalmente por aqui, se um amiguinho ainda na infância sabe o nome da sua mãe, essa informação pode ser usada contra você, a fim de te ofender. Para nós, brasileiros, isso soa tão estranho, não é mesmo?
Para você ter uma ideia, é comum ver por aqui convites de casamentos escritos da seguinte maneira: “a filha de fulano” no lugar do nome da noiva. Ou em outros momentos: “mãe de beltrano” (geralmente o “beltrano” sendo o nome do primogênito), em vez do nome da mãe. Alguns não se lembram sequer o nome próprio das suas avós, apenas se referem a elas como “mãe da minha mãe”, ou mesmo “a mãe do meu pai”.
Aos que defendem a cultura tradicional de não mencionar o nome da mãe, eles dizem que isso é feito como uma forma de respeitá-las. Mas a questão que sempre vem à tona é: por que o nome da mãe traz tanta vergonha para seus filhos?
Uns dizem que isso acontece devido ao sistema patriarcal da cultura do Oriente Médio, onde ter um menino é uma imensa alegria mas a chegada de uma menina nem sempre é motivo de comemoração. Eu já contei sobre isso nesse outro post. Os homens por aqui são os chefes de família, aqueles que possuem os maiores direitos, privilégios e deveres dentro da sociedade.
Um vídeo gravado nas ruas do Egito pela UN Woman, está buscando mudar essa visão. Na campanha intitulada “Give Mom Back Her Name” (Devolva o nome da sua mãe), é perguntado a diversas pessoas qual o nome da sua mãe. A reação dessas pessoas diante de uma pergunta tão simples são as mais diversas. A grande parte dos que foram abordados no vídeo demostra claramente a estranheza e o desconforto que essa pergunta traz aos que foram entrevistados.
Apesar da existência da campanha, muitas pessoas (homens e mulheres) nessa região lutam para dar um fim a essa discriminação dos sexos, enfatizando que todos nós somos iguais. Afinal sabemos que o nome de qualquer mulher jamais deve ser relacionado como sinônimo de humilhação e vergonha. Muito pelo contrário, o nome de cada mulher, seja ela mãe, filha, avó, tia, amiga, deve ser motivo de muito orgulho, respeito e principalmente amor.
Para ser justa, pedi ao meu esposo para fazer uma rápida pesquisa de campo no escritório e o resultado foi o seguinte: os locais mais jovens não demostraram nenhum desconforto ao serem perguntados o nome de suas mães. Já com os mais experientes, leia-se mais tradicionais, a história foi diferente. Espero que com essa mudança das gerações esse cenário se transforme e tome um novo e feliz rumo.
Aproveito para desejar um Feliz dia Dia da Mães para todas as mamães e a todos aqueles que tem a benção de ter o amor de uma mãe – seja ela de sangue ou de coração.
12 Comments
Uau! Que texto gostoso de ler! Bem escrito até em termos de gramática – aspecto em que outras colaboradoras escorregam. Meus parabéns! Espero ansiosa outros posts.
Que comentário mais feliz de ler Ana! Muito obrigada 🙂 Um grande abraço
Oi Carla,
Adorei o seu post. Nunca tinha ouvido falar desse aspecto cultural. Interessante ver como nesta cultura a mulher quando se torna mãe ganha outra identidade. Muito bom!!
Oi Ina, muito obrigada pelo seu comentário. Fico feliz que tenha gostado do artigo 🙂 Um grande abraço!
Que interessante! Nunca imaginaria que falar o nome da mãe seria algo tão constrangedor assim em outro país… Adorei o texto!
Pois é Gisa, nem eu também poderia imaginar. Vivendo e aprendendo. Um grande abraço 🙂
Carla, sou super fã sua e adoro a forma como você escreve! E acho incrível a sua experiência por esse lado tão obscuro do mundo: ela é maravilhosa!
Que triste esse fato de que os nomes das mulheres são esquecidos… Mas acho de suma importância entender esses pequenos fatos de uma cultura para que possamos entender o contexto geral de como os gêneros são tratados de formas distintas em diversos países!
Vou perguntar sobre isso a um amigo iraniano!
Um beijo e parabéns!
Oi Tati, sabe que eu também curto muito o seu trabalho? Posso não comentar muito nos seus textos, mas aqui em casa somos muito fãs dos seus artigos. Temos que nos cruzar um dia desses mundo a fora – afinal você conhece a Carol e o Antonio que são nossos grandes amigos. Um beijo grande e obrigada sempre 🙂
Muito bom o texto. E realmente interessante as diferencas culturais – como podem ser tao distantes da nossa realidade.
Com certeza! Que bom que gostou do texto Vidal! Muito Obrigada pelo seu comentário 🙂
Eu sou homem, não tenho qualquer simpatia pelo feminismo (pelo menos, a forma como ele se apresenta hoje) e eu posso, pois, dizer com toda a franqueza que eu NÃO SUPORTO ESTE MACHISMO DO ORIENTE MÉDIO. Como assim, a chegada de uma menina “nem sempre é motivo de comemoração”? Meninas são lindas, são doces, são meigas, são sensíveis, e, se criadas com amor, com dignidade e com respeito, além, evidentemente, da devida disciplina que todo filho ou filha tem que receber, poderão tornar-se mulheres brilhantes, charmosas, humanas; todo pai precisava sentir-se honrado de ter uma filha, considerando o tanto que elas se apegam a eles, bem mais que os filhos – cito minha irmã como exemplo, ama meu pai, apesar do péssimo pai que ele foi e do tanto de coisas que ele já disse pra ela outrora. Eu não aguento essa porcaria deste machismo estúpido do Oriente Médio, lá sim, a cultura do estupro, que muitas feministas (não todas, óbvio, mas, por exemplo, Sara Winter e cia) usam como desculpa para vitimizarem-se na, sim, muito liberal e democrática sociedade brasileira, se temos em conta estes lugares onde a mulher é tão humilhada e tem tantos direitos – alguns inalienáveis, como o direito à defesa legal e ao julgamento justo – negados. Parabéns pelo artigo, Carla, espero mesmo que a nova geração mude estas tradições anacrônicas e impraticáveis no mundo moderno; afinal, tradições existem para serem quebradas.
Oi Matheus, muito obrigada pelo seu comentário! Adorei a sua participação aqui, obrigada 🙂