As maiores diferenças entre Brasileiros e Ingleses
Quando falamos sobre similaridades e diferenças entre grupos de pessoas, já ficamos atentos para o fato de que generalizações podem ser complicadas. Isso porque somos todos únicos: uma combinação improvável e milagrosa de genética e experiências de vida.
Ainda assim, a maioria de nós tem o hábito, ou o passatempo, de procurar aquilo que nos diferencia ou nos assemelha a outras pessoas, geralmente aquelas ao nosso redor.
Quando entramos em uma nova cultura, os comportamentos diferentes nos deixam sem saber como agir mesmo e é nesse momento que nos perguntamos se isso seria algo normal nessa nova realidade. E perceber que sim, aquele desentendimento aconteceu por uma simples questão de diferença cultural, tende a nos trazer conforto, uma vez que nos ajuda a contextualizar o nosso choque e o fato de que não sabíamos como reagir.
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Mas e no mesmo país, todos são iguais?
Quando falamos de Brasil, podemos estar falando de regiões e grupos sociais bastante distintos, visto o tamanho e a diversidade do nosso país. Ao mesmo tempo, quando falamos que “no Brasil a gente faz assim”, provavelmente, estamos comparando algum comportamento àquele que víamos em nossa família, ou em nosso ciclo de amigos.
Algo parecido acontece quando mudamos de país: se ficarmos achando que todos são como aqueles com quem convivemos, podemos cometer grandes injustiças ou simples inverdades. Porém, na minha percepção, é simplesmente inevitável reparar que alguns comportamentos são extremamente comuns a pessoas de uma mesma nação.
Então quais são as maiores diferenças entre brasileiros e ingleses?
Ok, agora que você já foi lembrado que, aqui, estou tratando de generalizações, lhe convido a ler este texto com muita leveza e lembrar-se de que nenhuma opinião, ou “verdade”, são absolutas.
1. Flexibilidade x Pontualidade
Resolvi começar o texto com aquele que eu acredito ser o maior estereótipo de cada país: o Inglês como rígido e pontual e o brasileiro com seu jeitinho malandro.
Tanto feliz, quanto infelizmente, eu diria que tais estereótipos podem ser verdadeiros. Eu, que sempre fui vista como “caxias” no Brasil, me senti imediatamente bem por aqui quando notei que seguir regras era algo extremamente normal… podemos relaxar na fila porque ninguém vai furar e podemos contar que vão nos devolver o dinheiro emprestado.
Por outro lado, a flexibilidade do gringo é quase zero… Mesmo que você seja como eu, vão existir situações que vão deixar você sentindo saudades da flexibilidade do Brazuca. Desde a manicure que não te “encaixa” para fazer uma unha antes de você viajar, até o fato de não poder levar a criança de 3 anos, prestes a fazer xixi nas calças, no único banheiro de uma loja, se este for reservado a funcionários…
O melhor mesmo, na minha opinião, seria se as regras menos sérias fossem aplicadas com algum espaço para o “bom senso”, afinal, ainda somos humanos.
2. Maneira de se mostrar ao mundo
Se você já começou a aprender inglês britânico, vai notar que as respostas à pergunta “tudo bem?” geralmente são “não mal” ou “poderia estar melhor”.
Levei um tempo para aprender que isso acontece não apenas porque as pessoas aqui são mais pessimistas, mas, principalmente, porque por aqui “contar vantagem” é muito mal visto.
Para o inglês, antes de você dizer que você está muito bem, você deveria pensar que de repente a outra pessoa não está. Além disso, se você tem uma bolsa que nem todos podem ter, você devia cuidar onde a usa… e por aí vai.
Eu confesso que tendo a achar a maneira deles de ser um pouco mais equilibrada. Isso porquê, se você não tem que “mostrar que tem”, você não adquirirá algo por medo das comparações, mas sim, porque você gosta daquele algo. Ou seja: bolsa de marca, só se você gostar da bolsa… piscina em casa, só se você gostar de nadar.
3. Vaidade
Por onde começar? Bem, não é que as pessoas não sejam nada vaidosas por aqui… As inglesas realmente amam maquiagem, por exemplo. Porém, a gente chega a se chocar se a Inglesada decide sair de sandália quando faz um calorzinho… o conselho que eu dou é “ não olhe para os pés”!
Por outro lado, ninguém se sente pressionado a gastar o que não tem em roupa de marca, a frequentar a academia se não gosta, e por aí vai. Me parece que eles são mais felizes com a própria aparência também. Ao mesmo tempo, uma das consequências, possivelmente negativas, dessa falta de vaidade é que as pessoas aqui realmente envelhecem “mal” (ou naturalmente, dependendo da sua opinião) – aparência e saúde inclusas.
4. Maneira de se comunicar
Ok, eu poderia ter feito um texto inteiro sobre isso… Acredito que as diferenças aqui são gritantes.
Para começo de conversa, o “personal space” é ensinado desde a pré-escola. Aqui, não é legal chegar muito perto das pessoas para falar com elas e o nível de intimidade tem que ser muito grande para que role um beijo na bochecha ou um abraço.
Preciso dizer que isso é bastante difícil para os latinos?
Além disso, o tom de voz deve ser baixo, respeitando todos aqueles ao nosso redor. Isso eu já acho muito bacana porque a gente vê o quanto eles são criados com a ideia do coletivo e com a rejeição ao egoísmo (porque fazer barulho demais quando todos estão sendo cuidadosos, não é individualismo, né gente?)… Já quando o espaço está sendo compartilhado apenas entre amigos, as diferenças são respeitadas e bem-vindas.
E, por último, aqui é igualzinho ao Brasil em uma coisa: as pessoas amam uma indireta.
Ao contrário de países do leste europeu (outra generalização), onde as pessoas te chocam com o nível de objetividade, na Inglaterra, eles quase nunca vão te dizer exatamente o que estão pensando.
A diferença, no entanto, é que o brasileiro geralmente fica sem jeito de desagradar e diz aquilo que ele acha que o outro quer ouvir… Já o inglês, espera que você entenda o recado e, se você não entender, ele acha que foi educado e você, sem noção (risos).
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Com tudo isso, precisamos lembrar que é legal reparar nas diferenças até o ponto de se adaptar em uma nova cultura. Porém, se julgarmos todas as pessoas antes de conhecê-las e guiarmos o nosso relacionamento com os outros baseados em estereótipos, estaremos perdendo de conhecer a fundo o ser humano na nossa frente.
Meu conselho é: seja inteligente e use as diferenças como aprendizado e não como preconceito. Fica a dica.
2 Comments
Que texto legal ! O item 2 esclarece muito o comportamento do meu marido inglês … todas as vezes que eu ajo de um jeito metido ele me “corta”. Mesmo que eu esteja fazendo uma brincadeira tipo, se ele me elogia falando que sou linda, e eu brinco “eu deveria ser modelo” kkk ele já replica pedindo para eu ser mais humilde … eu sempre achei estranho ele nunca levar na brincadeira, agora faz sentido … é diferença de cultura
Muito obrigada, Isabela! O que você contou realmente faz sentido. Um abraço!