Vocês sabiam que o Carnaval na Espanha é o segundo maior do mundo? Nem eu! Infelizmente para mim, a festança ocorre nas ilhas Canárias, longe daqui. Cada ilha do arquipélago oferece shows ao vivo, festas para crianças e para os adultos, concursos de fantasias. Durante uma semana, os canários celebram suas “festas de inverno” como ficou conhecido o Carnaval na região durante os anos 30, posto que estava proibido – em teoria – pela ditadura de Franco.
Na Península, com exceção de umas poucas cidades como Cádiz e Badajoz, não há muita animação. O resultado são as crianças indo à escola fantasiadas e bandos de adolescentes saindo à noite pelas ruas devidamente caracterizados para ir a festas promovidas por boates. Já faz alguns anos, porém, que a prefeitura de Madri tenta animar o reinado de Momo com todo tipo de evento. O primeiro deles é o desfile que acontece por algumas avenidas da cidade e assim como o Carnaval carioca, o desfile tem um tema. Ano passado, quando se comemoraram 400 anos da morte do pintor El Greco, todos os participantes homegeram o artista e relembraram outros gênios do pincel: Picasso, Kandisky e Velázquez. No final, há uma grande queima de fogos artifíciais ao som de música clássica.
Além disso há um série de bailes de máscaras, concursos de fantasia, bailes para crianças, desfiles de algum bloco carnavalesco (nada a ver com os nossos), enterro da sardinha na Quarta-Feira de Cinzas e shows de chirigotas e murgas, pela cidade como acontecem em outros pontos do país.
Chiri… o quê? Chirigotas, comparsas ou murgas são agrupamentos que entoam canções satíricas pelas ruas ou em palcos montados, e também podem se apresentar em teatros para competições. Dependendo da região o nome varia, mas o espírito de cantar em grupo e zombar dos poderosos é o mesmo. Como não poderia deixar de ser, também em países como Uruguai e Argentina existem grupos que seguem esta tradição e comemoram o carnaval desta maneira.
Assim, temos uma série de ritmos tradicionais que animam o carnaval espanhol como as coplas, pasodobles, jotas e sevillanas em grupo de dez a quinze pessoas. Estas se apresentam fantasiadas e interpretam canções satíricas criticando a situação política do país ou comentando os assuntos que foram destaque no ano anterior. Abaixo, um grupo apresenta a chirigota “Lo siento Patxi, no todo mundo es de Euskadi”, em Cádiz, fazendo piadas sobre as diferenças entre as regiões norte e sul da Espanha especialmente, o País Vasco, chamado de Euskadi, no idioma euskera.
Nos concursos se valorizam a música, a letra, os trajes e a interpretação. Os instrumentos utilizados podem ser violão, caixa, bombo e mais recentemente, teclados. Tal qual uma escola de samba, os grupos têm seus fãs incondicionais que apoiam os integrantes durante a apresentação.
A relação com música, porém, é o que mais chama a atenção de um brasileiro no carnaval europeu. Se para nós ela é parte indispensável da festa para fazer o povo dançar seja com samba, frevo ou axé, aqui na Espanha ela é usada de maneira mais teatral. O clima talvez seja o grande responsável. É complicado sambar de bota, cachecol e sobretudo, viu? E olha que já saí no bloco promovido por um bar brasileiro e quase perdi a cadência. Afinal, o quesito harmonia fica comprometido com tanto pano.
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