Como a adaptação no novo país pode mais leve.
É comum pensarmos que para sair do Brasil tudo o que precisamos é de passaporte, dinheiro e disposição.
No entanto, a trajetória de um imigrante é muito mais turbulenta do que parece. São inúmeros os dias de solidão, de saudades e desafios com o choque cultural.
Aos poucos foi ficando mais claro que o está falta é falarmos da adaptação e sua real influência em nossa identidade.
Quero, hoje, falar sobre o preparo para a vida no exterior e como ter uma vida mais gostosa quando morando fora.
Depoimento
Antes de entrar no tema, eu quero compartilhar a minha experiência com vocês pois foi como cheguei aos conceitos que logo mais vou apresentar.
Para mim foi uma grande surpresa descobrir que eu poderia ter evitado muito sofrimento.
Moro em Los Angeles há 7 anos, vim por causa do meu namorado, que hoje é meu marido.
O primeiro erro que cometi foi vir para um país que eu não admirava. Por outro lado, o que acertei foi vir por escolha própria com o intuito de ampliar minha visão de mundo.
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O segundo erro foi achar que em breve estaria de volta ao Brasil, que estar fora seria algo passageiro; mas fui me envolvendo na vida aqui e cada vez mais criando raízes. O acerto, neste momento, foi sempre ter algo pra chamar de meu: estudos ou trabalho e até mesmo o visto.
O terceiro erro foi achar que tudo estava encaminhado e que os planos feitos um dia não mudariam. O destino me mostrou que não é bem assim, e precisei sair do trabalho por questões de visto.
Era 2018 quando vivi essa frustração de não ter mais o meu próprio visto ou uma carreira. Por outro lado, teria todo o tempo do mundo. O meu acerto, desta vez, foi fazer coisas que sempre tive vontade como escrever e ler mais e trabalhos voluntários.
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O quarto erro foi sentir vergonha de ter 30 anos e não ter mais um trabalho, e assim me auto-sabotar e não querer me socializar com americanos. Não houve acertos aqui, mas vejo que nada é por acaso.
Precisei desse momento de extrema tristeza para descobrir que precisava de ajuda.
Foi assim que descobri que se não nos prepararmos para a vida fora, podemos entrar em um buraco que depois poderá ser difícil sair.
Minha história é simples e entendo que os meus problemas eram simples comparados ao de muitas outras pessoas. Mas, a tristeza que senti era real, e é aqui que eu entendo que posso ajudar mais pessoas.
Dissociação de mundo
Quando falo que vim para um país que eu não gostava eu falo sério. Muitas pessoas dariam tudo por essa oportunidade, no entanto, para mim era apenas o jeito de ficar perto da pessoa que amo.
O fato de eu ter saído sem respeitar os meus gostos me fez criar uma barreira no tempo entre o que me fazia feliz e o que eu tinha que fazer. E assim, meu inconsciente utilizou do que alguns psicólogos chamam de dissociação.
A dissociação é um fenômeno que diz respeito à desconexão que algumas pessoas sofrem entre seus pensamentos, suas emoções, suas memórias e sua própria identidade.
Como a adaptação no novo país pode mais leve
Então, usando meu exemplo, eu parei no tempo, meu corpo estava em Los Angeles vivendo no automático a vida que acontecia aqui, enquanto, a minha minha mente estava ainda lá no Brasil.
Isso provocou uma despersonalização, ou seja, eu já não mais me reconhecia. Conforme o tempo passava menos eu sentia e absorvia da vida aqui nos Estados Unidos.
Trata-se de um mecanismo de defesa do inconsciente, como forma de evitar dores emocionais diante de um conflito ou situação estressante.
O melhor a fazer é procurar ajuda de profissionais qualificados quando a sensação de isolamento e invisibilidade para então não deixar que a situação piore.
Memória Afetiva
A Memória Afetiva é formada pelas lembranças que estão na consciência. Os afetos estão na base da formação da memória afetiva, e assim, ela pode se desenvolver a partir de uma percepção sensorial desde que esteja ligada a um momento afetivo importante.
Se usada de forma positiva, a adaptação poderá ser mais leve e a vida no novo país mais prazerosa.
Antes de sair do Brasil entenda seus motivos de ir para outro país e quando fazendo as malas escolha uma peça de decoração que lhe traga boas lembranças para poder ter sempre por perto.
Você pode também utilizar de cheiros, sons, gostos e sensações, tanto para a escolha do que for levar como quando já morando no novo país. Além de criar vínculos afetivos e viver a nova cultura do novo lugar.
Por que é importante cuidar?
Pois a dissociação pode causar os seguintes sintomas:
Despersonalização
Ocorre quando a pessoa não se reconhece em seu próprio corpo ou mente. Uma sensação de estar vivendo fora de seu corpo e fosse, apenas, um observador externo de si mesmo ou não se sentir conectado com o próprio corpo.
Irrealidade
Aqui, a pessoa vive como se o mundo não fosse real, ou seja, como se estivesse em um sonho. A pessoa se sente confusa entre o real e o imaginário.
Amnésia dissociativa
A amnésia é a incapacidade de lembrar informações autobiográficas relevantes.
Confusão e alteração de Identidade
Nesse caso a pessoa tem dúvidas de quem é de verdade e pode experimentar distorções do tempo, do espaço e de situações.
Por isso, preste atenção nos seus sentimentos e respeite-os. Muitas vezes os sinais estão presentes, mas não conseguimos ver.
E, a solução poder simples, como ouvir músicas, assistir séries, comer comidas que remetam à coisas boas que você aprecia do seu passado. Isso não apenas irá te ajudar a passar uma adaptação mais leve como também irá te proporcionar uma vida de mais qualidade.
Fonte dos conceitos usados acima.