Como planejar uma volta ao mundo sozinha
Seis meses antes do meu visto de estudante na Austrália expirar e prestes a completar 35 anos de idade, precisei parar e analisar quais seriam meus próximos passos e planos futuros. Naquele momento eu tinha três idéias em mente: renovar meu visto na Austrália, partir para meu terceiro intercâmbio, provavelmente indo para a Irlanda, onde poderia viajar pela Europa ou, simplesmente, voltar para o Brasil.
Confesso que o que mais estava pesando no fato de eu ter que tomar uma decisão era estar com quase 35. Não pela idade em si, mas por perceber que amadureci e passei a valorizar e buscar objetivos diferentes para minha vida.
Eu sou uma pessoa que gosta de desafios, de estar em constante processo de aprendizagem e logo vi que esses quase três anos de Austrália já haviam sido suficientes, que já tinha virado rotina e a rotina, de certa forma, me desmotiva. Não que lá não seja bom ou tenha sido ruim para mim. Pelo contrário, aproveitei bastante meu tempo em Brisbane. Curti, fiz inúmeras festas, estudei, trabalhei, conheci muita gente legal e fiz amizades para a vida toda lá. O “problema” era comigo, precisava mudar. Por isso resolvi não renovar meu visto.
“Então vou para a Irlanda”, pensei. Lá será completamente diferente, começando pelo clima frio, depois a cultura e, claro, o ponto mais forte: o país faz parte da Europa e eu poderia viajar a baixo custo. Pronto!
Comecei a pesquisar, analisar e percebi que, na verdade, não seria muito diferente do que já havia experienciado ou estava vivendo na Austrália. Porque vida de intercambista é praticamente igual em qualquer lugar do mundo. Seja nos Estados Unidos, Austrália ou Irlanda, você vai precisar estudar para conseguir o visto, trabalhar para pagar o curso e ainda dividir casa ou, muitas vezes, o quarto, passando por perrengues que só quem fez ou faz intercâmbio sabe do que estou falando. No, thanks!
Mas então, voltar para o Brasil assim?! Precisava de algo mais, um novo desafio, um novo propósito. Já havia visitado 15 países no decorrer desses anos e estava com quase 35 anos de idade. Foi aí que surgiu a ideia de uma volta ao mundo viajando por mais 20 países, completando assim 35 países visitados aos meus 35 anos. É isso! Decidido! Confesso que o fato de ter estudado Gerenciamento de Projetos na Austrália me ajudou no planejamento dessa viagem, mas qualquer um pode organizar sua volta ao mundo sozinho. Basta ter tempo, dedicação e habilidades com o senhor Google.
A primeira coisa a ser feita é escolher a rota, ou seja, os lugares que quer visitar. Pega o mapa mundi e marca cada um deles. No meu caso marquei os 20 países. Lembrando que uma volta ao mundo precisa ser seguida em sentido único, por exemplo: saí da Austrália, fui para o Nepal, Índia, de onde compartilho essas dicas com vocês, seguindo para Dubai, Europa, Peru e Brasil. Depois, você precisa decidir por quanto tempo poderá viajar.
Então, sabendo os lugares que quer visitar e o tempo que tem disponível para que isso aconteça, chega a hora das finanças. De acordo com o que você tem ou terá guardado para gastar até a data da viagem, precisará estabelecer um orçamento diário.
Eu fiz assim: peguei o valor total e dividi pelo número de dias de viagem, chegando a um valor de cem dólares australianos por dia (como estava na Austrália, juntei em dólares australianos, mas você pode fazer o mesmo cálculo com a moeda que esteja juntando).
Com destinos, tempo de viagem e orçamento decididos, criei uma tabela no Excel com todos os detalhes. Data de chegada e saída em cada lugar, meio de transporte especificando se pegarei trem, voo ou ônibus, acomodação em hotel ou albergue e valor a ser gasto.
À medida que fui comprando os voos, passagem de trem ou ou ônibus e reservando os hostels, comecei a preencher minha tabela, ficando tudo bem organizado e de fácil visualização. A reserva das acomodações e a compra das passagens foram feitas através de sites de busca como Skyscanner e Booking. E o senhor Google me ajudou a encontrar os lugares que gostaria de visitar em cada destino, tornando tudo mais prático e barato, pois não precisei pagar nenhuma taxa extra para as agências de turismo. Uma dica importante é fazer todas reservas com free cancellation. Assim, caso você mude de planos poderá cancelar tudo sem precisar pagar nada.
Lembre-se: essa viagem é sua. Você pode mudar de ideia, trocar de acomodação, ficar menos ou mais tempo do que planejado. E imprevistos sempre acontecem, esteja preparada! O importante é ir aberta às experiências extraordinárias e às pessoas maravilhosas que encontrará pelo caminho. Estou apenas no segundo dos vinte países e já posso dizer que vale muito a pena. Ainda mais quando você tem a possibilidade de realizar o sonho de fazer voluntariado em um país com o qual sempre sonhou, como fiz no Nepal e contei um pouco no texto anterior. Caso ainda não tenha lido, corre lá.
Não tem mistério nenhum. Planejar sua volta ao mundo pode ser bem mais simples do que você imagina. E a experiência é incrível! Você, acompanhada de seu mochilão, por aí, com certeza, terá muitas histórias para contar. Assim como eu, agora sozinha na Índia. Mas isso já é assunto para outra hora. Organize-se, arrume suas coisas e BOA VIAGEM!!!
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Adorei o incentivo. Vou nessa.