Um dos destinos mais procurados na Polônia é o Memorial de Auschwitz. Neste local existiu o maior campo de concentração construído em território polonês, durante a II GM sob o domínio nazista e onde ocorreu o Holocausto. Como recentemente estive lá, vou compilar algumas informações para ajudá-los a planejar sua viagem à Polônia, sobretudo como visitar Auschwitz.
História do campo
O campo fora criado pelos nazistas, na metade do ano de 1940, na periferia de Oświęcim, cidade polonesa anexada ao Terceiro Reich. A cidade, então, recebeu o nome alemão de “Auschwitz”, que também foi usado para nomear o campo.
A população de um dos bairros da cidade de Oświęcim – inclusive moradores de 8 aldeias próximas – foi expulsa entre 1940-1941. Todos judeus, cerca de 60% dos habitantes, foram levados para guetos. E muitos poloneses, para campos de trabalho forçados. Foram destruídas cerca de 1,2 mil casas para dar lugar ao campo.
Este seria mais um dos inúmeros campos criados pelo sistema nazista. O motivo inicial para sua criação foi o aumento de presos poloneses pela polícia nazista e, consequentemente, a superlotação das prisões. Esta função inicial foi cumprida até 1942, quando Auschwitz passou a ser o maior centro de extermínio em massa, sobretudo de judeus.
A própria definição do que é o local hoje é discutida. O parlamento polonês de 1947 aprovou uma emenda para que os terrenos e os objetos do antigo campo fossem preservados por tempo indeterminado. Assim, fora fundado o Museu Nacional Oświęcim-Brzezinka. Em 1999 o nome foi mudado para Museu Nacional Auschwitz-Birkenau em Oświęcim.
Mas antes de ser um museu-memorial, muitos historiadores e pesquisadores consideram o local um grande cemitério, onde ocorreu um dos maiores genocídios da história da humanidade.
Como chegar ao Memorial de Auschwitz?
A maior cidade mais próxima de Oświęcim é Cracóvia, que fica a 70km de distância. O recomendado é que o visitante pernoite em Cracóvia para no dia seguinte fazer a visita. Embora haja tours guiados de 2,5 ou 3,5 horas, perde-se cerca de 1h30 (trajeto de ônibus, ida e volta), além do tempo para comer, fazer compras. O ideal é reservar um dia (ou pelo menos meio dia) para esta visita.
Muitos optam por comprar tours partindo, geralmente, da cidade velha de Cracóvia (Stare Miasto), mas isso pode ser bem mais caro. Por isso, se você preferir chegar lá independentemente, é possível fazê-lo por trem, ônibus ou micro-ônibus.
Eu recomendo ir de ônibus, porque a estação de trem é um pouco distante da entrada do museu. A oferta de táxis e transfer para o memorial é quase nula e a pé gasta-se cerca de 20-30 minutos. O micro-ônibus o deixa na porta. Em junho de 2019, a passagem de ida custou 12 PLN e a de volta 16 PLN, por pessoa.
Visitas guiadas ou independente?
No site visite.auschwitz é possível agendar com antecedência uma visita guiada. Quanto mais cedo, maior é a possibilidade de encontrar um horário que se adeque a suas necessidades. Há guias em inglês, espanhol, italiano… O valor em média, por pessoa, é de 55 PLN (câmbio para reais em 2019: 1 para 1).
Entretanto, é possível entrar gratuitamente, mas com um horário predeterminado (a partir das 17h) após registro na bilheteria. Vale lembrar que o museu fecha às 19h, (no verão europeu, entre maio e agosto).
Eu já fiz das duas formas e para mim, há vantagens e desvantagens em ambas. Com o guia (sobretudo se for a primeira vez) é possível conhecer detalhes do local e da história. Porém, mesmo que os grupos sejam de no máximo 20 pessoas, sempre há muita gente e outros grupos no trajeto. Outra vantagem é ir direto aos locais onde há o acervo do museu. Ao ir sozinho perde-se parte desses detalhes e você pode literalmente ficar perdido sem saber por onde começar ou aonde ir.
O complexo de Auschwitz-Birkenau
Em Auschwitz I você vai encontrar as primeiras instalações do campo de concentração, como o portão de entrada com a conhecida – e insensível – inscrição (o trabalho liberta), pois inicialmente fora projetado para ser um campo de trabalho forçado. Ali há os edifícios em que os oficiais nazistas ficavam – muitos, inclusive, com suas famílias – armazéns, escritórios, oficinas e depósito de guarnição.
Neste local funcionou primeiro aparato usado para incineração antes da construção do incinerador maior, em Birkenau. No primeiro edifício costuma haver exposições temporárias. Nos subsequentes, há a história do campo, de como os prisioneiros chegavam, seus objetos e também as fotos dos prisioneiros que chegaram ao campo entre 41-42, na sua maioria poloneses. Quando os judeus começaram a chegar em massa a partir de 42, esse registro já não era mais feito.
Também é explicado como os prisioneiros eram subdivididos: ciganos, políticos, homossexuais e judeus. É possível ainda ver registros de vídeos feitos pela propaganda nazista para mostrá-los como raças inferiores e além dos terríveis experimentos genéticos e médicos.
Ainda neste complexo pode-se conhecer as instalações onde foram feitos os primeiros experimentos de extermínio com gás, antes da abertura de Birkenau.
Em Birkenau há a entrada e a linha de trem que terminava no complexo construído para receber as vítimas. Elas saiam dos trens e passavam por uma triagem antes de serem despidas e enviadas para as câmaras de gás, que não existem mais. Hoje há um monumento em memória às milhares de vítimas que ali morreram, em vários idiomas.
Entretanto, é possível entrar em um dos pavilhões, onde as crianças ficavam. Os demais, que restaram, estão fechados.
Algumas dicas úteis:
- O complexo está dividido em Auschwitz I e II (Birkenau). Para ir de um ao outro é necessário pegar um ônibus gratuito na área do estacionamento, que parte a cada 15 minutos, sendo o último às 19h, (no verão europeu), horário em que o museu fecha. Para outras épocas, consulte o horário de funcionamento antes.
- O verão costuma ser muito quente e Birkenau é uma área vasta a céu aberto. Vá com roupas leves e tênis. Também leve consigo algo para proteger a cabeça, como uma sombrinha ou lenço. Não é permitido comer nas áreas do memorial, mas leve uma garrafa de água para evitar desidratação.
- Há banheiros na entrada do Memorial principal, mas custa 2 PLN.
- O local também possui um restaurante (há outros nas proximidades, fora do complexo), uma loja de conveniências, casa de câmbio e livraria, além de um guarda-volumes, já que não é permitida a entrada com bolsas grandes ou mochilas.
Sempre é bom lembrar…
Este é um local onde houve um genocídio, um local cuja memória das milhares de vítimas deve ser respeitada. Evite tirar selfies, fazer stories, fotos em poses ou sorrindo, ou ainda fazer ligações, falar alto etc. Já vi pessoas fazendo isso, e talvez não estivessem preparadas para conhecer e entender o horror deste capítulo nefasto da história.
Se estiver com crianças – o que é aconselhável apenas para maiores de 12 anos, mas a entrada não é proibida-, explique antes o que é o local. Também evite fazer fotos dos locais onde isso não seja permitido. Leia e respeite as regras de instrução contidas nos painéis de aviso.