Conhecendo Wroclaw na Polônia.
Depois de longos 4 anos, finalmente conheci Wroclaw (lê-se Vrótsuaf), ou para os íntimos e criativos brasileiros, Wroclove, já que seu nome em português – Breslávia – é praticamente um estranho desconhecido para nós.
Wrocław é a capital da Voivídia de Dolnośląskie, conta com mais de 600.000 habitantes. É a quarta maior cidade de Polônia, mas a segunda mais rica, ficando apenas atrás da capital Varsóvia. Está localizada a 348 km da capital, 272 km de Cracóvia, 344 km de Berlim, na Alemanha e 325 km de Praga, na Rep. Tcheca.
E é a localização estratégica somada à qualidade de vida e crescente economia que atrai tantos turistas e novos moradores, dado ao já falado mercado emergente para empregos, sobretudo na área de TI, na Polônia. Bem, eu diria que há mais coisas, pois mesmo sendo uma varsoviense adotada admito: Wrocław é mesmo encantadora, moraria fácil lá. Interessante saber também que Wrocław foi eleita o melhor destino europeu de 2018 pelo European Best Destinations.
Marinheira de primeira viagem com motivos para voltar
Como marinheira de primeira viagem, vou dar meu depoimento sob essa perspectiva. Não seria muito preciso – do ponto de vista de experiências pessoais – passar informações sobre custo de vida, bairros para morar, transporte, etc., mas posso dar o meu relato do ponto de vista turístico.
Meu ponto de chegada foi, obviamente, a estação de trem central, a Wrocław Główny. Ir de trem rápido (pendolino) de Varsóvia, não leva mais que 3h30. Também há a opção de chegar por ar, pois o Aeroporto Internacional Nicolau Copérnico possui conexões com os principais aeroportos europeus. A cidade é muito bem servida de locais para hospedagem (dos mais diversos tipos) para todos os gostos e bolsos, além de uma infinidade de restaurantes, bares, atrações e locais de entretenimento.
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Ok, estamos no auge do verão, mas já ouvi dizer que Wrocław tem um belíssimo mercado de Natal, que não deixa nada a desejar aos da Alemanha, até mesmo pela região histórica e geográfica (Silésia e Baixa Silésia) ser tão próxima da cultura alemã. Mais um motivo para retornar no inverno.
Pequenas surpresas de um olhar curioso
Como disse, há vários possíveis passeios/roteiros para se fazer em Wrocław. Siga um ponto de partida de seu interesse e deixe-se levar. O transporte público é eficiente e simples, composto de ônibus e bondes. Para saber mais, utilize o já conhecido Jakdojade.
Comecei a explorar a cidade, obviamente, pelo centro histórico, o encantador Rynek (há dois, o principal e o do mercado de flores) que assim como o de Varsóvia, foi majoritariamente reconstruído após a II Guerra Mundial. Por sorte, o belíssimo prédio da prefeitura (Ratusz), uma construção gótica que começou a ser construída no Séc. XIII e levou mais de 250 anos para ser concluída, praticamente não sofreu grandes danos.
Por ter tantos detalhes – e vários estilos arquitetônicos – você poderá ficar algum tempo admirando-os, além de curtir o movimento e a atmosfera da cidade. O edifício abriga ainda o Museu da Arte Burguesa e o “pub/restaurante” mais antigo da Europa, o Piwnica Świdnicka, que infelizmente está fechado desde 2017. Porém, eu dei uma passadinha no legendário Pod Papugami, imortalizado na voz do meu querido Czesław Niemem.
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A cidade dos duendes
Um dos símbolos da cidade são, sem dúvida, os pequenos duendes (krasnale) espalhados pela cidade. Reza a lenda que são mais de 300, mas em um final de semana pude achar apenas 25! Apesar de achar a brincadeira interessante, descobri depois que tinha relação com questões políticas da época do comunismo, mais especificamente com o grupo Pomarańczowa Alternatywa (Alternativa Laranja, em alusão, inclusive, ao “vermelho” comunista), idealizado pelo ativista Waldemar “Major” Fydrych, em meados da década de 1980.
Como naqueles tempos qualquer grafite era prontamente censurado e apagado pela Milicja (grupo paramilitar ao qual cabia manter a ordem durante os anos da PRL), criou-se uma forma inusitada e pacífica de protestar contra o regime: grafitar duendes. O movimento “non-sense” foi crescendo, inclusive com passeatas – em pleno regime – em prol dos direitos dos duendes!
Após o fim do regime, os duendes permaneceram como símbolo da cidade e, em 2001, em homenagem ao movimento Alternativa Laranja, surgiu a primeira escultura. A partir de 2005 mais esculturas foram encomendadas pela Prefeitura e hoje, os pequenos anfitriões são a marca maior da cidade.
A segunda universidade mais antiga da Polônia
A Universidade de Wrocław (Uniwersytet Wrocławski, que antes era Universidade Alemã de Breslau) iniciou suas atividades em 1702, mas fora reorganizada em 1945, após a II GM, com a migração de professores poloneses da Universidade de Lwów. Aliás não só os professores, mas funcionários, toda a biblioteca e o Ossolineum foi transferido para a Universidade de Wrocław, já que a cidade de Lwów (antes Polônia/Império Austro-Húngaro) passou para o domínio soviético.
Dessa universidade saíram pelo menos 9 prêmios Nobel, além de possuir um dos mais belos espaços arquitetônicos, na minha opinião: a Aula Leopoldina (Auditorium Academicum), que infelizmente estava fechada para restauração. Mas vale muito a pena a visita a este prédio histórico, visitar seu acervo, salas e subir até a Wieża Matematyczna (Mathematical Tower, ou ainda, Torre da Matemática).
Particularmente quis conhecê-la pois, além de sua importância histórica, foi onde o avô do meu marido estudou e se formou na década de 1950.
O Rio Odra e suas ilhotas
O belíssimo rio que corta a cidade e abriga as charmosas ilhotas fez a cidade sofrer na maior cheia da história, a Powódź tysiąclecia, que também afetou a Alemanha e a Rep. Tcheca, em julho de 1997, é o coração da cidade. É possível fazer passeios de barco, alugar caiaques ou ainda almoçar no maior restaurante fluvial da Europa, o Vratislavia. Mas você pode simplesmente sentar-se à beira do rio, num dos diversos bares nas Wyspy (ilhas) ou mesmo no boulevard ao longo do rio.
Cortado por inúmeras pontes, as mais famosas sem dúvida são a Most Piastowy, a mais antiga da cidade, de 1831 e a Most Tumski, famosa por seus cadeados de juras de amor eterno e que leva ao bucólico bairro de Ostrów Tumski. Aliás é nesta região que está localizada a majestosa Catedral de São João Batista, de onde se tem a melhor vista da cidade, do alto de sua torre de 97 m.
Como não há iluminação elétrica nas ruas de Ostrów Tumski, você pode ter a sorte de ver o “acendedor de lampiões” realizar esta peculiar tarefa com seus trajes tradicionais. Realmente parece que paramos no tempo.
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Bem, o que eu falei aqui não é nem um quinto do que você pode conhecer em Wrocław. Não tive tempo de visitar os museus, Hydropolis, o Hala Stulecia (Centennial Hall), (patrimônio da Unesco), o Panorama Racławicka, a Wrocław judaica, mas pelo menos pude desfrutar do Hala Targowa… é tanta coisa que um final de semana é pouco, tenho que voltar.
Então se você gostou, prepare sua viagem e venha se render também pelos encantos da Veneza polonesa e de seu povo simpático e acolhedor.
Do zobaczenia!
2 Comments
Amei seus posts!!! Vou para a Polônia em dezembro e só posso agradecer pelas dicas!
Olá Andrea,
Fico muito feliz quando posso ajudá-los a conhecer mais esse país incrível. Continue nos acompanhando e até mais!
Abs,
Vivian