Conhecendo a Suazilândia
Olá! Se você está lendo este artigo, provavelmetne viu o anterior, no qual conto um pouco da minha experiência como brasileira morando na zona rural da Suazilândia (atual Eswatini). Conheci o país através de um programa de missões e voluntariado. Se quiser saber mais, clique aqui.
Neste texto contarei um pouco mais sobre o povo suázi, como chegar ao país, visto de turista e o que você pode encontrar por lá.
Como chegar à Suazilândia
A Suazilândia normalmente é incluída como opção de roteiro para quem vem fazer turismo na África do Sul. Nesse caso, assim como para nós, que já morávamos aqui, acredito que a melhor opção de transporte seja alugar um carro em Johannesburg. A viagem até Buhleni é estimada em 6h com uma parada. No nosso caso, durou 10h.
Apesar de longa, essa é uma viagem tranquila e bonita. Mais ou menos no meio do caminho, fica Azlu Pretroporto, um complexo com restaurantes e lojas para comprar artesanato e roupas locais, entre outros itens. Também há uma reserva com animais selvagens.
SOLICITANDO O VISTO DE TURISTA
Ao chegar em Eswatini, solicitamos o visto na Alfândega mesmo. O visto é gratuito e é válido por 30 dias. Como precisaríamos renová-lo apenas uma vez, não nos informamos sobre outras opções.
Quando chegou a hora da renovação, fomos de carro até a Alfândega, estacionamos e cruzamos a fronteira a pé.
Saímos e entramos no país novamente em questão de minutos, apenas para receber um novo carimbo no passaporte e retornar de forma legal.
Foram feitas algumas perguntas sobre qual o motivo de estarmos lá, sobre futebol e comida brasileira. Nossa nacionalidade, normalmente, colabora nessas horas.
Como é a Suazilândia?
Eswatini é um país muito pequeno e aproximadamente 75% rural. Ele está dividido em 4 regiões administrativas, mas para fins de turismo se divide em 5.
A região Central é a mais turística, pois lá se localiza duas das maiores cidades. Mbabane (capital administrativa com aproximadamente 76.218 habitantes) é onde vive a realeza e Manzini (com aproximadamente 110.537 habitantes), o coração cultural, político e religioso do país.
Aqui no site oficial você pode também verificar opções de hotéis, safáris e atrações turísticas em geral.
Conhecendo o povo Suázi
Acredito que existam 3 tipos básicos de viajantes, seja para morar ou turistar:
- Os que levam o xampú, o café e o feijão na mala;
- Os que não levam nem as roupas porque as de lá são melhores e;
- Os que levam o necessário, mas se deixa espaço na bagagem e no coração para o que vai experienciar.
Eu e meu marido gostamos da 3ª opção. Somos curiosos e até entendermos o chão que pisamos, fazemos muitas perguntas. Pela nossa experiência, demonstrar interesse genuíno faz com que as pessoas se abram e compartilhem a realidade além dos guias turísticos. Porém, com o povo suázi não é exatamente assim.
Com uma forte tradição e senso de comunidade, eles são super hospitaleiros, amigáveis, divertidos, mas uma coisa que deixam claro desde as primeiras conversas são os limites. Alguns assuntos são conversados somente entre eles. Também existem assuntos para homens e para mulheres e assuntos proibidos, tendo em vista que vivem sob um regime absolutista.
Leia também: Safáris na África do Sul
Um americano que morou lá por muitos anos nos deu algumas dicas sobre o povo e nos supreendeu ao dizer que os suázis são classificados sociologicamente como um povo de cultura fria. No ponto de vista dele, até mais do que os americanos. Explicou dizendo que um americano pode não dividir o espaço, mas divide informações, enquanto o suázi, divide o espaço, mas não informações.
Para não serem rudes, escolhem responder o que imaginam que você gostaria de escutar. Um exemplo bem simples, que aconteceu conosco, ao perguntarmos sobre o lugar mais próximo para comprar uma refeição pronta. Nos indicaram, então, ir até um povoado vizinho, aproximadamente 40 minutos de viagem e comer no KFC, em vez de indicar o restaurante de comida local, que poderíamos ir a pé, porque imaginaram que estrangeiros preferem comer fast food de rede conhecida.
Nossa primeira visita à Manzini
No povoado onde estávamos não havia transporte público. Os moradores locais que não têm carro caminham ou pedem carona, nem que seja na carroceria, o que é permitido por lá.
As ruas principais são muito bem asfaltadas, segundo um conhecido local apenas as que fazem parte da rota do Rei. As demais são de chão batido mesmo.
Em nossa primeira viagem para Manzini o pneu furou e não havia step no carro. Paramos em frente a um armazém muito simples, mas que foi nossa salvação, já que estava um calor de 40 graus e precisávamos de água e sombra.
Eu, minha amiga e nossos filhos ficamos por lá. Meu marido e nosso amigo foram com um senhor muito solícito procurar por um novo pneu. Não havia borracharia onde estávamos, então ele os levou ao povoado vizinho.
Mesmo lá não encontraram o pneu exato, mas um menor que quebrou o galho. Fato interessante é que essa borracharia estava no mesmo espaço, sem nenhuma divisória, que a Unidade de Saúde. Infelizmente, o sistema de saúde é precário por lá.
Depois de algumas horas eles retornaram e tentamos pagar aquele senhor pelo seu tempo e a gasolina gasta, mas ele não aceitou. Ele disse que fez para nos ajudar porque estávamos precisando.
Essa experiência foi a primeira – entre muitas – nas quais percebemos que os suázi tem um bom coração, estão prontos a ajudar e não procuram levar vantagem sobre estrangeiros.
Como é a maior cidade da Suazilândia?
Apesar do ocorrido, não desistimos do passeio. Ainda bem! Manzini é bem urbana, com pelo menos três shoppings, cinema, restaurantes de redes famosas, farmácias, hospitais, universidades, igrejas, hotéis, muitos mercados de artesanato local e tudo que se espera de uma cidade relativamente grande na África.
Escolhemos comer no Spur porque tinha um ótimo espaço para crianças. (Mães de crianças pequenas entenderão). A comida estava muito saborosa, atendimento excelente e durante nossa refeição, um outro cliente aniversariante foi celebrado pelos funcionários bem animados com música e dança E no final, ainda recebiam uma fatia de bolo na boca! Para nós espectadores foi divertido e surpreendente.
Esse povo sabe mesmo como fazer uma festa! Especialmente quando envolve música. Não é à toa que é cantando e dançando que homenageiam o seu rei, mas conversamos sobre isso na próxima vez, pode ser?
A experiência de visitar uma cidade maior, para nós, depois de dias na zona rural, foi como soltar uma criança numa loja de doces…
Depois disso voltamos para casa cheios de sacolas e de histórias para contar.