Costumes argentinos . Já viu um país quase inteiro sair de férias ao mesmo tempo? Pois então vou te apresentar um, a Argentina.
Ainda quando vivia no Brasil tinha o costume de pensar que o ano só começava mesmo depois do carnaval. Só depois de mudar para cá que aprendi, na Argentina é que o ano realmente só começa em março.
Bem, como disse, as férias de verão chegaram e são sagradas. Como todos se foram de viagem, eu estou aqui curtindo um sossego que só.
E para você dar uma curtida também, ao invés de algo mais sério, deixo hoje aqui um texto leve, sobre como vejo o que significa ser argentina/o.
1. Ver – sempre – a previsão do tempo antes de sair de casa. Pode estar nublado (aliás, dá para ver pela janela), mas se a previsão diz que não vai chover, ninguém leva guarda-chuva. Daí chove e todo mundo se molha.
2. Jantar entre dez e meia-noite, ir domir em seguida, não ter pesadelo e dizer que dormir de estômago vazio não dá.
3. Abraçar e beijar todo mundo todo dia. Não importa se é conhecido ou desconhecido, sempre vai rolar um beijo e um abraço enquanto se escuta um bom dia ou um olá. Até das pessoas mais inusitadas, como seu gerente do banco ou do seu médico. Tem uma propaganda da coca-cola ótima que fala sobre isso.
4. Ter amigos de infância por perto a vida toda. Mesmo depois de passar 40 anos, as reuniões são importantes e as viagens para curtir juntos mais ainda. Sem falar no dia do amigo… se lembram?
5. Comer qualquer comida e sempre dizer “que rico” (que delícia) só por educação. Você vai saber que não gostaram porque não vão repetir. Se gostaram, não sobra nada.
6. Contar distâncias em quadras. Quanto falta para tal lugar? Cinco quadras… leia-se 500 metros. Cada quadra aqui tem 100 m.
7. Dizer palavras “feias” aos seres mais queridos… gordo para namorado/marido (e gorda para nós), viejo/a (velho/a) para pai e mãe, e entre os amigos então, melhor nem dizer por aqui.
8. Fazer câmbio o tempo todo. Passagem aérea, computador, hotel, carro, celular, casa e até poupança. Tudo em dólar em vez de pesos, se não parece que a coisa não tem valor.
9. Comentar por dias a mesma notícia. Escolas, faculdades, trabalho, bares, cafés e as pessoas falando uma e outra vez. Discutem todos os pontos de vistas e exploram mil possibilidades de “porquê” isso ter acontecido e como aconteceu…. a TV faz o mesmo.
10. Respeitar a fila para entrar no “colectivo” (ônibus). Ai de você se quiser furar, assim como qualquer outra fila que encontrar por aí.
11. Não comer comida de rua. Por isso pode procurar que você não vai encontrar nenhum carrinho, quiosque, nada. Bateu uma fominha? O melhor a fazer é entrar no primeiro café, que – com certeza – estará na próxima esquina.
12. Participar de uma “operação de guerra” quando for comprar uma casa. Como as compras são sempre à vista e se assina a escritura na hora da entrega do dinheiro ao vendedor, no encontro tem o vendedor (e alguns parentes para ajudar a contar o dinheiro), o comprador e o “escribano” (que faz a escritura). Todos, geralmente, numa sala escondida de um banco fingindo que não está acontecendo nada para não demonstrar que há muito dinheiro em espécie ali naquele momento. Sem falar em como trazer todo esse dinheiro até o vendedor. Malas, bolsas, disfarces e tudo o que a sua imaginação permitir.
13. Guardar dinheiro em casa porque os bancos não são confiáveis. Depois de tantas crises, melhor deixar debaixo do colchão, não é mesmo?
14. Ter cinco médicos para tratar um problema de saúde. Não basta um ortopedista, tem que ser especialista em joelhos, em inflação, em reabilitação, e por aí vai… são tantas consultas para a mesma coisa que às vezes leva mais de um mês para sarar.
15. Encenar uma típica tragi-comédia de máfia italiana nas reuniões de condomínio. É sério, existem facções de vizinhos, brigas, discussões e muitos gestos e algumas ameaças. É rir para não chorar.
16. Não usar sunga jamais! Nem na praia, nem em qualquer piscina, nem na piscina de casa, nem no clube, nem na aula de natação, nem nunca. Só umas bermudas cafonas que quando se molham ficam mais engraçadas ainda.
17. Dividir a raia na aula de natação entre três ou quatro pessoas. Sério, você terá que acompanhar o ritmo dos demais se não vai levar umas braçadas ou pernadas sem querer.
18. Começar uma faculdade depois dos 30 e casar depois dos 40. Não é só o jantar que fica pra mais tarde… às vezes tenho a impressão que tudo eles vão deixando para depois e quando vê chegou a hora, não dá mais para esperar. Viver sem pressa por aqui é o segredo de viver tanto. E vivem já que a maioria passa dos 90.
19. Ir para a terapia pelo menos uma vez por semana. E achar muito estranho quem não vai. Como assim você não tem um psicólogo? O que há de errado com você?
20. Ter como ritual mais sagrado “sair de férias” e em janeiro para poder ir à uma praia bem linda. De preferência Mar del Plata, se não Punta del Este, se não no Brasil, primeiro no sul, depois no norte, e daí para o Caribe. Para fechar com chave de ouro, Miami!
Ah, e se você – como eu – ficar por aqui no verão, tem que se preparar, pois quase tudo vai estar fechado. O bom é que será só por duas semanas.
6 Comments
Se todos saem de férias na mesma época, quem fica com os animais de estimação?
A grande maioria das pessoas saem de férias entre janeiro e fevereiro. Mas como são só duas semanas, elas vão se alternando. E imagino que no caso dos animais de estimação alguém da família dá uma ajuda. 😉
Isso de sair de férias todos ao mesmo tempo acho que é resquício espanhol, na Espanha eles também são assim. O mês de agosto em Madrid, por exemplo, é deserto. É muito comum as lojas de bairro fecharem pelo mês inteiro e só abrirem no início de setembro.
Aqui é igualzinho… achei super engraçado quando descobri 😉
o site me ajudou a um trabalho da escola kkk
Que bom! 😉