A terra do Tio Sam é bem conhecida como a terra de oportunidades, a terra dos sonhos Americanos. E ela é. Eu acredito. Com oportunidades sempre vêm sacrifícios. Prepare-se: o EUA também é a terra do trabalho longo e duro. Aqui trabalha-se sem parar e não pensam em mudar isso. É preciso focar no que é importante para você e não ter medo das consequências. Aprendi algumas coisas sobre o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal nos EUA.
1º – Não trabalhe de casa.
No fim do dia, os emails (e mesmo ligações) do trabalho não param. Querendo, eu poderia ficar trabalhando o dia inteiro. Mas não quero. Quando chego em casa quero sossego e descanso. Aprendi com minha business coach, Pat Dolen, umas coisas simples que ajudaram demais a unplug (desligar) todos os dias, mesmo em casa:
Desligue as notificações do email no seu celular. Fiz isso em janeiro desse ano quando fui de férias para Key West, na Florida. Eu queria muito me desligar completamente do trabalho e dos estresses do dia a dia. Estava demais. Com um pouco de receio, desliguei as notificações para a viagem e nunca mais voltei a ligar. O escritório sobreviveu e todos os meus clientes também. Que maravilha! Eu descobri que mesmo sem notificações constantes do celular, tenho hábito de olhar meu email várias vezes ao dia. Não receber o sonzinho da notificação e o iconezinho de envelope eliminou aquele pânico de ter que olhar o celular toda vez que eu ouvia um “pling” e resolver o que fosse. Me sinto mais livre! Tente só para ver o que faria para você.
Não responda emails ou ligações de trabalho no fim de semana (a não ser que seja uma emergência, né?). Parece super simples, não? Mas no EUA há quase uma expectativa que você estará à disposição 24 horas por dia, nos 7 dias da semana. Cheguei num ponto que tive que reconquistar meu fim de semana! Tive que reeducar meus clientes que meu horário é durante a semana, e que além deles, minha família e minha vida pessoal têm alta importância na minha vida também. Começando o relacionamento profissional com as expectativas corretas ninguém é surpreendido – nem você, nem o cliente, ou mesmo seu chefe, se for o caso. Também, seja consistente. Não vá responder emails tarde da noite ou em fim de semanas algumas vezes. Se você responder emails alguns fins de semana e no alto da noite, a expectativa é que você vai sempre responder.
2º – Nos EUA se você tem poucos dias férias e sair de férias, é malvisto dentro de empresas.
Os Americanos sempre ficam surpresos lendo uma reportagem sobre férias em outros países. Um mês inteiro de férias? Como assim? Aqui é muito difícil uma pessoa começar um emprego com mais de 2 semanas de férias. Esse é o padrão daqui começando um emprego novo – 2 semaninhas de nada. Além disso, o normal é que mais da metade dos empregados e trabalhadores americanos não tiraram nenhumas férias nos últimos 12 meses (mais no link abaixo). Empregados de mais tempo, ou cargos mais altos, geralmente têm mais do que 12 dias, por ano, de férias. Mas a dificuldade não acaba com o tempo que se tem para férias, não. Também tem cochichos, olhares dos colegas de trabalho, e até a possibilidade de perder uma promoção para uma outra pessoa que não tirou tantas férias. É uma cultura que encoraja o empregado a não sair em férias. Um pouco estranho quando estudos têm mostrado que tirar férias faz bem. Vejam esse artigo.
Não faça parte dessa cultura. Desde o início do seu trabalho aqui, tire suas férias, sim! Crie a expectativa que é isso que você fará ao longo do seu tempo ali. Garanto que você será mais feliz, e seu empregador também, porque você vai voltar com menos estresse e mais produtiva! Opa!
3º – Ser mulher no ambiente de trabalho não é fácil.
Ser mulher e trabalhar num clima dominado por homens, aqui, é difícil. Além das discrepâncias de salários que ainda existem (unbelievable!), as mulheres têm que lidar com uma discriminação quanto aos filhos, que homens, no mesmo ambiente, não têm. Ugh.
Eu que ainda não tenho filhos recebo, constantemente num ambiente de trabalho, a pergunta: e aí, vocês não vão ter filhos? E aí. É da sua conta? Não. Mas a realidade é que uma mulher de certa idade e sem filhos é julgada por não ter. Já a mulher que resolveu ser mãe, é julgada por ter seus filhos e por ter que dedicar tempo a eles. É inexplicável.
Depois de trabalhar quase 11 anos que nem uma condenada aqui, resolvi que eu precisava de uma mudança. Afinal, eu pretendo ainda trabalhar por muitos anos e preciso que esse dia a dia da minha profissão se encaixe no meu ideal. Não digo que meu agendamento de programas do trabalho e programas pessoais seja perfeito. Estou aqui, em pleno feriado americano do Dia do Trabalho (Labor Day – que ironia!), terminando esse texto e mais uma apresentação que faço de Minneapolis na segunda que vem. Ufa! Preciso ouvir meu próprio conselho, não? Buscamos o equilíbrio e não uma vida perfeita. Tento não julgar a mim mesma. Também não é fácil. Estou apenas aprendendo e tentando aplicar na minha vida. Xô estresse e mais alegria!
Ajuda conversar com outras mulheres, mães, profissionais ao seu redor, e até mesmo sua chefe (usando o bom senso). Elas poderão te dar um outro ponto de vista. Sei que tenho uma flexibilidade especial como dona da minha própria empresa. Mas acho que todas podem e devem impor essa necessidade de ter tempo para sua vida pessoal. Meninas, vamos reconquistar nosso tempo para uma vida mais feliz!
Precisando de qualquer orientação ou se eu puder te ajudar, entre em contato comigo.