Viver em outro país é reaprender a tudo: falar, comportar-se, socializar, comer, trabalhar. O seu dia-a-dia vira um grande aprendizado (ao menos nos primeiros anos), pois tudo é novo, intenso, às vezes chocante. E em Israel não é diferente. Hoje vou falar sobre dez curiosidades sobre Israel!
Sair de um país da América do Sul e vir morar no Oriente Médio é mais do que imigrar, é praticamente um renascimento. Tem que ter coragem, amor e vontade de reaprender.
Entretanto, dentro desse imenso pacote de descobertas, um tema sempre me chama a atenção: as curiosidades desse país. São muitas! Definitivamente Israel é um país cheio de particularidades, em virtude de suas religião e cultura milenares. E isto me fascina. Cada dia eu aprendo e me surpreendo mais aqui. Quanta coisa diferente!
São tantas curiosidades que é bem difícil falar de apenas algumas, mas preparei uma seleção de dez, para dividir com vocês um pouquinho de Israel.
1 – Presente é dinheiro
Dar dinheiro de presente é comum em muitos países orientais, mas aqui a forma como é realizado é que chama a atenção. Em grandes eventos como casamento, Brit Milah (cerimônia religiosa judaica na qual o menino recém-nascido de oito dias é circuncisado como símbolo da aliança entre Deus e o povo de Israel e também recebe seu nome), Bar Mitzvah (momento de celebrar o menino que completa 13 anos, pois nesta idade atinge a sua maioridade religiosa judaica. Se menina, celebra-se o Bat Mitzvah aos 12 anos), no hall de entrada da festa, é colocado um cofre onde são depositados envelopes com dinheiro, o presente. E sempre acompanhado de um cartão de felicitações ou pequena nota. Quase sempre são fornecidos envelopes para se colocar o dinheiro, ao lado do cofre. Geralmente, é destacado um “guardião” do cofre, e ao final do evento ele retira um saco com todos os envelopes e entrega aos noivos, pais, etc. Muitas vezes, com o valor total dos presentes, a festa se paga. E pode ser que ainda sobre um pouco. Bom não?
2 – Cortar árvore somente com autorização de Rabino
Segundo a Torá (Deuteronômio 20:19), as árvores frutíferas não devem ser cortadas, exceto por algum motivo que deve ser muito bem exposto ao Rabino da sua comunidade, e somente após o seu consentimento, a árvore poderá ser cortada. Árvore é vida e fornece frutos, e para o judaísmo fruta é bênção.
Portanto, se alguém tem no seu quintal alguma árvore frutífera e quiser cortá-la, só poderá fazê-lo depois de pedir autorização ao Rabino.
Interessante não?
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3 – Palitar os dentes
O que, para nós brasileiros, pode parecer grosseiro, para os israelenses é muito normal e higiênico: palitar os dentes em qualquer ambiente, sem qualquer constrangimento. É tão comum e normal que existem até palitos decorados, pintados e em embalagens especiais para se colocar na carteira. Ui!
4 – Nome de Israel
Creio que poucos se perguntam qual a origem do nome Israel. Há várias versões, mas a que mais me convence é a construção do nome Israel com as iniciais dos patriarcas e matriarcas da Terra Santa. Lembrando que em hebraico a escrita de Israel não tem “E”. Portanto, as iniciais são as seguintes:
I – Isaac e Jacó (“י”) em hebraico fala-se Yacov;
S – Sara (“ש”);
R – Raquel, Rebeca e Rute (“ר”);
A – Abraão (“א”);
L – Léa (“ל”).
5 – Carona
Quando cheguei aqui e via pessoas paradas nas estradas, pedindo carona, confesso que achei bem estranho. Hoje já estou acostumada e sempre que necessário, ofereço ou pego carona também. É uma gentileza. Não há qualquer preconceito. Só tem que deixar bem claro para onde vai e se não for o caminho do motorista, ele te dirá não, sem cerimônia.
6 – Intimidade e Espontaneidade
Dependendo da cidade ou bairro, as portas de entrada da casa ficam sempre abertas. Principalmente em épocas festivas. Os amigos, vizinhos, familiares, vão chegando, sem bater na porta ou tocar campainha. Simplesmente vão entrando. E nunca a visita será repreendida por isso. Pelo contrário: será posta uma mesa farta de guloseimas, bebidas, petiscos. Mesmo que a pessoa fique ali por apenas dez minutos.
7 – Pão velho no lixo, nunca!
Pão é alimento sagrado. Tão sagrado que há o costume de não jogá-lo no lixo junto com os demais detritos. É colocado num saquinho e deixado perto do cesto de lixo (não dentro) que o caminhão de lixo vai recolher. Assim, quem por algum motivo precisar de pão velho (para alimentar animais, usar como isca de pesca, etc) e der uma boa olhada nos cestos do bairro, vai encontrar um saquinho de pão.
Leia também: o que é comida kasher?
8 – Café da manhã
O café da manha israelense é bem diferente do brasileiro. Nada de frutas, bolo ou pão com manteiga. É composto de ovos, pode ser omelete, mexidos, como você preferir, pão, alguns tipos de queijo, salada (de pepino e tomate é a mais tradicional), salmão ou atum, suco e café. Para nós brasileiros, parece mais um almoço light não é mesmo? E se você estiver em hotel, prepare-se: será tanta comida que você não saberá por onde começar!
9 – Churrasco na rua? Na praia? No parque? Sim!
Esse é um tema que ainda me choca, para ser bem sincera. Mas em Israel, não é nada chocante. As pessoas adoram! E curtem muito esse momento entre amigos e família. Pode acontecer a qualquer momento, mas em especial em Yom Haatzmaut (Dia da Independência de Israel), as famílias se organizam e levam tudo para fazer seu churrasco ao ar livre. Tudo, mesmo! Mesa, cadeiras, churrasqueira, pratos, talheres, copos e muita comida e bebida. Pode ser numa pracinha, na praia, num parque, ou seja, qualquer lugar considerado agradável, terá uma família inteira se divertindo lá. Ah, independente de classe social, viu?
10 – Calendário Judaico e Calendário Gregoriano
Diz a tradição judaica, que a contagem do calendário é feita a partir da criação de Adão. Assim, o calendário teria se iniciado ao pôr-do-sol na noite de uma quinta-feira, em 7 de outubro de 3.761 a.C.. Logo, estamos no ano de 5.777 (levando em consideração que o ano novo judaico começa em setembro/outubro, deve-se acrescentar um ano).
O calendário judaico é Lunissolar, ou seja, se baseia nos movimentos tanto da Terra em relação ao Sol, quanto da Lua em relação a Terra.
Em Israel, utilizam-se os dois calendários, tanto judaico como o Gregoriano, usado no mundo ocidental, dependendo da situação.
Um novo dia, aqui, se inicia com a primeira estrela no céu, e termina no pôr do sol do dia seguinte, e não às 12horas da noite como no Ocidente. Por exemplo, o sagrado Shabat (sábado) tem início avistando-se a primeira estrela em uma noite da sexta-feira e acaba no pôr do sol do dia seguinte, o sábado ocidental. Assim, aqui a semana tem início no sábado à noite do Brasil. Por isso, é comum e educado, desejar “Boa Semana” na noite de sábado.
Assim são os nomes dos dias da semana:
- Yom Rishon – primeiro dia ( domingo)
- Yom Sheni – segundo dia (segunda-feira)
- Yom Shlishi – terceiro dia (terça-feira)
- Yom Revi´i – quarto dia (quarta-feira)
- Yom Ramishi – quinto dia (quinta-feira)
- Yom Shishi – sexto dia (sexta-feira)
- Yom Shabat – Sábado
Espero que tenham gostado!
9 Comments
Interessante! Acho super válido, antes de ir a um país, conhecer seus costumes.
Oi Graça, que bom que gostou. Concordo com você, conhecer antes é sempre bom. Espero que você venha um dia aqui e poder ver de perto tudo isso.
Sensacional, adorei o texto. Importante aprender sobre Israel. É a melhor forma de demolir todo e qualquer preconceito que possamos ter e encontrar similitudeseu entre tão diferentes culturas.
Angelica, fico muito feliz que tenha gostado. De fato, há muito o que aprender sobre esse país, tão mal apresentado pela mídia. Não é perfeito, mas tem muita coisa linda a mostrar e ensinar.
Excelente!!! Ansiosa para o próximo.
Obrigada Sandra! Fique atenta aos próximos posts!
Priscilla estou amando as dicas e informações. Já conheço um pouco do país, mas agora retorno com a intenção de ficar. Ainda tenho muitas dúvidas. Mas tudo dará certo =)
Oi Priscila. Muito bom. Parabens! Ja foi a Israel, mas pretendo retornar. Parabens pelo trabalho de grande utilidade.
Obrigada pela informação, vou para Israel na próxima semana e quero aproveitar cada segundo desta viagem.
Um grande abraço!
Cris Rivera