Cristiane Leme escreveu em 2015 um texto bem explicativo sobre o custo de vida na Dinamarca, que gerou uma série de comentários e parece ter ajudado muita gente. Eu fui uma das que leu na época e cheguei aqui, no mesmo ano, um pouco mais preparada.
Num país economicamente estável há poucas mudanças desde 2015 até os dias de hoje, mas falo de outro ponto de vista e da capital, então acho que o texto pode ser útil para complementar o que disse Cristiane e ajudar quem está chegando ou se preparando para vir morar aqui.
Moradia
Passamos o primeiro mês em terras dinamarquesas numa terrível aflição de ter que encontrar um apartamento para a família sem ter que deixar todas as nossas economias no final do mês e confesso que fomos muito pouco bem sucedidos.
Acabamos alugando um apartamento imenso, num dos bairros mais caros de Copenhagen e, embora tenha sido uma experiência maravilhosa morar perto dos lagos, das lojas e de gente hipster, tinha muito pouco a ver com nosso contracheque.
Em Copenhagen, o valor médio do aluguel de um apartamento de mais ou menos 90 m2 é de 10 a 12 mil coroas dinamarquesas (algo entre 1340 e 1600 euros) mensais, incluindo luz e água que você paga a cada três meses, no valor de mais ou menos 500 coroas por cada despesa.
E a conta do aquecimento vem uma vez por ano, normalmente em abril, quando você já esqueceu que morria de frio até pouco tempo antes, e chegava em casa, turbinando o termostato.
Como avisa Cristiane em seu texto, o aquecimento pode sair bem caro e como só vem uma vez por ano, depois que o inverno passou, é fácil tomar um susto. Para se ter uma ideia, pagamos 10 mil coroas no primeiro ano.
Se você quer morar em Copenhagen mesmo, uma boa sugestão é começar a procurar um lugar para morar bem antes de vir. Inscreva-se, pague a taxa do Bolig Portal, crie um perfil honesto e simpático e marque de ver os apartamentos.
Se você ainda não estiver por aqui, peça para alguém visitar os apartamentos por você, alguém da empresa em que vai trabalhar ou uma boa alma que possa fazer esse favor. Os apartamentos bons e não tão caros costumam desaparecer em poucos dias depois de serem anunciados.
Em Copenhagen há os bairros mais caros como Nørrebro (principalmente mais perto dos lagos), Frederiksberg (que oficialmente não faz parte de Copenhagen, mas é no meio da cidade) e Indre By, o centro da cidade. Mas os bairros que ficam um pouco mais afastados, como Amager, Ørestad e Nordhavn, por exemplo, são mais em conta.
A opção de morar na grande Copenhagen, em Greve, Taastrup ou Brøndby, or exemplo, é uma boa, principalmente porque o transporte público é fácil, e o aluguel mais barato.
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Escola, creche etc.
Muitas pessoas que chegam na Dinamarca acreditam que nunca mais vão precisar gastar dinheiro com a educação dos filhos, por causa dos altos impostos e das ótimas escolas públicas. Sim, as escolas são gratuitas a partir dos 6 anos, mas antes disso gasta-se bastante com a creche e o jardim de infância.
Em geral, até os quase 3 anos, seu filho vai frequentar uma vuggestue (embora haja outras opções, leia aqui), aqui seu filho tem alimentação, fralda e todo o cuidado necessário pelo custo de mais ou menos 3 mil coroas dinamarquesas (mais ou menos 400 euros) mensais.
Quando passa para o jardim de infância, depois dos 3 anos, esse valor diminui, podendo chegar a mil coroas (cerca de 135 euros), com desconto, caso você tenha mais de um filho matriculado no sistema.
A partir dos 6 anos, você tem a possibilidade de matricular seu filho numa folkeskole, as escolas públicas que ficam a até 4 km de sua casa. Essas são gratuitas, mas toda criança matriculada numa instituição destas vai também ao que é chamado de SFO ou Fritidshjem.
Como diz o nome, é a casa do tempo livre, uma espécie de clube ligado à escola, onde seu filho passa o resto da tarde e aonde são oferecidas atividades diversas, de natação a jogos de tabuleiro. O fritidshjem é barato, mas não é gratuito, custa algo em torno de 900 coroas (120 euros) mensais.
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Alimentação
A alimentação é cara em Copenhagen, principalmente se você seguir consumindo os pratos típicos do dia a dia brasileiro. Carne vermelha todo dia ou quase todo dia é luxo por aqui. Além de custar caro, um roast biff, por exemplo, custa em torno de 70-90 coroas (cerca de 10 euros, ou mais de 45 reais no câmbio de hoje) e não é comum encontrar os nossos cortes de carne nos supermercados locais, nem mesmo nos slagters (açougues).
A opção é encarar a carne de porco ou tentar receitas com carne moída – essa sim mais em conta, em torno de 30-40 coroas uma caixinha de mais ou menos 400g.
Numa família de dois adultos e duas crianças, a média semanal de mercado fica em torno de 1.500 coroas (quase 200 euros, ou quase 900 reais na conversão para real atual), sendo que as comidas quentes são servidas apenas uma vez ao dia, porque na maioria das vezes o trabalho oferece comida e o jardim de infância também.
A escola oferece a possibilidade de pedir comida num sistema chamado EAT. Você precisa fazer sua inscrição on-line e faz o pedido toda vez que quiser. As comidas podem ser quentes e são preparadas, em geral, pelos próprios alunos nas instituições de ensino, embora o cardápio seja elaborado pela kommune (comunidade). Um menu de hambúrguer vegetariano, com salada de repolho e duas porções de fruta custa 34 coroas (4,5 euros).
No entanto, a cultura da madkasse (a lancheira) é forte na Dinamarca e a maioria das crianças leva de casa seus lanches, em geral, rugbrødsmad, cenoura, pepino e frutas.
Outros custos
Cristiane fala sobre o pagamento da DR Licens, a licença de mídia, paga por todo mundo que usa a internet – quer dizer, todo mundo. A boa notícia é que em 2019 não será mais preciso pagar essa taxa porque ela será incorporada ao valor do aluguel.
Para outros custos como comer fora, transporte e lazer, sugiro a leitura do texto de Cristiane, que segue bem atualizado. E para outras dúvidas, estou por aqui.