Dicas de viagens baratas para quem faz intercâmbio.
Avoir la bougeotte. Itchy feet. Wanderlust. Cada língua tem uma palavra ou expressão para expressar aquele impulso de perambular, viajar e explorar o mundo. O que fazer quando essa vontade começa a tomar conta de você? Eu cedi. Fui procurar os destinos mais baratos, como chegar, o que fazer… e as contas não fechavam.
Eu precisava viajar tendo pouco dinheiro, mas inconscientemente pesquisava como se ainda tivesse as mordomias de morar com os pais. Passagem só de ida a 40 euros pode até parecer razoável pra quem vem do Brasil já tendo uma vida confortável, mas pra quem tem orçamento estudantil, pesa bastante.
Leia também: tudo que você precisa saber para morar na França
Fazer uma viagem que não vai te quebrar envolve várias concessões, flexibilidade no tempo e no espaço e boa vontade para passar algum tempo pesquisando. O primeiro desafio de viajar com pouco é chegar no destino.
Se você não tem o costume de viajar ou nunca se ocupou do planejamento das viagens, comece pensando no que você faz questão e no que não se importa ou poderia abrir mão. O aeroporto precisa ser grande e próximo do centro da cidade? O que acha de ônibus que viram a noite? Toparia dividir o trajeto com desconhecidos?
Leia também: Tipos de vistos e residência na França
Encarando a estrada
Um dos primeiros truques que descobri aqui é a menina dos olhos dos brasileiros intercambistas. Chama-se InterFlix. Funciona assim: por 99 euros você pode fazer cinco trajetos de ou para qualquer cidade em que a operadora FlixBus opera, independente da antecedência da compra.
Ao comprar o InterFlix você recebe cinco códigos que devem ser usados quando for finalizar a compra da passagem, os quais zeram o preço da passagem, como um cupom de desconto. Logo, se você não tem medo de encarar a estrada, essa é uma ótima opção para aquela viagem que acabou sendo decidida de última hora.
Uma opção clássica para os europeus é o BlaBlaCar. A empresa francesa foi fundada em 2006 por um estudante de engenharia chamado Frédéric Mazzella. Desde então, já se expandiu para 22 países (inclusive o Brasil!) e possui mais de 60 milhões de usuários.
Se trata da nossa boa e velha carona. A diferença é que aqui cobra-se uma tarifa de cada passageiro, que cobre as taxas da empresa e ajuda o motorista com os gastos que ele vai ter. É uma boa pedida para trechos curtos ou rotas não operadas pelas companhias de ônibus, além de te dar a oportunidade de conhecer pessoas novas de todo o globo.
Leia também: Passeios de final de semana nos arredores de Paris
Pra quem prefere dirigir, há duas opções muito competitivas. São a DriiveMe e a Drivy. A primeira empresa agrega em seu site diversas locadoras de carros que precisam levar seus veículos de uma cidade a outra e, por isso os propõe a motoristas dispostos a percorrer esses trajetos por apenas um euro.
Esse valor inclui o aluguel de 24h, a quilometragem necessária para ir de A a B e o seguro do veículo. O combustível e o pedágio ficam a cargo de quem dirige, que pode oferecer carona paga para reduzir custos. Já a segunda intermedeia o aluguel entre particulares, por algumas horas ou mesmo dia. O valor acaba sendo bem menor que o de uma locadora convencional, já que os proprietários estão ali tentando rentabilizar seus automóveis.
Opções sobre os trilhos
Vejo os trens como a melhor opção para percorrer médias distâncias. Rápidos, confortáveis e com estações bem localizadas, nos permitem levar bagagens maiores e não perder tempo com fila de segurança. Infelizmente, eles costumam custar algo entre um rim e os olhos da cara.
No entanto, os moradores da região de Occitânia se beneficiam do Train à 1 euro, ou seja, bilhetes que custam um euro o trecho. Se trata de trens regionais, os TER, e a oferta não é válida para todos os horários. Mesmo com algumas restrições ainda é possível encontrar um trecho que te agrade e aproveitar as vantagens de uma ferrovia.
Quem não mora na Occitânia tem duas possibilidades: TGVMax e Troc des Trains. Esse último liga pessoas que compraram bilhetes não reembolsáveis e não poderão mais fazer a viagem à pessoas querendo viajar em cima da hora sem dinheiro.
Os preços são sempre iguais ou menores ao pago originalmente, e o site cuida de verificar se o bilhete realmente existe e está sendo oferecido num preço justo. Já o TGVMax é um serviço de abonnement (desconto) somente válido para jovens até 25 anos, que podem viajar ilimitado de TGV dentro da França, desde que dentro da quantidade de vagas reservadas para esse efeito.
KidyGo é um serviço que junta o útil ao agradável e permite a jovens estudantes quebrados ter sua passagem reembolsada em troca de entreter crianças por algumas horas. A passagem pode ser de trem, avião ou ônibus, sendo combinado previamente com os pais das crianças que vão viajar. Existe o pagamento de uma taxa anual, pelo estudante, de 49 euros, mas o valor só é debitado depois que a primeira viagem é feita.
Leia também: Dicas de turismo na Córsega (parte 1)
Compare e decida
Por fim temos os comparadores de tarifas. Já são conhecidos do grande público, como o Skyscanner e o Google Flights. Nesses, o importante é saber como usar. Ambos permitem ao usuário pesquisar sabendo apenas a origem e a data de saída, mas apenas o Skyscanner te mostra também qual a melhor época do ano para aquele voo.
A visualização em forma de mapa do Flights facilita as Eurotrips, pois podemos ver de onde fica mais barato sair e como gastar (de propósito, hein!) bem o tempo para ir de uma cidade ao outro – seja dormindo num ônibus que vira a noite seja com pressa para chegar.
Além deles, existe também o GoEuro, que pesquisa apenas um trajeto por dia ou vez, mas compara as opções de avião, ônibus e trem em uma tacada só.
Bônus: newsletters
Pessoalmente, só viajo de ônibus se o trajeto for curto ou se não tiver outro jeito mesmo. O que me salva em compras antecipadas é a assinatura de newsletters de companhias aéreas. Com isso fico sabendo na hora de promoções-relâmpago, de concursos para ganhar passagens ou até mesmo viagens com tudo incluído, reduções para abonnés (estudantes, idosos e outras categorias que têm direito a descontos), entre outros.
Ficando atenta a esses e-mails já consegui preços irrisórios como Paris-Milão por 30 euros ida e volta, Atenas-Mykonos 10 euros ida e volta, Paris-Porto por 25 euros ida e volta e Sofia-Atenas por 11 euros o trecho.
Algumas vezes, companhias como a Ryanair oferecem passagem de graça ou a 1 euro, pagando apenas as taxas de embarque. No caso de Atenas-Mykonos a fare (taxa extra) foi negativa – uma promoção da companhia – para que o preço final (fare+taxas) ficasse abaixo do valor cobrado.
1 Comment
Oi Laura, Obrigado por compartilhar informações tão úteis. Ainda não achei reviews sobre o Driiveme nem conheço ninguém que tenha usado. É confiável?
Desde já agradeço pela atenção