Dicas para alugar apartamento em Amsterdã
Eu sempre ouvi falar que a demanda por moradia em Amsterdã é maior que a oferta, então que era bom eu começar a busca preparada para altos preços e muitas emoções. Isso já estava claro pra mim, mas esqueceram de me falar sobre a competitividade. Se a demanda é alta, parece óbvio que a competitividade também vai ser, mas eu estava preparada para não achar apartamentos que me agradassem dentro do meu orçamento e ter que passar semanas procurando.
O que eu não esperava era achar. Vários. Apaixonantes. Espaçosos. Mobiliados. Super bem localizados. Me imaginar morando neles. Fazer uma proposta meia hora depois da visita.
E ser recusada. Uma, duas, três vezes.
Confesso que, quando resolvemos sair do interior (onde estávamos morando com alguns amigos) e vir pra Amsterdam, o processo foi pior do que eu imaginava e termos um cachorro grande não ajudou muito. Primeiro porque a gente só queria lugares térreos ou, no máximo, no primeiro andar, o que restringia o rol de opções (elevador aqui é luxo e ficar subindo e descendo escada faz um mal danado pra coluna do nosso pônei). E segundo porque não adiantava a gente falar que o Elvis é o cachorro mais bonzinho do mundo e que ele não ia estragar absolutamente nada na casa, se tivesse outra proposta de gente sem cachorro, a gente perdia.
No final das contas, depois de sair, literalmente, chorando de uma visita em que o apartamento era um sonho nas fotos e um horror pessoalmente, nós viemos fazer uma última visita numa sexta-feira à noite, gelada e chuvosa do novembro holandês (sentiu o drama?).
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Vou resumir porque você não veio aqui pra me ouvir choramingar, né?
No dia seguinte (sábado), soubemos que os donos tinham nos aceitado como inquilinos, recebemos, revisamos e negociamos o contrato. Um dia depois (tá acompanhando? Era domingo!), pegamos algumas malas, enfiamos no trem e viemos pra Amsterdam assinar o contrato, fazer o primeiro pagamento e pegar as chaves. Antes das 2h da tarde a gente já estava na nossa casinha nova.
Sentiu a rapidez da coisa? Amsterdam é assim.
Agora vamos para a parte prática do mercado imobiliário daqui, que deve ser o que mais te interessa, né?
Você não vai precisar de fiador, mas vai precisar apresentar seu contrato de trabalho e pagar um depósito que corresponde, geralmente, ao valor de 1 ou 2 meses de aluguel. Esse depósito fica com o proprietário até você sair do apartamento, que é quando ele vai checar se está tudo em ordem e só aí te devolver esse dinheiro (ou parte dele, caso algum reparo tiver sido necessário).
Mas, contrato de trabalho? Sem contrato de trabalho não dá pra alugar?
Olha, até dá, mas lembra da história de reduzir o rol de opções? Pois é, isso vai dificultar um pouco mais e talvez te peçam pra pagar alguns meses adiantados.
O contrato de aluguel padrão é de 12 meses. Tem proprietário que aceita menos?
Lógico, mas olha aí as opções diminuindo de novo.
Uma coisa que também vão te exigir é o seu BSN (burgerservicenummer) que é um número emitido pela prefeitura assim que você chega na Holanda e vai se registrar como morador. Fazer esse registro é obrigatório e sempre que você mudar de endereço, você precisa informar a prefeitura (ou sub-prefeitura) da sua nova cidade ou região sobre a mudança, para atualizarem o seu cadastro (esses detalhes burocráticos são tema pra outro post).
E aqui vai uma dica importante: muitos apartamentos ofertados para locação em Amsterdã “não permitem registro”. Isso quer dizer que você não está alugando um lugar dentro da lei. Provavelmente é uma sub-locação (coisa que é proibida por aqui) e isso vai acabar dificultando a sua vida, então sempre pergunte se o contrato é direto com o proprietário e se permite registro na gemeente (que é o nome que eles dão pra prefeitura e pronuncia RRRemente, com aquele R bem puxado na garganta).
A comissão do corretor de imóveis costuma ser paga pelo proprietário, mas a gente contratou uma agência especializada em estrangeiros pra facilitar o processo. E facilitou mesmo, conseguimos fechar o segundo apartamento que visitamos por meio deles e isso foi uma semana depois deles começarem a procurar um lugar pra gente (mas como tudo nessa vida, teve o seu preço, né).
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Sobre contas e taxas, o padrão é o proprietário pagar os impostos referentes ao imóvel (tipo o que seria o IPTU) e também a um eventual condomínio (services costs), sendo que, esse último, ele geralmente embute no valor do seu aluguel. E aí as contas de consumo (água, eletricidade e gás), assim como as taxas de uso da rede de esgoto e de coleta do lixo, ficam a cargo do inquilino. Mas eu já vi oferta de tudo quanto é jeito, então é bacana sempre entender como isso funciona naquela oferta específica.
Agora você deve estar se perguntando: mas, e alugar apartamento estando no Brasil pra já chegar com um lugar pra morar, rola?
De novo, não vou falar que é impossível, mas eu não consegui. Mandava e-mail pras imobiliárias e era ignorada. Ligava pras imobiliárias, ficavam de me retornar e nunca retornavam. Tentava entrar em contato direto com proprietários e nada. Você pode tentar e torço pra que tenha mais sorte do que eu, mas já se prepare.
Você também pode querer uma solução mais fácil (e barata) do que alugar um apartamento só pra você, como nós fizemos. Aqui é super comum as pessoas alugarem quartos, seja de um proprietário que mora na casa e tem um quarto sobrando, ou de alguém que tem um lugar e aluga os quartos. Só não esqueça de checar se o registro na prefeitura é possível e, quem sabe, me chamar pra um café quando chegar.
(Ah e não, minha casa não é uma dessas da foto – risos)
Sites para busca de imóveis na Holanda:
Agência focada em expatriados que usamos:
Informações da prefeitura de Amsterdam sobre o BSN, neste link aqui.