Depois de quase quatro anos, partimos para uma nova aventura e deixamos Dubai como mais um capítulo da nossa estória. E já estou sentindo falta de algumas coisas…levo comigo boas lembranças e pessoas em meu coração. Devo confessar que Dubai foi um marco em minha jornada, lugar que me proporcionou muito amadurecimento, conhecimento e transformações. Sem dúvida, um divisor de águas em minha vida.
Tenho certeza de que sentirei falta, muita falta: dos shoppings gigantescos, cheirosos, elegantes e limpos; da modernidade, das facilidades, da arquitetura arrojada, do período de inverno (digo, dos dias menos quentes), das atividades ao ar livre, do meu trabalho, das minhas queridas alunas, do transporte público (que funciona muito bem e de forma muito organizada); da minha vista de tirar o fôlego…além das pessoas que cruzaram o meu caminho, que me ajudaram, que vibraram comigo e por mim. E lógico, do mundo tax free.
Mas também devo confessar que existem algumas coisas das quais eu não vou sentir a mínima falta: do verão de 50 graus, que me deixava muito letárgica; da baixa umidade, do período do Ramadã, dos valores exorbitantes das passagens aéreas para o Brasil, do trânsito caótico (quero dizer, dos motoristas caóticos); da areia na sacada e do alto custo de vida.
Dubai, uma cidade que não para. Um canteiro de obras a céu aberto. Um mundo muçulmano muito receptivo e aberto. Terra de mulheres vaidosas, elegantes, de sobrancelhas bem feitas, perfumadas e de muita maquiagem. Muita bolsa e sapato de grife. Homens com barbas impecavelmente desenhadas, vestindo kandura perfumadas (aquela roupa típica dos homens árabes; normalmente branca) e dirigindo carros elegantes. Terra das babás. Maravilhosos Spas, provavelmente os melhores e os maiores do mundo. Hotéis que parecem palácios, bem decorados e com ornamentos a base de ouro. Serviços inimagináveis. Carros luxuosos, casas luxuosas. Lugar onde diversas nacionalidades e culturas se encontram e se misturam. Onde tudo é possível. Cidade de expatriados. Cidade de oportunidades mas também de muita desigualdade social. Lugar de consumo, e da-lhe consumo…comprar, comprar e comprar. Dubai é única, é surpreendente.
Se você tem interesse em conhecer este lugar, eu recomendo. São várias opções de lazer, entretenimento e hotéis. E para quem tem interesse em trabalhar em Dubai, esse parece ser o lugar perfeito; livre de impostos e muitas oportunidades. Mas vale ressaltar, que o idioma inglês é fundamental, assim como o visto de trabalho. Ilegalidades costumam resultar em multa, prisão e deportação.
Eu tenho uma relação com Dubai muito interessante. Apesar de não gostar de várias coisas, Dubai me transformou…ou melhor, eu me deixei transformar. Quando cheguei em Dubai, eu sabia trabalhar em Recursos Humanos, fui embora como instrutora de Zumba e Yoga. Eu cheguei pesando 72 kilos, fui embora com 56 kilos. Eu cheguei sem filho, fui embora com minha doce Isabella nos braços. Eu nunca havia feito hummus, eu nunca havia escrito para um blog, eu nunca havia me relacionado com indianos, filipinos e árabes, nunca havia visto tanta areia, camelo, Ferrari e ouro. Eu nunca havia visto tanta desigualdade social, tantos senhores e servos. Nunca havia visto tanto luxo.
Desde que recebemos a notícia de que partiríamos, tivemos quase 3 meses para organizar tudo, vender o que deveria ser vendido e fazer doações de objetos que não seriam mais úteis (aproveito para recomendar a organização Take my Junk, que recolhe tudo o que você não precisa mais para doar para pessoas carentes). Eu sabia que seria trabalhoso pois com um bebê tudo se torna um pouco mais complexo. Que por sorte que pude contar com a ajuda da minha mãe. Com ela, foram 10 dias organizando as caixas, separando as doações, vendendo algumas coisas, encontrando amigos, despedidas, choros, comemorando o aniversário de 1 ano da pequena…tudo junto e misturado. E ainda pela frente havia uma viagem de 16 horas, com uma diferença de fuso horário de 10 horas.
Mas o sentimento era de satisfação, de gratidão, de alegria, sensação de que aproveitamos bem todos esses anos no oriente médio. Etapa concluída com êxito. E no coração, a ansiedade para iniciar a nova fase nos EUA.
Essa vida de expatriada nos permite conhecer lugares, culturas, pessoas, sabores e paisagens. E a cada partida, junto com a mudança, também carregamos reflexões, alegrias, ansiedades, dúvidas e saudades. E dessa vez, ainda tínhamos a pequena Isabella, que apesar de só 1 ano de idade, acabou sentindo todo o movimento…sentiu falta do berço, da banheira, dos brinquedos, dos horários do sono, da alimentação que estava diferente…então além da mudança, do cansaço, das emoções, ainda tínhamos que gerenciar um bebê mais choroso.
Depois de tudo resolvido, embalado, vendido, encerrado, vistos prontos, vistos cancelados, enfrentamos um voo de 16 horas (digo, intermináveis 16 horas) mas chegamos ao nosso destino felizes. Houston nos recebeu com um friozinho gostoso que há muito tempo não sentíamos. E minha filha usou pela primeira vez casaco e gorro. E Dubai fica em nossos corações como uma doce recordação, parte de nossas vidas, lugar inesquecível.
E com esta matéria encerro minha colaboração sobre Dubai aqui no blog. Espero que tenham gostado de todos os artigos e dicas e continuarei a responder comentários e dúvidas. Até breve, até por aí.
2 Comments
Poxa, eu aqui louca para saber mais sobre as escolas de Dubai.
Muito bom os seus relatos. Meu marido esta com uma oportunidade para Dubai, e temos muitas duvidas, por causa de nossas duas filhas, o seu texto sobre as escolas deu uma grande ajuda com relação aos valores. Obrigada.
Olá Raffaela,
A Juliana Bordião parou de colaborar conosco, mas temos outra colunista em Dubai.
Você pode entrar em contato com ela deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM