Existe preconceito na Hungria?
Falar sobre a realidade de morar na Hungria é importante e é um questionamento frequente por pessoas que pensam em se mudar pra cá.
Primeiramente, quero deixar claro que qualquer interferência política será deixada de lado neste texto. Este relato é baseado nas minhas impressões e em situações vivenciadas por brasileiros aqui.
Historicamente, a Hungria sofreu muito com as guerras e com as invasões de diferentes povos. É natural que a população (principalmente a parcela mais idosa) aja de forma receosa. É impossível generalizar o comportamento de uma nação, pois as pessoas preconceituosas estão em todos os lugares. Ouso dizer que toda generalização é burra.
Entender a cultura e a história minimiza os impactos na hora de se sentir parte da comunidade, ainda que o idioma seja uma importante barreira.
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Quem já leu outros textos produzidos por mim, sabe que eu amo morar em Budapeste e mesmo com os pontos negativos, não troco por nada! No entanto, minha experiência positiva não pode ser usada como como verdade absoluta, infelizmente muitos não gostam ou não se adaptam.
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A boa notícia é que, ainda que o país tenha um viés conservador, é tranquilo de se morar.
Não vou negar que quando questionei quem já sofreu algum tipo de ataque, fiquei bem triste e desapontada ao me deparar com situações assim em pleno 2018.
Falando um pouco da nossa terra natal, diversas fontes confirmam que o Brasil é o país que, em número absoluto, lidera o número de mortes no mundo. Existem índices de homicídio, mas é complicado classificar e realmente saber quantos deles foram por razões como homofobia, preconceito, transfobia ou racismo por exemplo. É assustador vermos o quanto isso se torna banal, por ser tão comum. A violência está infinitamente mais presente na rotina do Brasil, enquanto nossa preocupação na Hungria é que alguém leve o celular ou carteira da sua bolsa sem que você perceba. São realidades tão distintas, de um lado temos assaltos a qualquer hora do dia… Enquanto do outro lado posso voltar para casa sozinha e em segurança 3 horas da manhã.
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Conheci muitos africanos na empresa que trabalhei e lamentavelmente eles compartilharam comigo muitas histórias de discriminação. Uma delas foi seguida em uma loja o tempo todo, inclusive o segurança ficou de longe fiscalizando para garantir que ela não roubasse nada quando foi ao provador, apenas parou quando ela efetuou o pagamento no caixa. E isso aconteceu mais de uma vez. Assim como os brasileiros que são negros ou gays.
Pesquisei em grupos de brasileiros e expatriados e a opinião costuma ser a mesma: eles são bem racistas e xenofóbicos. Ao mesmo tempo, dividiram que no Brasil sofriam muito mais.
Pela minha percepção, acontecem ataques sim, mas não é algo comum ou corriqueiro. E a grande parte dos relatos, é de agressão verbal.
É nossa obrigação combater qualquer tipo de preconceito diariamente, acredito em uma mudança positiva através da educação. Não é fácil, mas respeitar o diferente já é a realidade de quem mora fora. Aos poucos os estereótipos se dissipam, e então você se vê dividindo uma mesa de bar com turcos, romenos, franceses e servos.
Concluindo, se a sua preocupação ao vir pra Hungria é o preconceito, venha preparado para julgamentos e olhares estranhos. Algumas perguntas surgirão, o tempo será o seu melhor aliado para lidar com tudo.
O novo em geral é visto com receio, ultimamente muitos estrangeiros estão se fixando aqui, mas ainda é diferente para os locais e diariamente vai ouvir “Por que a Hungria? Não tinha outro lugar melhor?”.
As empresas multinacionais possuem um ambiente multicultural e a equipe de Recursos Humanos tenta recrutar profissionais com perfis de fácil adaptação e pensamento globalizado. Portanto, a maior parte do tempo costuma ser tranquila.
Agora se a mudança for pra Budapeste, é um ambiente bem internacional e variado, com opções para praticamente todos os públicos.