Em época de Copa do Mundo, escrever sobre o evento acaba sendo inevitável. Enquanto existem muitos temas a serem discutidos e abordados, não há como não esquecer os problemas por alguns momentos, vestir a camiseta, reunir os amigos em um bar e torcer pelo time do coração.
Não é a primeira Copa do Mundo que assisto fora do Brasil; na de 2010, estava na Irlanda e nos reuníamos nos pubs para assistir aos jogos. Embora os irlandeses não tenham uma forte equipe, eles gostam bastante de esportes e cada um que conheci torcia por uma equipe inglesa: meu chefe torcia para o Chelsea, o seu sobrinho para o Manchester United e um colega para o Arsenal, por exemplo. Engraçado que, embora a rivalidade com a Inglaterra fosse enorme, quando se tratava de futebol, as desavenças eram esquecidas. Meu ex-chefe me disse que isso acontecia porque muitos irlandeses jogavam por times ingleses.
Nas Filipinas, no entanto, o futebol não é paixão nacional. Particularmente, duvido que eles até tenham um time profissional que os represente. Os esportes amados pelos filipinos são o boxe, por causa de Manny Pacquiao, e o basquete que é jogado por todos os filipinos, em qualquer lugar. É quase como o futebol no Brasil, que é jogado em qualquer pedaço de terra aberto.
Aqui, eles acompanham as lutas de Pacquiao assim como assistem aos jogos das equipes universitárias locais e acompanham a NBA. Acredito que essa influência venha da colonização americana, que durou de 1896, quando o Tratado de Paris foi assinado e o controle das Filipinas transferido, até 1946. Embora tenha durado pouco, a passagem americana por aqui deixou várias heranças, desde o idioma até a presença de restaurante de fast food como Wendy’s, McDonalds e KFC.
Bom, voltando ao assunto do momento. Ainda que o futebol não seja nem de longe uma “paixão nacional”, os jogos de futebol são transmitidos em vários sports bars pela cidade. Por quê? Por causa dos estrangeiros que aqui vivem, um número que cresce a cada dia.
Embora a maioria das pessoas que se reúne em sports bars para assistir aos jogos da Copa seja composta de estrangeiros, é possível encontrar filipinos no meio dos torcedores. Ainda que eles não curtam futebol a ponto de desconhecerem Pelé (isso é o que eu acredito), alguns acompanham seus amigos ou companheiros expatriados. Outros poucos assistem aos jogos porque torcem por algum time de futebol europeu. E, pouco a pouco, aprendem o que é o tal do futebol.
A maioria das pessoas que vai aos sports bars para assistir a um jogo é composta de estrangeiros que torcem não apenas pelos times de seus países como também por outros times de suas escolhas.
Aliás, acho isso bem interessante. Quando mudamos de país, acabamos por adotar outros países como se fossem nossos. E começamos a torcer por times de outros países como se fossem nossos também. Uma amiga filipina que morou em Portugal por 12 anos, por exemplo, torcia para Portugal e para a Inglaterra acirradamente. Nesse momento, ela não está muito feliz com suas equipes, mas, ainda assim, vai ao bar para que possamos assistir aos jogos juntas. Outra amiga, uma peruana que cresceu nos Estados Unidos, espera que a Copa seja ganha por algum país latino-americano, de preferência o Brasil. Eu, como não tenho fé no nosso time embora torça bastante (sinto muito. Ainda acho que um bando de estrelas não forma um time, mas sim uma constelação), não sei se isso acontecerá!
No primeiro fim de semana de Copa, fui ao bar com elas. E lá nos encontramos com colombianos (felizes porque tinham ganhado o jogo contra a Grécia), um americano que viveu em Medellín, espanhóis e até um indiano perdido e todos assistimos ao jogo Itália x Inglaterra juntos em uma mesa que parecia pertencer ao refeitório da Torre de Babel. Em outras mesas, tinham ingleses (vários) com suas respectivas namoradas/esposas filipinas e outros grupos que incluíam portugueses, italianos e tantas outras nacionalidades.
Assistir aos jogos aqui foi como assistir aos jogos da Copa do Japão/Coréia no Brasil: tudo acontece de madrugada. O meu problema em particular não é o horário, mas sim o fato de que trabalho pelas noites. Então, enquanto meus amigos internacionais estão nos bares, tomando suas cervejas e acompanhando os jogos, eu só conseguia fugir para assistir ao primeiro ou ao segundo tempo, durante o horário de comida (ainda não sei se janto, almoço ou tomo café da manhã).
Dessa forma, assisti ao segundo tempo do (desastroso) jogo contra o México no Skinny Mike’s, um sports bar localizado perto de onde trabalho. Havia muitos mexicanos que gritavam escandalosamente (adoro latino americanos! Hehe!) e até alguns filipinos que torciam pelo Brasil. Quando terminou o jogo, voltei para o trabalho, com a alma renovada! Afinal, não posso matar ninguém na companhia, mas posso xingar o quanto quiser o cabelo estilo Roxette do Neymar.
Muitos brasileiros se reúnem para assistir aos jogos. Assisti ao primeiro, contra a Croácia, na casa de uma amiga, com um grupo enorme de pessoas, às 4h da manhã, enquanto comíamos pão de queijo! Eu gosto dessas reuniões, mas também gosto do clima internacional que se tem ao assistir aos jogos em algum dos sports bars.
Então, tem Copa… Até na Ásia! =)
Salamat!
4 Comments
E essa amiga filipina sou eu! Adorei Tati! Ficas agora a saber que sim, Filipinas tem uma seleção nacional denominada Azkals, eles ficam no 129° no ranking da FIFA…kkkkk
Haha! Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiim! Lo, você é a minha amiga filipina do texto!!! Mas eu não trato você como trataria a uma filipina… Trato você como uma das minhas amigas queridas latinas!!! Obrigada pela informação sobre a seleção nacional filipina! Haha! Beijos beijos beijos!
Ah…. o futebol…. quando tem fair play pode ser tao lindo, né??? Adorei seu texto!!!
Oi Joy! Eu, particularmente, gosto do futebol, mas gosto do clima que existe durante os jogos, sabe? Nunca acompanhei futebol no Brasil porque não gosto da bagunça… Nós não sabemos perder, mas tampouco sabemos ganhar! 😉 Um beijo e obrigada!