Madri é a quarta cidade que moro (depois de Dublin, Barcelona e Manila, nessa ordem) e, nessas andanças pelo mundo, encontrei duas prioridades igualmente importantes: encontrar trabalho e achar uma casa para chamar de sua. Hoje vamos falar sobre como alugar casa em Madri.
Exceto pelos meus breves seis meses em Barcelona, nunca fui expatriada. Portanto, não tinha nem casa nem emprego garantidos e sabia que a minha estada no exterior dependia de muito esforço por minha parte e um pouco de sorte – ou destino, como quer que se chame – e, embora tivesse a casa da minha família política aqui em Madri, tudo dependia bastante de mim.
Já escrevi sobre o mercado de trabalho em Madri nesse link, então acho que chegou a hora de falar sobre ter um cantinho próprio nessa cidade. E o momento é ideal porque, enquanto vocês leem esse post, estarei dando os últimos retoques no cantinho que, finalmente, chamarei de meu e era algo pelo qual ansiava. Então, divido com vocês essa experiência de alugar meu lar em Madri, que, para mim, é bastante recente.
Por causa das voltas às aulas, setembro é o mês em que a busca por casas é maior (lembrem-se que o ano letivo, nos Estados Unidos e Europa, vai de setembro a junho do ano seguinte) e, portanto, é quando os preços estão mais altos. Hoje em dia, a busca por apartamentos acontece online. Há muitas agências espalhadas pela cidade, mas todas elas divulgam os imóveis disponíveis na Internet. Os dois sites mais usados são Idealista e FotoCasa e ambos tem aplicativo. Louca como sou, tinha ambos no celular e ficava buscando casa no caminho de casa ao trabalho além de receber alertas das novas ofertas que se encaixavam nas minhas especificações. Quando encontrava algo que me interessava, ligava. Simples assim.
Não era tão simples, no entanto, marcar as visitas. Claro que seus horários e os horários dos proprietários/corretores têm que coincidir e, por isso, perdia a visita de apartamentos que prometiam muito porque não conseguia abrir um buraco na minha agenda. Acontece, mas fica a dica: viu e gostou? Falem imediatamente com o proprietário/corretor. Assim, se evita a frustração de ter gostado de algo e ficar sem.
Apesar de serem confiáveis e de possuírem filtros para determinar spam, é importante estar atento aos possíveis golpes: outro dia, saiu nos noticiários de que se anuncia um apartamento incrível por um preço baixíssimo, mas o proprietário, que vive no exterior, não pode mostrá-lo. Ele pede um depósito e o apartamento, que parecia lindo, nunca será visto. Por isso, por mais idiota que pareça, sempre visitem o local antes de tomar quaisquer decisões. Nem só pelo golpe, mas, particularmente, acho bem importante ver o lugar, sentir a vibração do mesmo, ver seus defeitos e em que andar estão, no caso de apartamentos. Um apartamento no andar “1” logicamente estará localizado a um andar da rua, vocês podem pensar, mas pode ser que não; de repente, ele estará no que, em São Paulo, conhecemos como térreo. Também é importante ver a vizinhança, o que ela oferece e se ela é boa. Porque sim, existem bairros ruins em qualquer lugar do mundo, minha gente!
As duas zonas mais caras para se viver em Madri são Salamanca e Chamberí, respectivamente. Dizem até que a Calle Serrano, no bairro de Salamanca, é uma das mais caras de toda Espanha. Pode ser legal ter o Parque do Retiro como jardim de casa, mas nessas regiões é difícil encontrar um apartamento decente e com bom tamanho por menos de 1000 euros/mês. Até existem aqueles cujos aluguéis sejam menos de 600 euros/mês, mas eles serão do tamanho de uma caixa de sapato.
Acho que, no fim, tudo dependerá do orçamento que se tem disponível. Eu busquei casas para alugar porque, além de não dispor ainda dos 20% o valor do imóvel que são requeridos na compra, achei legal conhecer o bairro antes que decidisse estabelecer residência fixa no local. Já pensou se o meu bairro tem uma vida noturna maluca no meio da semana? Além da compra e venda de imóveis, há também a opção de se dividir o apartamento com outras pessoas. Já fiz isso, foi legal, mas agora não é mais uma opção.
Queríamos pagar bem menos que 1.000,00 euros/mês de aluguel e tampouco queríamos viver em uma caixa de sapatos – Salamanca, portanto, estava fora de cogitação. Além disso, buscávamos um apartamento com dois dormitórios, dois banheiros, varanda e ar-condicionado que não fosse longe da minha sogra e estivesse perto de mercados, açougues, quitandas de frutas e mercadinhos, mas como não temos filhos, a existência de uma boa escola no bairro não influenciou a decisão – embora exista um bom instituto por perto. Não buscávamos apartamentos mobiliados, mas agradeceríamos se houvesse garagem.
O transporte público de Madri é excelente, como a Juliana Bezerra já comentou e o carro, realmente, não faz falta. Eu, no entanto, gosto de tê-lo disponível ainda que não dirija e, se morasse no centro, ter carro seria inviável pelo preço cobrado pelos estacionamentos da região. É uma escolha.
Em geral, se pede dois ou três meses de aluguel – e um a mais, caso se alugue por agência – e as últimas folhas de pagamento. No entanto, como esse mercado não é bem regulamentado, há quem peça aval bancário e contrato indefinido de trabalho, além de outras coisas que possam parecer absurdas. Uma vez que o proprietário aprove o pedido, o contrato, com duração de um ano, em geral, é assinado. Há agências que alugam apartamentos mensalmente e, dependendo do tempo que se vai ficar em Madri, pode compensar.
Se você quiser saber sobre alugar em outros lugares da Europa e do mundo, visitem os textos escritos pelas minhas colegas que listo abaixo. E boa sorte!
- Itália – A saga da “casa, dolce casa”
- País de Gales – A de Acomodar(-se)
- Polônia – Moradia: procurando e alugando em Varsóvia
- Canadá – Aluguel de imóveis
- Cingapura – Bairros mais procurados pelos estrangeiros
- Japão – Procurando casa para alugar
5 Comments
Muito interessante comparar essa experiência com a nossa em Valência, Tati. Aqui eles costumam pedir o contrato de trabalho e apenas um mês de aluguel de fiança. Agora nós vamos iniciar nossa busca novamente, já que vamos deixar o ap em que estamos, espero ter essa sorte de encontrar um cantinho gostoso como vc..Felicidades na casa nova!!
Obrigada pela citação, querida!! Parabéns pelo novo cantinho e pelo texto maravilhoso. Só faltou dizer que além das “caixas de sapatos” também é possível morar barato em Salamanca nos “bajos” tipo caverna do Batman. 😉 Falo por experiência própria, né?! Beijos saudosos.
Obrigada, Tati
Queria saber se asiáticos sofrem preconceito/racismo na Espanha e Europa em geral porque um amigo meu disse que espanhóis são extremamente racistas.
Valeu, bj
Ótimo post. Gostaria de saber quais documentos você precisa apresentar, sendo estrangeira, quando aluga um apartamento em Madrid. 🙂 Obrigada
Olá Sthephany,
A Tati Sato parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Espanha.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM