Quais são as gírias e expressões usadas na República Dominicana?
Que dominar o idioma é parte fundamental para a sobrevivência em um novo país, todos nós sabemos. Depois de um tempo se dedicando a aprender e escutando diariamente determinado idioma, seus ouvidos se acostumam e logo você estará compreendendo e muito provavelmente, falando como se fosse um nativo.
Você disse como nativo? Será mesmo?
Pois é. O que às vezes as pessoas demoram a ser dar conta, é que junto com a mudança de país e de idioma, vêm as gírias e a forma de se expressar, os dialetos próprios de cada lugar. Assim como no Brasil, que as pessoas de cada região têm seu próprio jeito de se comunicar (eu por exemplo, sou baiana e o “oxe” está impregnado na minha alma), os outros países também possuem suas próprias expressões.
Vivi por quase 2 anos no Panamá e quando pensei que estava expert no jeito panamenho de se comunicar, veio a mudança para a República Dominicana, agora estou aprendendo a forma dominicana de se expressar. Ambos têm o espanhol como idioma oficial, porém as expressões e gírias são completamente diferentes e únicas de cada um.
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Nesse artigo, vou contar para vocês um pouco das palavras/gírias e expressões usadas na República Dominicana que aprendi nesse primeiro ano, e que facilitam demais o meu dia a dia. Afinal, não entender as gírias faz você se sentir ainda mais como um peixe fora d’água. E se estamos aqui, é para se envolver e viver o lugar, certo? Certíssimo!
Vamos a alguns:
Ahorita: primeiro da lista porque me enlouquece. Ao pé da letra, deveria significar “agorinha”. Mas aqui eu nunca sei se é isso mesmo, ou se é algo do tipo “no dia que Deus quiser”. Porque realmente pode ter os dois sentidos e tudo depende do contexto e do tempo que a pessoa precisa para realizar tal coisa.
Chulo (pronuncia tchulo): tuuuudo que é legal ou bonito, é chulo. E se é muito legal, ou muito bonito, pode virar chulísimo!
Un chin (pronuncia tchin): é como dizer “um pouquinho”. Para qualquer coisa ou situação.
Chichi (pronuncia tchitchi): forma carinhosa de chamar um bebê/criança.
Dar una bola: dar uma carona a alguém.
Dar una pela: bater em alguém.
Funda: sacola, principalmente as de supermercado.
Guagua: ônibus.
Concho: carro que faz transporte público, como as vans no Brasil.
Motoconcho: moto táxi.
Papi chulo (pronuncia tchulo): garoto bonito.
Jamona: mulher que ainda não se casou. Seria equivalente ao nosso “ficou para titia”.
Tíguere: uma pessoa que sabe muito sobre a vida, que tem muita experiência.
Aguanta gorro: é o nosso “segura vela”. Pessoa solteira que faz companhia a um casal (ou casais).
Dominican Yol: esse eu demorei a entender. Basicamente seria um dominicano que vive nos EUA, mais especificamente em NY. Aliás, percebo que muitos chamam qualquer estado dos EUA de Nueva York.
Anda(!): expressão muito usada pelos dominicanos, similar a “que pena” ou “lamentável”. Demonstra lamento ou decepção.
Tajalám: adolescente que ainda tem atitudes infantis, que se comporta como criança.
Cuerda: pode ser como uma brincadeira mais pesada, chata.
Cogercuerda: é quando a pessoa se incomoda com a brincadeira.
Dar cuerda: incomodar o outro com as brincadeiras.
Deguañangao: tem duplo sentido. Pode ser quando uma pessoa está cansada, por excesso de trabalho, sem forças. Mas também podem ser objetos ou eletrodomésticos em mal estado ou quebrados. Depende do contexto.
Mamacita: mulher bonita. Algo como o nosso “gata”.
Guineo: banana. Eles até entendem o que é, se você pedir banana na vendinha de frutas, mas o correto aqui é guineo e ponto. Durante as minhas pesquisas para escrever esse artigo, descobri a possível razão mais lógica do nome. A fruta foi trazida pelos portugueses da África Ocidental – antigamente conhecida como Guinée (Guinea em francês) – para a América Latina e Caribe. Daí nasceu o nome guineo. A curiosidade é que na verdade a fruta não é original da África, mas coincidentemente da Ilha de Papua Nova Guiné, ou simplesmente Nova Guiné.
Chinola (pronuncia tchinola): maracujá. Nem te conto como foi a primeira vez que cheguei num restaurante e a garçonete me ofereceu “jugo de chinola”. Valha-me Deus! Para esse ainda não encontrei nenhuma explicação cabível. Caso encontre, depois venho contar para vocês.
Jugo de china (pronuncia rugo de tchina): suco de laranja, gente! Como imaginar? Pois é, o que deveria ser naranja pode ser conhecida como china também. Há quem diga que as laranjas doces viajaram da China até a Índia, de onde foram levadas pelos portugueses para o Mediterrâneo Europeu, posteriormente fazendo sua entrada nas Américas. Se essa tese é verdadeira, faz sentido o dominicano chamá-las de china, não é mesmo?
Que lo que: muito usado pelos mais jovens para perguntar como está, ou o que está fazendo. Nos aplicativos de mensagens, eles escrevem “KLK”. Até eu entender isso? Valha-me Deus de novo!
La vaina: vaina é uma palavra que se usa para tudo, qualquer coisa. Aliás sim, é exatamente como o nosso “coisa”. Tipo: onde está a coisa que deixei aqui? (Donde está la vaina que dejé aquí?).
Hambre de cuadritos: expressão usada para se dizer que está com muita fome.
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Bom, vou parar por aqui porque a verdade é que todas as expressões não caberiam em um artigo. Se você pensa em conhecer ou viver na República Dominicana, espero que este pequeno guia/dicionário te ajude a entender melhor o “idioma dominicano”. E se quiser saber mais, pode deixar seu comentário. Será um prazer ajudar!
Até a próxima!