Esse não é o meu primeiro Natal longe do Brasil. Desde que saí do país, já são 3 finais de ano, e esse será o segundo em terras dominicanas.
Não posso dizer que é muito diferente do Brasil. No geral, os shoppings também fazem grandes decorações natalinas com direito a fotos com o Santa Claus, como também é conhecido Papai Noel por aqui. As lojas se enfeitam cada vez mais cedo (algumas desde o início de outubro) e nas ruas, é possível encontrar ambulantes vendendo grandes decorações com luzes, para casa e jardins.
O que muda talvez, seja aqui dentro. Dentro de mim e da minha casa. Algumas coisas jamais serão iguais. Falta aquela tia perguntando quando a sobrinha vai casar, o tio perguntando na hora da sobremesa se é pavê ou “pacumê”. Falta os amigos secretos cheios de confusão, os olhares e abraços fraternos, o especial do Roberto Carlos na TV. Coisas que – eu acho – só nós brasileiros entendemos.
Mas eu, que sou assumidamente apaixonada pelas festas de final de ano, jamais deixo a magia acabar. Monto minha árvore, decoro a casa e não abro mão da ceia à moda brasileira: com o pernil ou peru, as comidas cheias de passas e, obviamente, o pavê!
Como é o final de ano dominicano?
Como eu disse, não é tão diferente do Brasil, mas tem suas particularidades.
As temperaturas já estão mais amenas, uma vez que estamos no inverno. O inverno aqui está longe de ser rigoroso, mas o calor dá uma boa trégua.
No início de outubro, além das lojas enfeitadas, também já se escutam canções natalinas nas rádios de todo país.
A época de festas de fim de ano é um ótimo momento para desfrutar da cultura dominicana. O Anfiteatro da cidade de Puerto Plata, local de muitos shows, oferece espectáculos de Natal variados. O mesmo acontece em Santo Domingo, onde a Zona Colonial se veste com luzes e árvores de Natal para celebrar múltiplas atividades para toda a família, como ouvir os concertos natalinos no Convento Dominicano e Las Mercedes, visitando a bela manjedoura da Catedral e participar das apresentações de Natal e troca de pratos típicos nos dias 24 e 31 de dezembro. E na primeira catedral da América, localizada na Zona Colonial de Santo Domingo, é celebrada a Missa do Galo na noite de 24 de dezembro.
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Uma tradição muito particular que antecede o Natal é conhecida como Aguinaldo. Consiste em grupos formados por familiares ou amigos, que vão de casa em casa batendo nas portas, cantando músicas natalinas e acordando seus vizinhos para convidá-los a participar dessa celebração. Por sua vez, são recebidos com chocolate quente, chá de gengibre, pães e biscoitos. Há quem diga que atualmente a tradição é mais frequente no interior do país.
Outra diferença está nas receitas da ceia. Durante todo o dia 24 de dezembro é possível ver um porco inteiro sendo assado em cada esquina, principalmente no interior. Confesso que me dá um aperto no coração, mas o fato é que esse é um dos principais pratos da ceia natalina. Na chamada Noche Buena, no dia 24 de dezembro, as famílias se reúnem em volta da mesa com pratos como esse, perna de porco assada (sim, eles comem muita carne de porco por aqui) e em algumas casas, nosso querido peru assado também é encontrado.
Frutas como maçã, uvas e pêras também são muito vistas na mesa da ceia. Mas a grande atração da noite mesmo é o Bolo da Prosperidade; um bolo feito com ingredientes como o rum, melaço, mel, ameixa, cenoura, entre outros. O Bolo da Prosperidade é, para os dominicanos, como o nosso pavê na ceia de Natal.
As comemorações de revéillon não são muito diferentes. Porém, os hotéis investem bastante nessa data, especialmente os resorts de Punta Cana, que recebem muitos turistas para a festa.
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Dia de Reis
Esse dia é comemorado no dia 06 de janeiro, como vocês devem saber. Mas aqui, é como se essa data estivesse dentro do pacote de fim de ano. Os dominicanos comemoram a chegada dos Reis Magos à manjedoura com muita empolgação. Além de ser considerado um feriado, de acordo com a lei, a tradição diz que as crianças devem escrever cartas pedindo presentes aos Reis Magos e, no dia anterior, devem deixar comida como presente para eles (às vezes até grama e água para seus camelos). No dia seguinte, encontram presentes ao lado de suas camas, ou na casa de parentes e amigos.
Bom, isso é um pouco do que já vivi aqui. Particularmente acho que é tão importante conhecer e, sobretudo, respeitar uma cultura diferente da nossa, independente do tamanho dessas diferenças. E assim, vamos nos adaptando e nos sentindo cada vez mais parte pertencente do lugar que resolvemos chamar de lar.
Até a próxima!