Olá pessoal, como estão as coisas por aí neste mundo afora? Você que deve estar levantando agora da cama, preparando o café, saindo correndo para o trabalho enquanto coloca o casaco ou pegando a bolsa e procurando a chave do carro para levar as crianças para a escola… Por acaso, você já deu um “bom dia” hoje?
Não gente, este não é um texto de autoajuda, nem aquelas correntes em que se você não disser “bom dia” para quinhentas pessoas, nas próximas 24 horas, será pobre e infeliz pelo resto do ano… Não é nada disso… O que vou lhes dizer tem”tuuudo” a ver com a Indonésia! Então, pegue sua xícara de café, sente-se e relaxe.
Você já observou, como turista ou como estrangeiro vivendo em outro país, quantas vezes cruzamos com pessoas desconhecidas, seja no elevador, no hotel, no supermercado, no restaurante, no trem, no ônibus do city tour, na fila de museus, no banheiro, etc.? E quantas destas vezes estas pessoas foram simplesmente insignificantes em sua presença? Parece que não faz diferença ou que não é algo a ser tratado como tema, mas desde um episódio pelo qual passei, nunca mais esqueci a importância do “detalhe” da saudação.
Certa vez, estávamos de férias em Phuket, na Tailândia. Íamos para um passeio de barco para umas ilhas, naquele típico esquema turistão, logo pela manhã, quando você ainda nem acordou direito…
Pois bem, chega a van, o motorista abre a porta, dentro há vários turistas e dois ou três assentos disponíveis. Meu marido entra primeiro, analisa e senta-se logo perto da porta, apertando-se um pouco para que me sente entre ele e um outro turista. Sento-me e começo a mexer na câmera. Percebo que o turista ao meu lado começa a conversar com o amigo ao lado dele, em italiano. Entre as poucas coisas de italiano que entendo, e dado o fato que o italiano não fala baixinho, percebo que ele está reclamando da nossa “falta de educação” e diz algo tipo “um bom dia não custa nada, as pessoas entram e sentam e sequer dizem um bom dia!…”e continua a reclamação em palavras que já não consegui compreender.
Aquilo me ferveu o sangue (italiano, diga-se de passagem!) e deu vontade de falar “Ei, sou brasileira e entendo um pouco do que você diz” e blablabla… Mas, parei, pensei… E comentei o fato com o meu marido. Olhamos um pra cara do outro e ele me disse “O pior é que ele tem razão!”. E daí em diante, nossas férias foram outras, sempre!
O fato de não ter desejado a eles um “bom dia” não foi por falta de educação, pois suponho que tenho alguma, mas por mero descuido, por falta de atenção, por estarmos imersos dentro do nosso mundo. E isso acontece diariamente e em qualquer lugar.
Mas após o “incidente”, voltei para a Indonésia mais atenta a não cometer o mesmo engano. O indonésio em geral é amigável. Em situações comuns, onde pedestres se cruzam pelas calçadas (que quase não existem ou são estreitamente inúteis e perigosas) você pode perceber que se os olhares se cruzam, eles se cumprimentam. É curioso observar que o mesmo povo que praticamente se atropela para tomar um ônibus, que corta filas sem a menor cerimônia, que não conhece ordem no trânsito, tenha tanta educação no trato com o próximo, principalmente em família e com os mais velhos.
Outro dia conheci uma senhora indonésia que havia morado anos em Angola e falava bem português. Conversamos um pouco e ela me conta como foi feliz durante os quatro anos que viveu lá e de como se sentia identificada com as pessoas, em como eram “parecidos”. Achei curioso e fiquei tentando imaginar qualquer relação de semelhança entre indonésios e angolanos além de algumas palavras que dividimos no dicionário (a língua indonésia possui várias palavras em português, herança do período de colonização portuguesa). E ela comenta que lá as pessoas também se cumprimentavam, diziam bom dia, boa tarde, obrigado, etc… lembrei-me então, do meu “caso italiano”.
Independentemente de compartilharem hábitos religiosos, o que os faz ainda mais ritualistas nos cumprimentos, os indonésios esperam um sorriso, sempre. Os estrangeiros nem sempre estão atentos a essa atitude e assim como eu – na opinião do tal italiano – podem passar por sombong (arrogante, em indonésio).
O indonésio é amável, tem um sorriso tão simpático e inocente que às vezes fisicamente parecem ser anos mais jovens do que realmente são. Até mesmo quando se atrapalham tentando entender o que a gente diz, começam a dar uma risadinha que parece chacota!
Já vi muitos estrangeiros se incomodarem com a situação, saindo furiosos de uma loja. Mas o fato é que eles fazem isso por puro nervosismo, por medo de dizer que não entendem e ofenderem ao próximo.
Andando pela Indonésia você vai ouvir alguém gritar “Pagiiii, missis (ou mister, pois eles misturam um pouco os pronomes…rs)”. É a forma reduzida do Selamat Pagi, (pronuncia-se selamá pagui), o bom dia em indonésio.
Então, se você leu este texto, lembre-se do “italiano”, estampe um sorriso largo e responda “Pagiiii” !!!
Fotos: Acervo pessoal
11 Comments
Olá Gisele! Selamat Pagi!
Muito obrigada por me ensinar a dizer “bom dia” 🙂 e, como é mesmo que se diz, “muito obrigada”? 🙂
obrigada!
Olá Lyria! Aqui já é “Selamat Malam!” (Boa noite) hehehe
Terima kasih (obrigada) por comentar! abraço!
Olá Gisele!
Parabéns pelo artigo. Realmente, um bom dia, boa noite, etc faz toda diferença em nosso dia-a-dia. Esquecemos que simples palavras melhoram nossa vida e não passamos por sombong! Abraços Bruna.
Oi Bruna! Obrigada! É bom às vezes lembrarmos de simples gestos de cortesia já tão esquecidos atualmente… faz toda a diferença pra começarmos bem o dia, né? Beijoca
Ótimo … Muito bom mesmo ! Não sou brasileiro, mas moro no Brasil à quase 9 anos, e realmente o brasileiro não tem o costume de saudar ! É uma pena , porque na maioria das vezes o povo brasileiro é visto ou tido como pessoas simpáticas !!! ( Fora da realidade).
Obrigada, Edy! O brasileiro em geral é simpático, mas acho que estamos perdendo o rumo da simpatia com vidas tão atarefadas, com o corre-corre diário, com a falta de segurança… e isso tira o encanto pelo qual sempre fomos conhecidos. Mas abra o sorriso, comece você com a saudação e talvez surpreenda o “mau humorado” ou “desligado” assim como aconteceu comigo! Garanto que funciona! 😉 Abraço! E bom dia!!!
Bom dia Gi!
Parabéns, excelente texto.
Já vivi situação parecida, realmente acontece por mero descuido e acabamos passando por “sombong”.
Beijos, Lucimara.
Pois é, Lucimara! O italiano sequer imagina, mas me deu uma grande lição! hehehe
Obrigada por acompanhar! Beijos!
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Gisele, adorei seu texto!
Beijos Rithiele.
Obrigada Rithi! Continue acompanhando o blog! Bjoka