Israel, a nação das startups.
Você não precisa ser um expert no mundo dos negócios para conhecer a fama de Israel como país incubador de startups. O bestseller “Start-up Nation” ajudou a popularizar este tema e trazer para o debate internacional os motivos que fazem este país ser tão pequenino, e ao mesmo tempo tão representativo e empreendedor. Afinal, qual é o ecossistema que Israel possui que permite tamanha realidade? Como um país com uma população de pouco mais de 8 milhões de pessoas tem tanto destaque no NASDAQ? A ideia deste texto é trazer um olhar como imigrante sobre esta realidade tão única, com foco principal em startups de base tecnológica.
Não sou uma usuária que pode ser classificada como “early adopter”, nomeação utilizada na classificação do ciclo de adoção de novas tecnologias. Em outros termos mais francos, sou bem lenta na adoção de novas tecnologias.
Na mesma semana que escrevo este texto, acabo de postar minha primeira foto no Instagram (risos). Sou uma usuária cautelosa que raramente substitui papel e caneta pelo “notas” do celular. Mas ao utilizar os meus poucos e bons aplicativos, foi difícil passar despercebido que uma importante parcela tinha sido concebida em Israel, como: o queridinho WAZE, VIBER, Gett (anteriormente GetTaxi), entre outros não tão famosos no Brasil.
Leia também: dez curiosidades sobre Israel
Para termos uma ideia da dimensão do mercado, o Waze foi comprado pelo Google por $ 1 bilhão. Saindo do mundo dos apps, temos também inovações de maior porte, como o USB Flash Drive (que costumamos chamar no Brasil de Pen Drive), que foi criado em solo israelense, a plataforma wix.com (mundialmente conhecida para desenvolvimento de sites), e o queridinho da vez: Mobileye, comprado pela Intel neste ano. O Mobileye é um sensor de inteligência artificial que permite a veículos computadorizados receber informações sobre o seu entorno (veículos, pedestres e ambiente), que seria a chave para a nova geração de carros sem motoristas.
Esta realidade de inovação e empreendedorismo também permeia várias áreas do conhecimento: medicina, agricultura, biotecnologia, matemática, entre outras áreas.Para os curiosos, fica aqui o link de uma lista intitulada 10 tecnologias israelenses que estão mudando o mundo.
Outra iniciativa bastante recente é a criação da “HaMadguerá”. Como o próprio nome já diz, trata-se de uma incubadora de startups. Até aí nada de mais, certo? A não ser por um pequeno detalhe: a incubadora está sediada num kibutz, em Revivim. Estas comunidades, que nasceram na cultura agrícola, agora passam a interagir e a contribuir para o progresso da Hi-Tech em Israel. A proposta é compartilhar a experiência do kibutz em Economia Colaborativa e cooperativas num ambiente ideal para as empresas.
Citei no início do texto o livro “Startup Nation”, dos autores Dan Senor and Saul Singer. Na tentativa de entender este fenômeno, o autor fala sobre diversas realidades peculiares que poderiam contribuir para este cenário de empreendedorismo. Em Israel existe um termo chamado “chutzpah”, expressão usada para definir um traço marcante dos israelenses, um misto de “cara de pau”, com uma postura atrevida e audaciosa.
Este elemento cultural é uma característica que pode contribuir para o empreendedorismo no país, uma vez que o israelense enfrenta riscos e desafios de uma forma para lá de descontraída. O serviço militar em Israel é obrigatório para jovens de 18 anos e tem duração de quase três anos para homens e dois anos para mulheres. Diferente do jovem brasileiro que termina a escola e, muitas vezes, inicia a vida universitária muito cedo, com 17/18 anos, o jovem israelense inicia a vida universitária só após terminar o serviço militar obrigatório.
Este fato também é apontado no livro como um fator que poderia contribuir, uma vez que jovens experimentam cedo responsabilidades de alto risco, lidam com organizações grandes e complexas. Não parece muito arriscado iniciar um novo negócio, investir em um app ou lançar a sua ideia em uma campanha de crowdfunding, após ficar anos no exército, não acham?
Leia também: Como é morar em Israel
O país também está no topo das listas em termos de investimento em pesquisa e desenvolvimento, o que claramente tem um papel fundamental nesta realidade. Não basta ser empreendedor, precisa também mapear e divulgar as iniciativas no país. O site “Mapped in Israel – zoom into the Startup Nation” divulga uma lista de iniciativas empreendedoras no país, separadas por tipo: startups; comunidades; investidores; aceleradoras; locais de coworking; centros de pesquisa e desenvolvimento; entre outras classificações. Este é o link para quem quiser conhecer mais.
A terra santa é também a terra do empreendorismo! Para quem ficou interessado em saber mais, existem tours para conhecer as principais startups de Israel e importantes institutos de pesquisa, com destaque para o Weizmann Institute of Science. Este é um tema presente na atmosfera israelense e que gera bastante curiosidade em indivíduos no mundo dos negócios e afins. Se está à procura de um livro, fica a dica: Start-Up Nation Book – The Story of Israel’s Economic Miracle. Boa leitura!
1 Comment
Boa tarde Marianne, tudo bem?
Gostaria de tirar uma dúvida com vc se possível..
Meu marido receberá um visto temporário para ir morar em Israel (Tel Aviv) à trabalho, ele é atleta, por isso do visto temporário. Sabe me dizer se esse visto também se aplica à mim ou se isso é algo que o clube teria que fazer? Muito obrigada!