Tel Aviv, Jerusalém e seus contrastes.
Este é meu primeiro texto como colaboradora do BPM, então fica meu olá de marinheira de primeira viagem. Bem-vindos a Israel, ou como diriam por aqui: ברוכים הבאים (bruchim habaim).
Contrastes não faltam neste pequeno país, do tamanho do estado de Sergipe. Por um lado, um país desenvolvido, exportador de tecnologia e incubador das mais incríveis startups; por outro, um país que precisa de melhorias em assuntos triviais, como “jogar lixo no lixo”.
Neste texto, falarei principalmente dos contrastes entre as duas principais cidades de Israel: Jerusalém e Tel Aviv.
Para nós brasileiros, a diferença entre cidades mais ocidentalizadas x cidades mais orientalizadas é um contraste bem nítido em Israel. Moro em Tel Aviv, a cidade mais “ocidental” do país. Se você quer imaginar Tel Aviv, pode pensar em um misto entre Rio de Janeiro e Montevidéu. Temos o costume, no Brasil, de comparar as “coisas”, como se isto nos ajudasse a dar uma familiaridade a tudo. Meu lema é não comparar o que não é comparável. Porém, àqueles que realmente não descansam sem ter a resposta para “Afinal, Tel Aviv parece com o quê?”, fica a ajudinha.
A cidade mais ocidentalizada de Israel tem um clima descontraído de praia, sol e barzinhos lotados todos os dias da semana. Tudo muito caro, digno de paraíso turístico no Oriente Médio. Em Tel Aviv se vê muitos turistas de todos os lugares do mundo, turismo LGBT em alta e a cidade é a casa escolhida por muitos imigrantes seculares (palavra usada para designar pessoas que não praticam religião). Para aqueles que não possuem hebraico fluente e/ou querem um choque cultural em nível leve, este é o lugar para morar em Israel!
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Tel Aviv é uma cidade liberal que abraça diversas nacionalidades. Além de inglês e hebraico, ao caminhar pelas ruas é comum escutar francês, russo e espanhol. Por ser uma cidade cosmopolita, as opções gastronômicas e culturais são de influência internacional, e até mesmo as belas praias possuem opções para agradar a todos: existem praias para o público religioso; para os amantes de animais, onde os cachorros aproveitam o mar e a diversão da praia; também há pontos específicos para quem pratica o famoso “Matkot” (semelhante ao nosso frescobol); e praias com foco no público LGBT.
Ainda assim, se você não gosta de praia, Tel Aviv possui um parque extenso chamado HaYarkon. Nos finais de semana, o parque é destino para muitas famílias com crianças pequenas, ciclistas, praticantes de caiaque e para aqueles que gostam de curtir o calor longe do agito das praias. Nos parques da cidade, sempre acontecem festinhas de aniversário de crianças, que aqui são, em sua maioria, ao ar livre, com piqueniques. Uma solução muito simples e gostosa, que poderia ser aplicada no Brasil, se o cenário de segurança fosse diferente.
Jerusalém é a maior cidade de Israel e fica a menos de uma hora de carro de Tel Aviv.
Acreditem, muitos contrastes podem surgir em 66 km. Se Tel Aviv tem um ar de cidade praiana e festiva, Jerusalém é a seriedade em forma de cidade. A paisagem única de uma cidade construída com pedras brancas, com inverno frio e uma riqueza histórica incomparável.
Nela o turismo é principalmente de cunho religioso/histórico e a cidade possui uma tensão no ar, que não se encontra em Tel Aviv. A paisagem é uma experiência única, especialmente quando o pôr do sol, sobre as pedras claras, reflete a cidade com um ar dourado, originando a expressão “Jerusalém de Ouro”.
Enquanto Tel Aviv é uma cidade de muitas bicicletas e ciclovias que unem quase todas as partes, Jerusalém, até mesmo pela sua natureza montanhosa, é uma cidade onde os carros e o trem de superfície predominam.
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Contrastes não faltam nesta cidade de ares médio orientais. Você entra pelas muralhas da Cidade Velha acompanhado de dezenas de judeus religiosos, com seus chapéus e ternos pretos, se dirigindo as suas Yeshivót (casas de estudos religiosos). Continue caminhando e se depare com o Mercado Árabe, repleto de cheiros, texturas e cores. Vendedores fumando narguilé e jogando Shesh Besh (espécie de Gamão) adornam a vista pitoresca do local.
Neste mesmo mercado, que mais parece um labirinto, encontram-se as estações da Via Dolorosa. Ao fim do trajeto, começam a surgir os padres e monges anunciando que, enfim, nos aproximamos da Igreja do Santo Sepulcro. Deu para imaginar? Não há melhor exemplo de coexistência.
Apesar da proximidade física entre as cidades, a distância psicológica é significativa e ilustra bem os contrastes do país. Como visitante, nada melhor que experimentar de praia a montanha; de religião a vida noturna; de história antiga a tecnologia de ponta.
Já para imigrantes como eu, a decisão de em qual cidade morar é fundamental nesses primeiros passos de vida israelense, mas vamos aprofundar isso no próximo texto!
6 Comments
Adorei o texto, escrito com muita clareza.
Parabéns Mari!
Adorei teu texto e quero conhecer Tel Aviv! Bjs do Aldu!
Gostei muito de seus comentarios bem objetivos e cheio de cores.
Obrigada, Ruth! 🙂
Origado pelas seus comentarios, estou com viagem marcada para Israel em novembro proximo ficaremos 9 dias
Adorei o texto, gostei muito das descrições!