Facebook Twitter Instagram
    BrasileirasPeloMundo.com
    • Home
    • Sobre o BPM
      • Time do BPM
      • Autoras
      • Contato
      • Na Mídia
      • Blogs
    • Colabore
    • Custo de Vida
      • Quanto custa
      • Cheguei e agora?
      • Custo de Vida Pelo Mundo
    • Países
      • Alemanha
      • Austrália
      • Áustria
      • Canadá
      • EUA
      • Espanha
      • França
      • Inglaterra
      • Itália
      • Japão
      • Polônia
      • Portugal
      • Suécia
    • Mais
      • Dicas para viajar sozinha
      • Relacionamentos online
      • Turismo Pelo Mundo
      • Vistos
    • Intercâmbio
      • Intercâmbio pelo Mundo
    Facebook Instagram
    BrasileirasPeloMundo.com
    Home»Turquia»Lembranças do terremoto na Turquia
    Turquia

    Lembranças do terremoto na Turquia

    Cristhiane MutluBy Cristhiane MutluMarch 3, 20211 Comment8 Mins Read
    Facebook Twitter Pinterest LinkedIn Tumblr Email
    Terremoto na Turquia
    Foto arquivo pessoal
    Share
    Facebook Twitter LinkedIn Pinterest Email

    Lembranças do terremoto na Turquia.

    Dia 30 de outubro de 2020 parecia mais um dia normal em nossas vidas. Nesse dia eu tinha um compromisso na polícia de imigração às 10h da manhã, precisava apresentar alguns documentos referentes ao meu pedido de cidadania.

    Saímos de casa e retornamos por volta das 14h30min. Tomamos banho, almoçamos e sentamos no sofá para comprarmos uma passagem e quando estava quase finalizando esse processo da compra o dia mudou completamente… Nossas vidas mudaram para sempre.

    O terremoto na Turquia que abalou minha vida

    Não deu tempo de entender o que acontecia, eu só pensava em como me equilibrar e sair dali. Os tremores duraram cerca de 30 segundos, mas para mim pareceu uma eternidade. Ouvia gritos e eram desesperadores.

    Nós também gritávamos e sentimos mais que medo, sentimos pavor, e isso estava estampado em nossos rostos. O prédio balançava de um lado para o outro, impossível equilibrar-se.

    O chão parecia mole e as paredes ameaçavam desabar. O reboco em nossa sala caiu, armários da cozinha abriram e as coisas caíam e quebravam. Tudo saiu do lugar.

    Permanecemos, eu, meu marido, meu enteado e minha cunhada, todos abraçados à coluna central do apartamento na cozinha.

    Era um terremoto de magnitude sete, o maior que senti nesse tempo em que vivo na Turquia; e assim que houve uma pausa, saímos correndo do edifício onde vivíamos no quinto andar.

    17 prédios desabaram em 30 segundos

    Corremos para a praça que fica à frente do conjunto de edifícios onde morávamos e aos poucos fomos compreendendo o que havia acontecido. Centenas de pessoas estavam lá, chorando, gritando, ligando para parentes e amigos, todos desolados como nós.

    Muitos descalços ou apenas de meias, como nós.

    Já havia sentido outros tremores em Istambul e Izmir, mas jamais nessa proporção. Começamos a caminhar e procurar amigos, vizinhos, conhecidos.

    Tristes lembranças

    Foi nesse momento que me deparei com uma das lembranças mais tristes que carrego em minha memória, um prédio desabado com dezenas de pessoas debaixo dos escombros e centenas de outras se mobilizando para retirar quem estava ali soterrado.

    Impossível esquecer. Eu não conseguia falar, apenas chorar. E logo depois vi outro e mais outro e mais outros. Foi um total de 17 prédios que desabaram durante aqueles 30 segundos de tremor e terror.

    E ninguém conseguiu dormir naquela noite. E foi a primeira noite ali, naquela praça, juntamente com outras centenas de pessoas também desabrigadas.

    Quem não estava debaixo dos escombros, estava desabrigado. Não era possível voltar para casa como das outras vezes que sentíamos os tremores de menor escala.

    Foto: arquivo pessoal

    No dia seguinte acreditávamos que a volta para o apartamento seria possível, mas não foi o que aconteceu. O prédio estava com risco de desabamento, juntamente com cerca de mais 25 outros prédios.

    Foi a noite mais longa e temerosa de toda a minha vida. Após o segundo dia, continuamos na praça, fomos informados que realmente não seria mais possível voltar ao apartamento, pois ele estava interditado e seria demolido.

    Uma das coisas que gosto na Turquia é a rapidez com que atendem seus cidadãos em muitos serviços públicos. No dia seguinte, uma equipe vistoriou nosso prédio e todos os outros.

    No segundo dia, uma segunda equipe; e no quarto dia veio a resposta concreta, não poderíamos nunca mais entrar no prédio, estava condenado e seria demolido juntamente com mais vinte e quatro prédios.

    Desespero, tristeza e aceitação

    Num primeiro momento vem o desespero, num segundo momento a tristeza e muito tempo depois a aceitação, isso em meu caso.

    Seis dias após o terremoto, a prefeitura permitiu que os moradores do nosso edifício entrassem pela sacada do apartamento através de um caminhão com elevador e retirassem o que era mais importante e não fosse pesado. Conseguimos pegar duas malas de roupas, todos os documentos e alguns pertences essenciais.

    Durante quinze dias, todos permaneceram em barracas térmicas, inclusive nós. Chegaram doações de todas as espécies.

    Cobertores, roupas, fraldas, absorventes, água, comida, meias, roupas íntimas, isopor para realizar isolamento térmico entre o colchão e o chão, colchão, saco de dormir, barracas, enfim, nada nos faltou.

    Foi um momento em que vi o contraste de um país que atende seus cidadãos na primeira hora e segue cuidando.

    Recebemos até shampoo para lavar o cabelo a seco, toalhas umedecidas para o banho porque não havia banheiros para todos e nem local para banho. Tomei meu primeiro banho três dias após o terremoto e jamais vou esquecer o quanto isso me marcou.

    Sentimento de gratidão

    A comida chegava de várias prefeituras diferentes. As cidades corriam para socorrer todos os desabrigados. Recebemos aquecedores a gás e a prefeitura enviou voluntários em nossas barracas para ver o que mais necessitávamos e em pouco tempo voltavam com o item atendendo nossas solicitações.

    Contêineres foram instalados com máquinas de lavar, sabão e amaciante foram distribuídos. Tudo que fosse necessário nos foi oferecido pelo governo, algumas instituições e pessoas.

    Não posso deixar de mencionar aqui a visita que recebi de brasileiros que saíram de sua casa, em outras cidades, e foram ao meu encontro apenas para me abraçar e estar comigo naquele momento. Fez uma diferença que eles talvez nunca compreendam. Gratidão é o que define esse sentimento.

    Foto: arquivo pessoal

    Lembranças de um resgate emocionante

    Em meio a tudo isso, havia os mortos que iam sendo retirados dos escombros e assistíamos a tudo, torcendo para que mais pessoas fossem encontradas o quanto antes e com vida. Mais de 100 pessoas perderam a vida naquele dia.

    Algo que nunca se apaga da minha mente é a retirada de uma garotinha de quatro anos, no quarto dia após o terremoto. Estava ao lado de sua avó paterna, segurando sua mão, quando o drone mostrou a pequena Ayda sendo resgatada com vida.

    A emoção tomou conta do lugar e nós choramos e sorrimos, nos abraçamos e comemoramos ao mesmo tempo em que sentimos o luto pela mãe que foi retirada sem vida. Ela havia colocado Ayda ao lado da máquina de lavar, isso criou um vácuo permitindo à garotinha um espaço onde permaneceu durante os quatro dias sem água, sem comida e sem luz.

    Na noite anterior, os cães farejadores indicaram o local onde ela estava e os bombeiros fizeram as buscas durante toda a noite e ao final da manhã conseguiram encontrá-la.

    Foi emocionante! Ela saiu sorrindo e sem grandes ferimentos. A avó pulava e chorava. O pai dela não continha a emoção e a dor. Nunca vou esquecer nem mesmo dos menores detalhes. Não quero esquecer.

    Começo das demolições

    Após sete dias, as buscas chegavam ao fim em todos os pontos de desabamento. As famílias sentiam o luto e as demolições dos edifícios condenados iniciaram. O nosso prédio foi um dos primeiros a ser demolido. Não sei explicar esse sentimento, essa dor, mas sei que é possível renascer dela.

    Após quase vinte dias, as famílias receberam uma ajuda do governo de aproximadamente R$ 8.000,00 para o aluguel de um ano e quem não quis, recebeu um contêiner bem próximo do local onde viviam.

    Esse foi o nosso caso. Optamos pelo contêiner porque, de alguma forma, ficaríamos ali, junto com muitos dos nossos vizinhos e amigos.

    Atualmente as famílias seguem vivendo nos contêineres e recebendo toda assistência da prefeitura local que visitam semanalmente as famílias. Os contêineres foram equipados com água, luz, gás, aquecedores e internet.

    Psicólogos também visitam semanalmente todas as famílias e realizam terapias. Todas as necessidades continuam sendo atendidas.

    Vou citar um exemplo: minha cunhada precisava de um colchão ortopédico e informou a um dos funcionários da prefeitura em uma das visitas que recebeu. Dois dias após, o colchão foi entregue conforme pediu.

    Há postos do governo, prefeitura e saúde onde os contêineres estão instalados. Ambulâncias 24h no local e espaços de lazer para as crianças.

    Outra coisa que o governo tem feito é empregar os desempregados em órgãos públicos, em funções que possam exercer. Nós temos um amigo que trabalhava como zelador em um dos prédios demolidos.

    Ele vivia no apartamento do zelador, perdeu o emprego e a casa. Optou pela ajuda financeira para o aluguel e após três meses foi empregado como porteiro em um prédio da prefeitura.

    Quanto ao futuro…

    Quanto ao que acontecerá no futuro, tudo está sendo resolvido. Claro que levará um tempo, mas percebemos pelo movimento que realmente será resolvido.

    Nosso apartamento será construído no mesmo lugar, bem menor do que era antes, porque a prefeitura não fará prédios de oito andares como antes, mas de cinco andares, para que todos possam ficar no mesmo lugar. Quem não aceitar essa opção poderá ir para um apartamento maior, mas em bairros mais distantes.

    Não é algo que a gente se programa para viver, simplesmente vive. No começo eu queria esquecer e tinha pesadelos sempre. Meu marido se mexia na cama e eu achava que era a cama balançando com um terremoto. Eu queria apenas esquecer.

    Depois, compreendi que esquecer não me ajudaria, mas lembrar sempre me transformaria. E decidi que seria assim. Muitas famílias perderam mais que objetos, roupas, pertences.

    Perderam quem mais amavam, alguns a companhia de uma vida inteira ou de alguém que estava começando a vida. Eu não perdi nada, perto disso. Sempre é tempo de recomeçar e nem sempre, para um recomeço, o mais importante é ter uma casa, mas sim uma vida!

    Textos relacionados

    • Viajar  pela Turquia
    • As mulheres na Turquia
    • Turquia e as novas restrições
    • Plásticas e outros procedimentos estéticos na Turquia
    • Golpes na internet usando empresas turcas
    • Transplante capilar na Turquia
    Clique aqui para ler mais artigos da mesma autora
    Terremoto na Turquia
    Share. Facebook Twitter Pinterest LinkedIn Tumblr Email
    Cristhiane Mutlu
    • Website
    • Facebook
    • Instagram

    Cristhiane é do Mato Grosso do Sul, formada em Serviço Social, morou em várias cidades do Brasil e atualmente vive na Turquia. Como boa sagitariana é filha da liberdade, mantém os pés firmes no chão feito raízes no próprio ser, só para acertar as nuvens com precisão. É o bom humor encarnado, atira sinceridade para todo lado. Ela quer carregar o mundo nos braços, nas costas, no bolso, no coração. Não importa o peso, ela aceita o desafio. Tem pressa, tem sede, mil ideias e ideais. Faz planos... tropeça, aprende e recomeça.

    Related Posts

    Terremoto na Turquia

    February 10, 2023

    10 fatos mais chocantes ao mudar para Turquia

    October 25, 2022

    Viajar  pela Turquia

    May 27, 2021

    1 Comment

    1. Isaac on March 16, 2021 6:43 pm

      Poxa, li a matéria recentemente, e mesmo já fazendo alguns meses fico feliz em ler seu relado de como a situação foi manejada pelas autoridades e os próprios cidadãos ali. Um país o qual sempre tive vontade de conhecer, ou até morar (futuramente quem sabe?), é sempre bom saber que vamos poder contar e confiar naqueles ao nosso redor e aquecer nossos corações com relatos assim.

      Reply

    Leave A Reply Cancel Reply

    This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

    • Facebook
    • Instagram
    Polônia

    Dia de Finados na Polônia

    By Ann MoellerOctober 28, 20240

    Dia de Finados na Polônia O Dia de Finados é comemorado oficialmente pela Igreja Católica…

    Novas gírias e expressōes faladas nos Estados Unidos

    March 1, 2023

    Terremoto na Turquia

    February 10, 2023

    Natal em tempos de guerra

    December 21, 2022
    Categorias populares

    Green Card e Residência permanente após o casamento

    April 26, 2015

    Como morar legalmente na Espanha

    August 7, 2015

    Como estudar no Ensino Superior em Portugal

    August 14, 2014

    Como é morar em Santiago no Chile

    June 28, 2014

    Validação do diploma brasileiro nos EUA

    May 20, 2016

    Cinco razões para não morar na Dinamarca

    April 19, 2015

    É brasileiro e reside no exterior? A Receita Federal ainda lembra de você!

    February 9, 2017

    Passo-a-passo para fazer mestrado ou doutorado com tudo pago nos EUA

    March 2, 2016
    BrasileirasPeloMundo.com
    Facebook Instagram
    • Sobre o BPM
    • Autoras
    • Na Mídia
    • Anuncie
    • Contato
    • Aviso Legal
    • Política de privacidade
    • Links
    © 2012-2025 BrasileirasPeloMundo.com

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.