Oficialmente a cidade é conhecida como Memphis, mas para os mais íntimos, é Melvis. Os fãs de Elvis Presley sabem muito bem do que estou falando. Memphis é uma parada obrigatória para saudar o cantor que ainda “vive” personificado por pessoas do mundo todo.
O rei do rock marcou presença na cidade do blues onde gravou seu primeiro álbum em 1954 no Sun Studio, que hoje é um museu da música. Em seguida, ele estabeleceu residência na cidade. Após sua morte, a mansão e o avião que levam o nome de sua única filha, Lisa Marie Presley, tornaram-se museus imortalizando a sua vida e obra neste planeta. Nos 10 anos em que morei lá, também tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas que o conheceram pessoalmente e dizem unanimemente que o rei era muito querido e generoso nas suas doações.
Á parte Mr. Presley, Memphis vai muito além da música e reserva surpresas para seus moradores e visitantes. Mas, para melhor entendê-la é preciso rever um pouco de sua história. Não é possível “espremer” tanta informação em uma matéria, mas vou abordar os principais fatos históricos e atrações turísticas.
Relativamente jovem, a cidade está localizada a beira do rio Mississipi, num ponto logístico muito favorável e estratégico a exportação e importação. Isto fez com que empresas como a Fedex estabelecessem suas raízes na cidade. Com uma população de aproximadamente 650 mil habitantes, é uma das principais cidades da região centro-sul e a maior do Estado do Tennessee á frente da capital Nashville.
Fundada em 1819, sua história está enraizada no cultivo e comercialização do algodão. Na época, quase todo algodão consumido mundialmente era originário do sul dos Estados Unidos. Milhares de fardos partiam do porto Peabody, que chegou a ser um dos mais importantes na ocasião. Atualmente o porto está desativado mas Memphis mantém a tradição e o prestígio nascidos da comercialização do algodão. Fruto disto, é o curso internacional oferecido pela American Cotton Shipper Association, anualmente para commoditiy traders na Univerdade de Memphis.
Atrações curiosas não faltam.
O hotel Peabody é um dos destaques. É o hotel mais antigo e fica no centro da cidade. Além de ser muito bonito, possui um grupo de patinhos treinados que desce de elevador, todas as manhãs, para tomar um banho na fonte do saguão. Ás 5 da tarde, o patos retornam enfileirados no tapete vermelho para sua penthouse. Outra atração curiosa: o melhor milkshake da cidade ainda é servido na farmácia Wiles-Smith, como se fazia nos anos 50. Os farmacêuticos receitavam xarope para crianças e este era servido no milkshake. Tem o restaurante italiano que foi construído num depósito de algodão. O cemitério Memphis Memorial Park oferece momentos de paz ao espírito. Em 1930 uma gruta foi construída dentro do cemitério por um artista mexicano, Dionicio Rodriguez. Levaram 8 anos para terminar e as pessoas vão ao cemitério para apreciá-la e esquecer da vida e outros para se casar até que a morte os separe.
Voltando á música, Memphis é a capital do Blues. A Beale St fica no centro da cidade e tem muitos bares e luzes. Para os apaixonados por blues, dispostos a se aventurar pela cidade, o Wild Bill’s é um “must go”. Por que? Porque é onde os locais e estrangeiros amantes de boa música vão. Aviso importante: não se assuste com as instalações do estabelecimento. Quando banda começa a tocar, tudo se explica e logo percebe-se que seus frequentadores são exclusivos.
Outra estrela no cenário Memphian é o Barbecue (BBQ), que já foi eleito inúmeras vezes o melhor do país. O BBQ é costelinha de porco, servida com feijão adocicado, salada de repolho e bolo de milho. Essa costelinha de porco pode fazer de muitos vegetarianos carnívoros.
Para aqueles que gostam de voluntariar, há inúmeros lugares para exercitar ajuda ao próximo. Quero destacar o hospital St. Jude Children’s Research Hospital, que pesquisa cura de câncer infantil e doenças raras. O hospital admite, trata e hospeda crianças e adolescentes, de qualquer lugar no mundo, gratuitamente. O hospital filantrópico tem equipamentos de tecnologia de ponta no tratamento médico e conta com equipe clínica e cientistas altamente preparados. Por isso, é considerado um dos três melhores hospitais pediátricos no mundo de pesquisa e combate ao câncer infantil. Em 1962, o hospital também contribuiu para quebrar grande estigma social entre negros e brancos ao criar uma cafeteria única para médicos, pacientes, brancos e negros.
Em meio a características únicas, Memphis reserva também sua porção triste, seu lado blue. A segregação racial ainda é algo presente no cotidiano. Na mesma época em que o algodão era comercializado, muitos africanos eram negociados como escravos. Martin Luther King, foi pastor protestante, ativista de direitos civis dos negros e ganhador do Premio Nobel da Paz em 1964.
Em 1968, ele foi assassinado em Memphis. O motel em que esteve hospedado hoje é um museu. Minha amiga, Suzy da Silva, está escrevendo um livro sobre Memphis e aborda esta questão com mais detalhes. Mudanças de natureza social acontecem no decorrer do tempo e independente de suas questões sociais, vale a pena conhecer Memphis.
2 Comments
Olá Alessandra, estou indo para Memphis este ano onde ficarei por um período de 4 meses realizando pesquisa junto a universidade de Memphis como estudante visitante. Você poderia me ajudar a encontrar um local para ficar hospedado? Você sabe se existe escritório do consulado brasileiro em Memphis? Existem brasileiros residindo lá?Muito obrigado pela atenção. Abraço e parabéns pelo site. Cristiano
Olá Cristiano, eu adoraria te ajudar mas ocorre que mudei para o Texas há 4 anos. Então, não quero te passar informações desatualizadas. Sugiro que você entre em contato com a comunidade brasileira através do Facebook (Brasileiros em Memphis). O pessoal lá é super bacana e tenho certeza que vai te dar boas dicas.
Abraços,
Alessandra