Mudando de profissão em Abu Dhabi
Se eu dissesse que foi fácil, estaria mentindo. Se eu dissesse que foi difícil, também. Minha família esbravejou, meus amigos fizeram chacota, o marido, acatou minha decisão e eu, decidi. Parece simples – e é. Quando você toma as rédeas da situação, devidamente esclarecida do que acha melhor para si, não tem complicação. Os outros podem não entender, mas você… Ah, você sabe bem o que está fazendo, não sabe?
Minha profissão de estudante durou até os 25 anos, quando terminei o Mestrado. Depois, fui chamada em um concurso público, depois em outro. Eu poderia dizer que só tive duas profissões até hoje: estudante e servidora pública, mas, mais uma vez, estaria mentindo. Eu já fui bióloga, já fui garçonete, já fui vendedora de maquiagem e de produtos de sex shop, já fui professora e, agora, blogueira e dona de casa. Housewife, como preciso preencher os formulários aqui em Abu Dhabi.
Em todas as minhas profissões, ou atividades, aprendi muito. Sofri mais em algumas, fui melhor paga em outras, mas em nenhum um momento faria diferente se pudesse voltar atrás (não, nem quando era vendedora de produtos de sex shop). E hoje, talvez por ser dona de casa, talvez pela maturidade que os 30 trazem, é que tive maior clareza do papel fundamental que cada “atividade profissional” teve em minha vida. Não só não me arrependo de nenhuma, mas como sinto um baita orgulho por ter buscado trabalho de maneira honesta e não ter lançado mão de caminhos inescrupulosos para alcançar méritos e vencimentos.
Eu venci na vida. Pude garantir uma profissão pelo diploma universitário e outras que pudessem me trazer a satisfação que buscava no momento, financeira ou não. Não que a profissão que estampa o meu diploma me desagrade, de modo algum, mas só depois de obter aquele suado papel é que tomamos consciência que ele não nos torna mais felizes. Simples assim. O outro suado nome na lista de aprovados em um bom concurso público também muito me agrada, muito me faz feliz, mas não me realiza de todas as maneiras que preciso. Meu chefe não conseguiu entender bem isso, talvez ele não saiba a diferença entre vida pessoal e profissional. Bom, eu sei.
De novo, estaria mentindo se dissesse que não sinto um prazer enorme em saber o que já conquistei. Que mulher, ou que pessoa, não gostaria de atingir os seus objetivos? Afinal, boa parte do que os nossos pais fizeram por nós e o que buscamos fazer no dia a dia é justamente para que isso aconteça. Creio que uma vida sem metas, de qualquer natureza, não deve fazer sentido. Mas, e quando a vida profissional não basta? E quando isso não é tudo? E quando isso entra em conflito com a vida pessoal, amorosa? E agora, José, que escolha fazer?
Se você leu este texto até aqui achando que encontraria uma resposta pronta, vou ter que cometer a indelicadeza de te desapontar. Eu não sei te dizer. Eu não sei qual é a sua profissão. Eu não sei a qualidade do seu relacionamento. Não te conheço. Não sei o que é importante para você. Não sei o que te faz feliz. Mas, vem cá, você não sabe?
Se você deseja mudar de profissão, ou largar a sua atual, essa decisão cabe única e exclusivamente a você. Ela não deve ser imposta por ninguém. As censuras que farão a você não devem ser consideradas. Pare, silencie, escute os seus sentimentos, seja fiel a eles, avalie objetiva e racionalmente a sua vida, analise os prós, estude os contras. Medite, ore, confie em seus instintos. Não há fórmula mágica, ou fórmula certa, há fórmula que te faça feliz. Esse é o caminho.
Sim, eu larguei, mesmo que temporariamente, uma profissão que amava, que era sólida e gratificante, para ser dona de casa. Não, não me envergonho ou me arrependo. Como disse no começo, não foi fácil, mas também não foi tão difícil assim. Sinto falta do trabalho porque eu gostava do que fazia, do salário na conta no final do mês. Mas, também tenho certeza que sentirei uma falta imensa de quando não tiver mais tempo de me dedicar ao lar, ao marido e às minhas atividades (as que eu gosto realmente de fazer) quando tiver que voltar ao trabalho formal. Curto muito bem cada fase porque sei que elas passarão. E não há vida, ou fase, em que não se tenha sacrifícios e benefícios, dores ou delícias. O segredo é aprender a conviver com eles e extrair o que se deve de cada um.
Para mim, isso funcionou. Espero que para você também funcione. Espero que você encontre em si as possibilidades de ser quem você quiser, fazendo o que te faz feliz. Desejo que os rótulos não te limitem e que ódio do mundo não te contamine. Viva, mulher! Tome as rédeas da sua vida. Mude de emprego, de casa, de profissão. Mude a cor do cabelo, as amizades, o seu humor. Mude para melhor. Mude para o que te faz feliz.
13 Comments
Boa reflexão, mas nem sempre podemos partir do zero para outras possibilidades. Não quer dizer que seja comodismo.
Oi Edilair, é claro, concordo com você! Sempre cabe a cada um avaliar a própria vida e as possibilidades para fazer o que mais lhe agrada. O que não pode acontecer é que críticas e julgamentos impeçam a pessoa de seguir o caminho que ela deseja. Obrigada pela visita.
Por estas e outras razões que estou querendo mudar de profissão! E sei o quanto vão me chamar de louca! O importante é se encontrar e principalmente, ser feliz! Post bacana Polly!
Obrigada, Juliana! Espero que você encontre o seu caminho e que os julgamentos não te atrapalhem! Beijo grande.
Pingback: Brasileiras pelo Mundo - Mudando de profissão - Diário de Polly
Muito linda está mensagem,só agradece a Deus e a vocês por fazerem parte da amizade da Renata,depois que vi e percebi como é a vida dela morando longe foi que fiquei mais tranquila ela não está com a família mas fez amizades verdadeira ai.Obrigada pelo carinho com minha pequena Renata Zagato ???
Oi Eleonice! Muito obrigada pelo carinho! O apoio e as amizades verdadeiras quando estamos morando longe são fundamentais 🙂 Pode ficar tranquila, ela está bem! Beijo grande.
Texto bem motivador!!!
Obrigada pela visita e pelo comentário, Larissa!
podia nos contar como é viver por por aí… custo de vida, como arrumar emprego…..
suas palavras chegaram em boa hora, muito incentivadoras.abraço grande
Oi Cristina! Obrigada pela visita e pelo comentário. Algumas de suas sugestões já estão em forma de post aqui no Brasileiras pelo Mundo (textos meus e de colunistas antigas de Abu Dhabi e Dubai), outros você pode encontrar no meu blog pessoal. Sempre que tiver sugestões, aceitaremos de bom grado. Obrigada!
Olá, Polly!!! Seu depoimento revela muita maturidade, embora a pouca idade!!! Que bom que você está feliz com suas escolhas!!! Posso afiançar sua competência na “profissão blogueira”, seu blog é maravilhoso!! Desejo que você continue tendo oportunidades de mudar para melhor e para o que te faz feliz!! Adorei te conhecer e todas as outras brasileiras do círculo de amizade da minha filhota Renata Suzart!!! Sucesso sempre!!! Grande beijo
Oi Tereza! Que alegria com o seu comentário, me sinto muito honrada pelas belas palavras. Nós também adoramos te conhecer e espero que possa voltar em breve! Beijo grande e obrigada pela visita e pelo comentário!