Você é brasileira e pensa em vir para a Alemanha? Prepare-se para passar pelo importante Curso de Integração.
O que é isso? Calma, eu explico – Cidadãos de países que não fazem parte da União Européia são obrigados a fazer um curso de alemão que também envolve história e cultura da Alemanha.
Cada caso é um caso e pode ser que em alguns deles você não precise. Por exemplo, se já souber falar alemão até nível intermediário e se tem como comprovar isso com um certificado do Goethe Institut no nível B1 ou acima.
Você pode se informar sobre a obrigatoriedade no site do departamento de estrangeiros, que também tem (para algumas páginas) a versão em inglês:
O importante é saber, que no seu visto estará escrito se você é obrigada a fazer esse curso ou não e ao receber o seu visto, provavelmente também te informarão se no seu caso, você precisará fazer.
Quem tem passaporte da União Européia também pode se inscrever no curso com os mesmos direitos e deveres de quem é obrigado. Basta ir direto para uma escola que o ofereça e a única diferença nesse caso é o poder da escolha.
Agora vamos para a minha experiência pessoal com o tal do Integrationskurs, como é chamado em alemão.
Assim que recebi meu visto, veio também uma montanha de papéis com dicas e listas de escolas onde eu poderia fazer o curso.
Essa é uma outra coisa que, quem vem pra cá precisa se acostumar: todos os cartórios, departamentos e afins, sempre te encherão com montanhas de papéis que dá vontade de andar de preto em luto às tantas árvores que se foram!
E o mais importante é guardar tudo! Pelo menos por 5 anos já que a burocracia é na Alemanha é grande e se um papelzinho desses não estiver no meio da montanha você poderá dificultar e muito, sua vida ao tentar arranjar emprego, receber ajuda de custo do governo, fazer um curso de qualquer tipo, etc.
Bom, o curso de integração é subsidiado pelo governo ou seja, você paga uma taxa bem menor do que se fosse arranjar um curso sozinha e, se não faltar em nenhuma aula sem motivos sérios e comprovados (como doença ou falecimento de um parente próximo) e ainda passar no teste e receber o certificado do B1, o governo te devolve 50% do dinheiro da pequena taxa que você pagou. Eu fiz o curso em 2010, paguei 100 euros por mês para o governo durante 9 meses e recebi obviamente 450 euros de volta.
Escolher a escola:
É super importante visitar as escolas e ver se você acha que vale a pena estudar naquele ambiente.
Na lista que eles dão, há escolas particulares e públicas, de infra estrutura e métodos diversificados.
Eu escolhi uma escola particular que já conhecia pois, ela existe no mundo todo e mesmo assim o curso não era aqueeeeela maravilha e logo logo vocês vão entender o porquê.
Se você tem a oportunidade de levar alguém que já sabe falar alemão para te ajudar no dia da inscrição é melhor. Nem todas as escolas tem pessoas que falam inglês ou outra língua na recepção então, vá preparada para usar mímica e sorrisos para conseguir o quer!
Duração:
Como disse, vai depender do método, mas em geral um curso de integração é intensivo e demora por volta de 9 meses com cerca de 4 horas de duração, de segunda à sexta.
Muitas escolas separam as turmas por idade e por isso, você recebe mais ou menos horas por dia de curso.
Sinceramente, eu fiz a imbecilidade (ou não) de querer me sentir jovem!
Ao me inscrever na escola, eu poderia escolher entre fazer o curso de integração voltado para jovens de 16 à 25 anos ou o curso normal. Fui sozinha e tive que usar da mímica em muitos momentos e acho que parte da minha escolha se deveu à pouca informação que consegui tirar assim…
Enfim, escolhi o de jovens e por isso, tinha 8 horas de aula por dia que, são maçantes e fritam o cérebro.
Outro problema era a diferença de idade; eu estava em meus 23 aninhos, formada, casada, já tinha comido o pão que o diabo amassou durante uma parte da vida, ou seja, tinha outro olhar da vida e entrei em uma sala com muitos jovens ainda bem inexperientes e adolescentes que não sentiam a responsabilidade que era aprender alemão.
No começo confesso que não tinha paciência nenhuma, mas como sempre tento ser diplomática, aceitei aquilo como um estudo antroposófico.
Conhecer pessoas de culturas, idades e estilos de vida diferentes é no mínimo interessante e enriquecedor.
E essa é a minha primeira dica: tenha a cabeça aberta o tempo todo.
Para sobreviver ao curso você vai precisar exercitar a sua capacidade de aceitar as pessoas como são todos os dias. Alias isso é uma dica para tudo na vida não é mesmo?
Material:
Normalmente você precisa de uma pasta para guardar as trilhões de cópias que a professora vai dar. Caneta, lápis, caderno e os livros.
Eu adoro cheiro de livro novo, de poder marcar a capa com a virada da página pela primeira vez e daquele tom de branco off white que só folhas novas tem, por isso comprei um para mim por cerca de 25 euros (livro de lições de casa e CD incluso). Mas nada impede que você use também um livro usado, sai mais barato e tem o mesmo efeito de aprendizagem.
Todas as escolas tem um quadro de recados com pessoas vendendo livros usados mas, você também pode achar na internet, sebos, etc e você pode perguntar na recepção da escola.
Fiquem atentas para a edição do livro! Muita gente se perde no meio das páginas ou não acha o exercício porque, a professora sempre usa o livro mais atual e algumas coisas mudam de edição para edição.
Agora você tem tudo na mão e o drama vai começar! (risos)
Mas foram 9 meses de experiência e para não deixar essa leitura cansativa, continuo no próximo texto.
Até lá!
29 Comments
Oi Barbara! Achei super interessante eles ensinarem nao sò a lingua(e a obrigatoriedade da mesma!) mas também costumes e cultura! Super importante para quem està chegando se familiarizar com a nova comunidade. Vejo ainda hoje ,aqui na Italia, muitos estrangeiros que além de nao terem aprendido nada da lingua(nem um “como vai voce”) nao saberem o que acontece em torno à eles. Dà vontade de pega-los pelas maos e ir mostrando, ensinando.
Agora, a burocracia é em toda a parte mesmo, nao tem jeito. Ao invés de simplificar eles complicam a vida da gente, que jà vem de fora cheio de incertezas e medos, ainda tem que decifrar codigos, rs.
‘Otimo texto, argumento super importante ,vai auxiliar muita gente, parabéns!
Bjs
Daph
Hey Daph!
Aqui eles tem o mesmo problema de integração e por isso, criaram esse curso. Mesmo assim, nem todo mundo leva a sério pq não há uma penalidade forte pra quem não frequenta direito o curso… Quer dizer, a penalidade vem da vida né? Eu fico revoltada quando vejo gente que mora aqui há 15 anos e não sabe falar nem bom dia… Mas isso também é culpa da Alemanha tbm que antes nem pensava em integração qdo chamou os estrangeiros para trabalhar (assunto para um outro texto hehe).
É verdade burocracia é foooooooooogo! rs
Obrigada pelos elogios e um bjo 😀
Barbara você só esqueceu de informar que o subsídio do governo só existe quando a pessoa se casa com um cidadão alemão no mais a pessoa terá que pagar, e irá pagar um preço salgado como foi meu caso. Outra coisa é que sendo 100% particular o aluno mesmo passando não irá receber metade do dinheiro como os não europeus. Para quem tem passaporte da UE o curso de integração é 100% subsidiado pelo governo e os demais cursos após o B1 para cidades da EU tem um custo de 50% do valor total o mesmo vale para quem casa com um Alemão, os demais pagam a taxa normal que virá e muito de acordo com a escola.
Barbara, otimo texto, topico..enfim, tudo o que o blog representa mesmo..um portal para as mulheres brasileiras.. Informacao util complementada com dicas de experiencia pessoal e sem duvida material de qualidade para o blog. Obrigada! 🙂
Ann muito obrigada!!
Fico mutcho mutcho feliz em saber que você gostou 😀
Bjos e uma boa semana 😉
Quando eu morei aí na Alemanha eu não precisei fazer o tal curso de integração, mas aqui na Dinamarca eu assinei um contrato de integração, assim que recebi minha permissão de residência. Esse contrato funciona como um compromisso estabelecido entre o imigrante e o governo dinamarquês, e vem com um ‘pacote’: as pessoas recebem uma cartilha sobre cidadania, além de receberem ingressos grátis para eventos culturais na cidade e também têm direito a 3 anos de aulas de dinamarquês, pagas pelo governo. Só que eu sou afobada e comecei a fazer as aulas de dinamarquês pagando do meu bolso mesmo, desde novembro, quando cheguei aqui! Mas fiquei imaginando vc toda descolada no meio dos ‘aborrecentes’… dureza hein!
Nossa Cristiane,
aí é ainda melhor! Eu tenho sempre discussões sobre isso aqui. O curso de integração só dá o nível intermediário de alemão e nem todos os trabalhos aceitam esse nível. Principalmente trabalhos que pagam mais e que são numa aérea em que curso universitário é obrigado. Os alemães me dizem que o governo não pode pagar tudo para mim, mas se segundo o governo o curso de integração é para facilitar a minha entrada no mercado alemão eu preciso então de um nível maior de alemão, ou rasgo meu diploma universitário e vou trabalhar de garçonete?
Acho que a Alemanha precisa aprender um pouco com a Dinamarca hehehe
hahahah foi dureza mesmo no começo, mas depois até que foi bom! Aprendi a controlar a minha impaciência hehehehe
Bjs e uma boa semana 😀
Puxa, deu até medo… ahahahha Moro na Hungria e meu marido anda de olho em empregos aqui por volta. Uma das possibilidades é Alemanhã. Imaginei-me num curso desses e cuidando dos meus filhos ao mesmo tempo… Senhorrr!!! Ahahahaha
Mas é bem legal oferecerem essa oportunidade de aprendizado, pois é importante falar a língua local. Foi bom saber, assim, se formos pra esses lados, já vou me preparando psicológicamente. rsrsrs
Parabéns pela matéria!
Beijinhos!
Barbara, gostei muito do seu post! Principalmente porque mostra que como tudo na vida, existem os lados da moeda: um é o que queremos, mas também nossos deveres! Eu cheguei na Alemanha ha mais de 22 anos atras, e nao havia este tipo de programa, mas existia a possiiblidade de aprender alemao sem altos custos, ou mesmo sem custos. Eu e algumas amigas brasileiras que encontrei na epoca, chamavamos a Alemanha = Deutchland em alemao de Deutchlandia, ma especie de “disneyland”, pra mim que cresci em uma familia de classe media baixa no Brasil, estudar linguas estrangeiras ou mesmo frequentar uma universidade, dependia muito de dinheiro, afinal na minha epoca no Brasil, pra entrar em uma universidade federal, vc precisava na maior parte das vezes ter estudado em uma boa escola particular, e ter também a disponibilidade de nao trabalhar durante os estudos, devido aos horarios impossiveis das aulas na Federal, e pra mim, que vinha de uma familia que nao tinha os meios, eu tinha que trabalhar pra poder pagar minha universidade e outros custos, e ao mesmo tempo estudar. Eu acho incrivel e admiro muito um governo que coloca este tipo de possibilidade, atualmente mesmo, uma “obrigaçao” de fazer tal formaçao. Acho o minimo quando vamos morar em um pais estrangeiro, saber falar a lingua, conhecer a historia, a cultura do mesmo, afinal quando estamos na casa dos outros acho que é o minimo. Eu acho inconcebivel ir morar em outro pais, sem se interessar pela cultura, lingua, historia local. Eu sempre tive que pagar e muito pra aprender linguas estrangeiras no Brasil, por isto pra mim, eu me apaixonei com a Alemanha de cara, por esta oportunidade. E so posso dizer que os alemaes sempre se mostraram muito apreciadores de ver meu esforço, meu engajamento pra me adaptar em todos os pontos ao pais deles! Eu so posso agradecer! Quem nem tudo é flores…. bem é outra estoria, mas eu sou do clube que acredita, que quem ama as rosas, tem que aturar os espinhos ou como diz meu amado Oswaldo Montenegro: “Princesa eu sei que sou pra sempre, mas sempre nao é todo dia”! rsrsrrsr Parabens pela partilha e aguardo com ansiedade os proximos textos! Namasté!
Obrigada Ana Cristina!
Realmente as coisas já eram boas por aqui e melhoraram ainda mais. Mas eu confesso que sou bem exigente sabe?
Eu digo sempre que não posso comparar ao Brasil e só agradecer pq a realidade e mentalidade por lá é outra e já que estou aqui, vou exigir e reclamar para ficar ainda melhor!
Mas é lógico que sei agradecer as oportunidades que a Alemanha me deu, gosto tanto daqui que quero sempre mais! rs
Um grande bjo e uma ótima semana 😀
😉 Bom cada pais tem sua forma de intregar as pessoas … E fazer a vida delas mais facil ou nao kkkk 😉 Boas dicas
hauhaua bem isso Karla!
bjs
hahaha não precisa ter medo não Carol.
Aqui tbm existe curso de integração especialmente para mães! Com horários flexíveis e alguns até mesmo com uma espécie de creche para os filhos enquanto você está na aula.
hahahaha se prepara, mas sem nêuras! rs Alemão é difícil, mas não impossível! 😀
E o país tem mtas coisas boas tbm que fazem nos esquecer dessa primeira fase na vida alemã.
Obrigada e um bjo!
Achei o máximo esse curso de integração! Quando mudamos de país, acho muito importante ter um curso desses para que o imigrante entenda como funciona a sociedade… Adoraria que a minha companhia tivesse feito um (ponto 1) e que tivéssemos aprendido o idioma local (ponto 2). Especialmente quando é a primeira vez que saímos do país para morar, não temos idéia do que vamos encontrar… E esse curso pode amenizar os choques culturais que vêm pelo caminho! Adorei os passos, Bá! Beijos
Realmete esse curso deveria ter em todos os países. Principalmente pq, os hábitos e leis ocidentais são bem diferentes dos na Ásia.
A gente já enfrenta tanta coisa só por mudar de país e ainda nos deparamos com a língua, costumes, leis e afins… COMPLICADO! hehehe
Valeu Tati!
Bjs 😉
Barbara,
Em certos momentos do seu relato me senti tão ’em casa’…rs Uma realidade tão próxima da China. Pq mandarim não é fácil, mas alemão também tem sua de stress…rs
Infelizmente aqui na China não é obrigado aprender o idioma, e as pessoas se acomodam no inglês. Só que isso restringe demais sua vida diária. Bom, estou tentando correr atrás da bola. Sua estória não deixa de ser um senhor incentivo. Esperando o restante, ansiosa!!! =]
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Olá como ter um contato seu tenho muitas dúvidas
Oi Maylin, tudo bem? A Bárbara não escreve mais para o blog, mas temos outra colunista na Alemanha. Procure os textos referentes ao país e mande mensagem para ela.
Obrigada!
Cristiane – editora BPM
Oi Bárbara, estou gostando muito dos seus textos. Estou indo para Munique mês que vem, vou casar e viver nesta cidade encantadora. Meu maior medo mesmo é a língua, mas sei que vou estudar muito. Você sabe me dizer onde posso conseguir mais informações sobre estas escolas que oferecem curso de integração? Como posso escolher uma destas escolas em Munique? Se você tiver uma dica, vou adorar!!
Obrigada
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Olá Parente Schmalz 🙂
É tão difícil achar algum Schmalz que fiquei tão feliz!!!
Então, tenho a cidadania alemã e estou me preparando para ir em Outubro/2017. E tenho muitas curiosidades a respeito dos cursos, podemos trocar alguma ideias?
Amei teu blog.
Beijinhos
Karen Schmalz Tatim de Oliveira.
Ola pessoal,
Eu tenho a cidadania alemã e gostaria de pedir o subsidio para estudar alemão. Como eu devo proceder?
É so chegar na escola e apresentar o passaporte ou preciso me dirigir a algum orgao do governo? Estou bem perdida rsrs
Olá Milena,
olha, normalmente esse subsídio é apenas para estrangeiros com visto de residência. Como alemã você teria que primeiro provar que não tem condições de se sustentar (tem que se inscrever no programa Hartz IV) para depois pedir subsídio para o curso.
A questão é que para ser Hartz IV também existem regras. Você deve ter trabalhado pelo menos uma vez por um certo período. Não sei detalhes porque, sempre que falo disso com pessoas que pediram Hartz IV, as regras eram diferentes em cada caso.
Eu acho que o melhor é você ir direto numa escola de alemão que dá o Integrationskurs (nem todas tem, você precisa verificar antes) e perguntar como fazer no seu caso. Essas escolas normalmente tem uma pessoa que só cuida do Integrationskurs e por isso, sabem toooodo o procedimento.
Abçs, Bah