Em março, o mundo todo celebra o Dia Internacional da Mulher e nada mais justo do que aproveitar esse momento para reconhecer o valor de tantas mulheres valentes que estão transformando nossa sociedade. Para não ficar de fora das celebrações, selecionei 11 chilenas inspiradoras que sonharam e acreditaram em seus sonhos. Confira agora a história delas!
Maria Teresa Ruiz González
A astrônoma chilena Maria Teresa Ruiz González ganhou o Prêmio L’Oréal-UNESCO para Mulheres na Ciência em 2017. Ruiz foi a primeira mulher a estudar astronomia na Universidade do Chile e a primeira a obter um Doutorado em Astrofísica pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
Também foi pioneira ao receber o Prêmio Nacional de Ciências Exatas quando descobriu uma estrela anã marrom nas proximidades do sistema solar batizada como Kelu (vermelho em Mapudungún, o idioma Mapuche, do povo originário do Chile). A descoberta foi resultado de anos de pesquisa já que a presidente da Academia Chilena de Ciências é especialista em estrelas anãs marrons de baixa densidade.
Maria Teresa Ruiz também teve sua trajetória retratada no projeto da Disney “Dream Big Princess“, que inspira meninas a seguirem seus sonhos fora do papel tradicionalmente defendido pelo patriarcado. Você pode conferir a participação dela clicando aqui.
Margot Duhalde
Outra chilena que inspira com sua história de coragem e valentia é Margot Duhalde que faleceu em fevereiro de 2018, aos 97 anos. Ela foi a primeira mulher da aviação no Chile e quebrou todas as barreiras ao participar como piloto na Segunda Guerra Mundial.
Desde pequena, era apaixonada pela aviação e conseguiu aprender a voar. Em 1940, aproveitou sua descendência para alistar-se como voluntária na força aérea francesa. Ali, Margot foi a primeira chilena piloto de guerra a fazer parte da Força Aérea Real Britânica durante a II Guerra Mundial.
Em 1999, foi homenageada pela RAF (Royal Air Force) e no ano seguinte sua história foi incluída na ala Charles de Gaulle do Museu dos Inválidos de Paris. Confira a história de Margot com imagens dessa precursora clicando aqui.
Cristina Calderón
A última Yagán do mundo é considerada um Tesouro Humano Vivo pela UNESCO. Cristina Calderón mora em Isla Navarino, Tierra del Fuego. Ela é a última descendente dos indígenas que vivam nos canais mais austrais do território chileno.
Cristina Calderón ainda fala o seu idioma, procurando mantê-lo vivo, e também preserva tradições dos seus antepassados como o artesanato em lã e a confecção de cestos de palha.
Com a publicação de um dicionário e um livro de lendas, a última Yagán tenta eternizar o legado de seu povo.
Michelle Bachelet
A única mulher a ocupar o mais alto cargo político no Chile, não poderia ficar de fora desta lista. A médica Michelle Bachelet foi presidenta em dois períodos (2006-2010 e 2014-2018). Também foi a primeira presidente pro-tempore da UNASUR, a primeira encarregada da ONU Mulheres, a agência das Nações Unidas para a igualdade de gênero. Atualmente, é representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Durante sua gestão, aprovou importantes projetos como a união civil para pessoas do mesmo sexo (no país onde ser homossexual era ilegal até 1999). Também foi na sua presidência que o aborto em três causas especiais foi aprovado. O Chile era um dos seis países do mundo onde o aborto era totalmente ilegal. O governo conseguiu aprovar a descriminalização em três causas apesar da pressão de uma parte da classe política e da igreja.
Camila Vallejo
A presença da mulher chilena na política não termina na presidência de Michele Bachellet. São muitas as chilenas que estão abrindo espaços em lugares antes ocupados exclusivamente por homens. A jovem Camila Vallejo iniciou sua militância politica como presidente da Fech, a federação dos estudantes chilenos, no final de 2010.
Camila ficou famosa nesse período e, posteriormente, foi eleita deputada pelo partido comunista em 2013. Com apenas 25 anos foi uma das mais jovens parlamentares do Chile. Em 2017, foi reeleita para o cargo, sendo uma das mais respeitadas políticas do país.
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Fernanda Fuentes
As chilenas estão fazendo história dentro e fora do Chile, como a chef Fernanda Fuentes, a primeira a conquistar a tão cobiçada estrela do guia Michelin. Depois de muito trabalho e dedicação, Fernanda foi premiada junto com seu marido (o chef italiano Andrea Bernardi) com quem comanda o restaurante Nub, localizado na cidade espanhola de Tenerife. A ousada aposta na fusão da gastronomia italiana, chilena e tradicional das Ilhas Canárias garantiu a estrela.
A chef formou-se em administração de produção gastronômica pelo instituto Inacap e atualmente é gerente da confeitaria La Princesa, aberta desde 1927, e uma das mais antigas nas Ilhas Canárias.
Daniela Vega
A atriz e cantora lírica chilena Daniela Vega foi a primeira atriz transgênero a apresentar o Oscar. Em 2018, foi escolhida pela revista Time como umas das 100 personalidades mais influentes do mundo.
Daniela ficou internacionalmente famosa ao protagonizar o filme Uma Mulher Fantástica (2017), dirigida por Sebastián Lelio. O filme ganhou o Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira em 2018. O longa chileno também conquistou diversos prêmios inéditos e deu visibilidade à identidade de gênero na América Latina. A participação e o talento de Daniela foram decisivos nessa trajetória de sucesso.
Em uma de suas entrevistas, a atriz declarou que aos 14 anos abandonou seu corpo de homem para transformar-se em mulher. “Nós, transexuais, somos seres marginais. Sofremos muito na transição. E essa dor nos deixa fortes, duros e até mesmo com um temperamento difícil”.
Isabel Allende
Podem me jogar quantas pedras quiserem, mas eu sou apaixonada pela escritora Isabel Allende. Foi com ela que consegui compreender melhor a sociedade chilena e seus costumes quando li “Meu país inventado”.
Não se trata apenas de gosto pessoal, mas o fato é que ela ganhou o Prêmio Nacional de Literatura 2010. Também recebeu das mãos do então presidente Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade em 2014. Trata-se da mais importante distinção civil dos Estados Unidos.
Allende é uma grande contadora de histórias. Entre seus temas favoritos estão as questões ligadas à mulher (como em Meu País Inventado), à memória (A Casa dos Espíritos), ao imaginário latino-americano (A Cidade dos Deuses Selvagens) e à própria biografia da autora (Paula).
Gabriela Mistral
A poeta Gabriela Mistral foi a primeira escritora latino-americana a receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1945. Sua imagem está estampada na nota de cinco mil pesos chilenos e ela tem um Centro Cultural que leva seu nome em Lastarría, no coração de Santiago.
Mas é possível conhecer a fundo a história dessa grande mulher visitando o Museu Gabriela Mistral, em Vicuña, cidadezinha localizada no Vale do Elqui.
A região foi escolhida pela Lonely Plant como destino imperdível do Chile em 2019. O museu tem entrada grátis e reúne grande parte da obra poética de Gabriela, além de fotografias, cartas e objetos pessoais.
Gabriela Mistral teve episódios muito marcantes em sua vida pessoal e um deles foi justamente durante uma temporada no Brasil, em 1942, quando morou em Petrópolis no Rio de Janeiro. Foi ela quem encontrou o corpo do amigo e escritor austríaco Stefan Zweig horas após o suicídio dele e da esposa. Confira a íntegra da carta com o relato deste episódio aquí.
A escritora chilena faleceu em 1957 devido a um câncer de pâncreas e morreu nos Estados Unidos, onde morava.
Violeta Parra
Violeta Parra foi uma artista completa: compositora, cantora, artista plástica, poeta, artesã, etc. Seu trabalho ficou marcado pela incansável luta para resgatar e preservar o folclore chileno.
Nascida numa família de artistas, a trajetória de Violeta foi marcada por sua associação ao movimento da Nova Canção Chilena. Sua obra musical é formada por grandes coletâneas de canções populares chilenas.
É possível conhecer sua obra e grandiosidade no Museu Violeta Parra localizado no centro de Santiago que reúne vídeos, música, poemas e obras em artesanato produzidos por Gabriela. O Centro Cultural La Moneda também tem uma ala dedicada à artista. Outra maneira de mergulhar no universo de Violeta Parra é assistir ao filme biográfico Violeta se fue a los cielos, do diretor Andrés Wood que narra a vida desta chilena tão especial. Violeta Parra foi vítima de uma grande depressão e suicidou-se em 1967.
Carolina Bazán
Esta jovem chef de apenas 36 anos é dona de um dos restaurantes incluídos na lista dos 50 Melhores Restaurantes da América Latina. Carolina Bazán abriu o Restaurante Ambrosia em 2003, no Centro de Santiago. Ali, ousou ao experimentar diferentes ingredientes e sabores que provou em suas viagens por Peru, Brasil, Itália e Tailândia.
Em 2011, retomou os estudos em Paris, onde trabalhou com o chef Gregory Marchand. Na volta ao Chile, em 2013, reabriu o Ambrosia em outro endereço e com um novo conceito.
O Bistrô Ambrosia fica no coração do bairro Providencia, em Santiago. O local é perfeito para quem quer experimentar suas ousadas criações preparadas com produtos frescos e ingredientes da estação.
Histórias que inspiram
As mulheres do Chile estão sempre inovando, ousando, rompendo barreiras e, principalmente, alimentando os sonhos das novas gerações com histórias que parecem ficção. Por essa razão, selecionamos essas 11 chilenas inspiradoras, pois queremos valorizar e mostrar a força delas para que ninguém jamais duvide do que elas são capazes.